O que as cidades devem fazer para evitar a escassez da água. Esta foi a principal discussão do evento “Água Limpa por um mundo sustentável”, realizado nesta segunda-feira (22) – Dia Mundial da Água, no Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec). O evento é promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), Fundação Roberto Marinho e Agência Nacional de Águas (ANA) e Governo do Paraná, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e suas autarquias: Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Instituto de Águas do Paraná (Ipáguas) e Sanepar.
Durante o evento a Agência Nacional de Águas apresentou um Atlas do Abastecimento de Água nas Regiões Metropolitanas do país. Entre as principais informações estão as projeções demográficas e estudos de demanda de água nas principais capitais e RMC do país, com diagnóstico sobre os mananciais de abastecimento, planejamento de oferta de água e situação das redes de saneamento. Ao todo foram avaliados 771 mananciais de abastecimento urbano, sendo que 67% estão localizados dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco. O relatório afirma que os maiores aglomerados urbanos dependem da regularização das vazões dos mananciais superficiais para garantir o suprimento hídrico.
O diretor da Agencia Nacional de Águas, Paulo Varela, reforçou a necessidade dos estados aprovarem seus Planos de Recursos Hídricos.
“A água traz em seu DNA o trajeto que fez na bacia hidrográfica, atuando como uma integradora geográfica. A Lei de recursos hídricos traz avanços para enfrentarmos a demanda e a oferta pela água no país, mas é preciso que os estados a coloquem em prática”, destacou Varela.
Entre as medidas necessárias para melhoria da qualidade da água dos rios e nascentes foram mencionados maiores investimentos em saneamento, fiscalização e monitoramento, treinamento e capacitação de técnicos municipais e estaduais.
PARANÁ – No Paraná o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, destacou importância da aprovação do Plano Estadual de Recursos Hídricos e também falou sobre a necessidade de conscientização das populações que vivem nos centros urbanos para garantir a melhoria da qualidade da água.
“O IAP realiza um monitoramento da qualidade da água dos rios desde 1985 e neste último relatório os índices na bacia do Alto Iguaçu pioraram. São 39 trechos avaliados com 72 estações de monitoramento. As cidades ainda não estão conscientes de que a mata ciliar é necessária para proteger nossos rios da poluição. Diferentemente do homem do campo. Apenas na região Oeste do Paraná foram recuperadas 4,5 mil nascentes de água, aumentando 23 vezes a vazão dos rios”, mencionou o secretário. Ele ressaltou ainda a importância do Programa Mata Ciliar que já plantou 110 milhões de árvores às margens dos principais rios do Estado.
Segundo Rasca, existe a necessidade da implementação de políticas mais eficazes, envolvendo a sociedade civil organizada e grandes usuários de água. “O Governo tem buscado este envolvimento e um exemplo disso é a criação dos planos municipais de recursos hídricos. Ao todo, 150 municípios já apresentaram seus planos e 101 estão em execução”, mencionou Rasca. Para ele, uma das soluções está na ligação correta das redes de esgoto – que trouxe efeito positivo na Bacia Litorânea com o Programa Se Ligue na rede da Sanepar.
No evento foram apresentadas ações para diminuir a escassez da água no planeta. Segundo a Organização, se as atuais tendências forem mantidas em menos de 40 anos mais de 45% da população do Planeta Terra não terá acesso ao mínimo indispensável de água para seu consumo diário.
O Brasil, país detentor de aproximadamente 12% da água doce do mundo, ainda enfrenta problemas que atingem diretamente sua população com relação principalmente à distribuição de água, sendo que menos de 60% das moradias contam com serviço de coleta de esgoto.
“Neste Dia Mundial da Água não queremos comemorar e, sim, cobrar dos poderes públicos medidas eficazes de proteção do patrimônio hídrico. Por isso, resolvemos promover uma discussão técnica, em busca da limpeza e conservação dos usos da água”, declarou o consultor do Programa da Organização das Nações Unidas (FAO) para Agricultura e Meio Ambiente, José Roberto Borguetti.
A diretora da Fundação Roberto Marinho, Márcia Pinto, afirmou que a Fundação estará lançando no Paraná o Programa “Caminho das Águas”. O Programa, já desenvolvido em cinco Estados brasileiros, é levado a 400 mil crianças das escolas publicas municipais e estaduais. “Nos sentimos comprometidos com o Paraná e as suas 16 bacias hidrográficas. O Programa Caminhos das Águas também será levado às crianças paranaenses para que elas criem consciência sobre a importância da preservação dos rios e nascentes para o futuro”, anunciou.
Evolução do Saneamento no Paraná - Durante o evento a diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Maria Arlete Rosa, falou sobre os esforços da Companhia de Saneamento do Paraná para reduzir a poluição dos rios e mananciais que abastecem a população.
“Estamos investindo R$ 292 milhões só em redes de esgoto. A cidade de Curitiba terá em 2010 93% da população beneficiada pelo tratamento de esgoto, ou seja, demos um salto brutal em busca da água limpa”, lembrou Maria Arlete. A diretora citou ainda o trabalho de educação ambiental que a Sanepar vem realizando para proteção de mananciais e também ao orientar as ligações de esgoto a rede.
Para o diretor-superintendente do Lac Tec, Luiz Malucelli, o desenvolvimento de políticas públicas em parceria com órgãos internacionais e também com a iniciativa privada é de extrema importância, tendo em vista que a proteção dos recursos hídricos tem sido uma das prioridades do Governo do Paraná.
“Daqui a 40 anos a população não terá água suficiente para consumo diário e precisamos reverter este quadro. Para que se tenha uma idéia, aqui em Curitiba são sete rios que formam a bacia e todos estão praticamente mortos. Ou seja, precisamos do apoio da sociedade e de tecnologias eficientes e Lactec tem atuado neste sentido”, finalizou.
BOX – Governo cria grupo técnico para conservação das áreas de afloramento do Aquífero Guarani
Paralelamente ao evento “Água Limpa Mundo Saudável”, o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, assinou resolução criando um Grupo Técnico que irá promover estudos - a serem apresentados dentro de 120 dias – contendo medidas de proteção para as regiões de recarga do Aqüífero Guarani no Paraná.
O diretor de recursos hídricos da SEMA, José Luis Scrocaro, lembrou que a gestão sustentável do aqüífero Guarani depende da identificação e controle das fontes de poluição em toda sua extensão, não só nas áreas confinadas, mas também e, principalmente, nas áreas de recarga.
Aqüífero Guarani é a denominação dada à reserva de água existente em parte do subsolo da região do Mercosul. A reserva é imensa, com uma área total de 1.194.800 km2. Além do Paraná, ele atravessa outros sete Estados brasileiros (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina). Também passa pela Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil, a área do Aqüífero Guarani é de 840.000 km2, e no Estado do Paraná, de 131.300 km2.
De acordo como presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, Everton de Souza, o uso inadequado das terras localizadas nessas áreas pode comprometer a qualidade da água do aquífero. “O Paraná irá estudar tecnicamente e propor medidas para garantir a proteção destas áreas, em especial, quanto à disposição de produtos tóxicos, lixo urbano, rejeitos industriais e aplicação de agrotóxicos no solo”, ressaltou.
Durante o evento a Agência Nacional de Águas apresentou um Atlas do Abastecimento de Água nas Regiões Metropolitanas do país. Entre as principais informações estão as projeções demográficas e estudos de demanda de água nas principais capitais e RMC do país, com diagnóstico sobre os mananciais de abastecimento, planejamento de oferta de água e situação das redes de saneamento. Ao todo foram avaliados 771 mananciais de abastecimento urbano, sendo que 67% estão localizados dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Pernambuco. O relatório afirma que os maiores aglomerados urbanos dependem da regularização das vazões dos mananciais superficiais para garantir o suprimento hídrico.
O diretor da Agencia Nacional de Águas, Paulo Varela, reforçou a necessidade dos estados aprovarem seus Planos de Recursos Hídricos.
“A água traz em seu DNA o trajeto que fez na bacia hidrográfica, atuando como uma integradora geográfica. A Lei de recursos hídricos traz avanços para enfrentarmos a demanda e a oferta pela água no país, mas é preciso que os estados a coloquem em prática”, destacou Varela.
Entre as medidas necessárias para melhoria da qualidade da água dos rios e nascentes foram mencionados maiores investimentos em saneamento, fiscalização e monitoramento, treinamento e capacitação de técnicos municipais e estaduais.
PARANÁ – No Paraná o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, destacou importância da aprovação do Plano Estadual de Recursos Hídricos e também falou sobre a necessidade de conscientização das populações que vivem nos centros urbanos para garantir a melhoria da qualidade da água.
“O IAP realiza um monitoramento da qualidade da água dos rios desde 1985 e neste último relatório os índices na bacia do Alto Iguaçu pioraram. São 39 trechos avaliados com 72 estações de monitoramento. As cidades ainda não estão conscientes de que a mata ciliar é necessária para proteger nossos rios da poluição. Diferentemente do homem do campo. Apenas na região Oeste do Paraná foram recuperadas 4,5 mil nascentes de água, aumentando 23 vezes a vazão dos rios”, mencionou o secretário. Ele ressaltou ainda a importância do Programa Mata Ciliar que já plantou 110 milhões de árvores às margens dos principais rios do Estado.
Segundo Rasca, existe a necessidade da implementação de políticas mais eficazes, envolvendo a sociedade civil organizada e grandes usuários de água. “O Governo tem buscado este envolvimento e um exemplo disso é a criação dos planos municipais de recursos hídricos. Ao todo, 150 municípios já apresentaram seus planos e 101 estão em execução”, mencionou Rasca. Para ele, uma das soluções está na ligação correta das redes de esgoto – que trouxe efeito positivo na Bacia Litorânea com o Programa Se Ligue na rede da Sanepar.
No evento foram apresentadas ações para diminuir a escassez da água no planeta. Segundo a Organização, se as atuais tendências forem mantidas em menos de 40 anos mais de 45% da população do Planeta Terra não terá acesso ao mínimo indispensável de água para seu consumo diário.
O Brasil, país detentor de aproximadamente 12% da água doce do mundo, ainda enfrenta problemas que atingem diretamente sua população com relação principalmente à distribuição de água, sendo que menos de 60% das moradias contam com serviço de coleta de esgoto.
“Neste Dia Mundial da Água não queremos comemorar e, sim, cobrar dos poderes públicos medidas eficazes de proteção do patrimônio hídrico. Por isso, resolvemos promover uma discussão técnica, em busca da limpeza e conservação dos usos da água”, declarou o consultor do Programa da Organização das Nações Unidas (FAO) para Agricultura e Meio Ambiente, José Roberto Borguetti.
A diretora da Fundação Roberto Marinho, Márcia Pinto, afirmou que a Fundação estará lançando no Paraná o Programa “Caminho das Águas”. O Programa, já desenvolvido em cinco Estados brasileiros, é levado a 400 mil crianças das escolas publicas municipais e estaduais. “Nos sentimos comprometidos com o Paraná e as suas 16 bacias hidrográficas. O Programa Caminhos das Águas também será levado às crianças paranaenses para que elas criem consciência sobre a importância da preservação dos rios e nascentes para o futuro”, anunciou.
Evolução do Saneamento no Paraná - Durante o evento a diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Maria Arlete Rosa, falou sobre os esforços da Companhia de Saneamento do Paraná para reduzir a poluição dos rios e mananciais que abastecem a população.
“Estamos investindo R$ 292 milhões só em redes de esgoto. A cidade de Curitiba terá em 2010 93% da população beneficiada pelo tratamento de esgoto, ou seja, demos um salto brutal em busca da água limpa”, lembrou Maria Arlete. A diretora citou ainda o trabalho de educação ambiental que a Sanepar vem realizando para proteção de mananciais e também ao orientar as ligações de esgoto a rede.
Para o diretor-superintendente do Lac Tec, Luiz Malucelli, o desenvolvimento de políticas públicas em parceria com órgãos internacionais e também com a iniciativa privada é de extrema importância, tendo em vista que a proteção dos recursos hídricos tem sido uma das prioridades do Governo do Paraná.
“Daqui a 40 anos a população não terá água suficiente para consumo diário e precisamos reverter este quadro. Para que se tenha uma idéia, aqui em Curitiba são sete rios que formam a bacia e todos estão praticamente mortos. Ou seja, precisamos do apoio da sociedade e de tecnologias eficientes e Lactec tem atuado neste sentido”, finalizou.
BOX – Governo cria grupo técnico para conservação das áreas de afloramento do Aquífero Guarani
Paralelamente ao evento “Água Limpa Mundo Saudável”, o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, assinou resolução criando um Grupo Técnico que irá promover estudos - a serem apresentados dentro de 120 dias – contendo medidas de proteção para as regiões de recarga do Aqüífero Guarani no Paraná.
O diretor de recursos hídricos da SEMA, José Luis Scrocaro, lembrou que a gestão sustentável do aqüífero Guarani depende da identificação e controle das fontes de poluição em toda sua extensão, não só nas áreas confinadas, mas também e, principalmente, nas áreas de recarga.
Aqüífero Guarani é a denominação dada à reserva de água existente em parte do subsolo da região do Mercosul. A reserva é imensa, com uma área total de 1.194.800 km2. Além do Paraná, ele atravessa outros sete Estados brasileiros (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina). Também passa pela Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil, a área do Aqüífero Guarani é de 840.000 km2, e no Estado do Paraná, de 131.300 km2.
De acordo como presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, Everton de Souza, o uso inadequado das terras localizadas nessas áreas pode comprometer a qualidade da água do aquífero. “O Paraná irá estudar tecnicamente e propor medidas para garantir a proteção destas áreas, em especial, quanto à disposição de produtos tóxicos, lixo urbano, rejeitos industriais e aplicação de agrotóxicos no solo”, ressaltou.