Conferência busca mais cooperação para saneamento na América Latina

Presidente da Sanepar abriu domingo (14) solenidade que reuniu representantes de 17 países em Foz
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15/03/2010 - 14:30
Editoria
A 2a. Conferência Latinoamericana de Saneamento (Latinosan 2010) foi aberta na noite de domingo (14), em Foz do Iguaçu. Cerca de 1.200 técnicos de instituições de fomento, entidades de classe e representantes governamentais de 71 países discutem até a próxima quinta-feira (18) os novos desafios na área de saneamento para dar prioridade ao setor nas políticas nacionais de desenvolvimento, fortalecer a cooperação intergovernamental na América Latina e avaliar medidas que viabilizem o cumprimento das Metas do Milênio, que prevêem a redução em 50% do déficit dos serviços de água e esgoto para a população mundial.
Na solenidade de abertura, o presidente da Sanepar, Stênio Jacob, representando o governador Roberto Requião, recepcionou os enviados oficiais dos Ministérios das Cidades, Meio Ambiente e Saúde, Agência Nacional de Águas (ANA), Itaipu Binacional, Funasa e os dirigentes e técnicos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal, Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (Aesbe), Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (Abes) e Prefeitura de Foz do Iguaçu.
Jacob lembrou que o setor de saneamento básico no Brasil e em grande parte da América Latina voltou a figurar como item de primeira ordem na agenda política de vários governos e que o momento é propício para que a meta da universalização dos serviços seja alcançada. “Nesse sentido, a troca de experiências entre técnicos governamentais e especialistas durante a Latinosan é um esforço que o setor de saneamento faz para ocupar espaço visando a melhoria da qualidade de vida de milhões de pessoas em diferentes países”, ressaltou.
Para o chefe do Setor de Água e Esgoto do BID, Federico Basanes, desde a primeira conferência de 2007, realizada em Cali, na Colômbia, o banco vem acompanhando de perto os empreendimentos de saneamento no continente, já que para muitos foi o principal repassador de recursos financeiros, e a avaliação é otimista em relação aos avanços observados em países como Brasil, Nicarágua, Chile, Uruguai, entre outros.
“No intervalo das duas conferências, vimos que o saneamento voltou a ser um dos eixos eleitos por vários governos como base do desenvolvimento nacional. E isso é promissor para alcançar as Metas do Milênio”, avaliou. Ele lembrou, porém, que o progresso ainda não é uniforme e que, muitas vezes, se concentra recursos em determinadas regiões de um mesmo país em detrimento de outras ou se privilegia mais as áreas urbanas do que as rurais. Nos últimos dois anos, o BID investiu US$ 2 bilhões em projetos de água e esgoto de 100 cidades e outras 1.000 comunidades rurais em toda a América Latina.
A vice-presidente do Banco Mundial, Pamela Cox, também avalia que o continente vive um momento especial para dar um impulso ao setor de saneamento e, assim, alcançar ou ficar bem próximo das Metas do Milênio. Ela lembrou que atualmente 100 mil crianças morrem todos os anos por doenças de veiculação hídrica e que 120 milhões de pessoas ainda estão alijadas dos serviços de água e esgoto, o que vai exigir uma atenção dos governos com as populações mais pobres e vulneráveis na hora de elaborar suas prioridades de investimentos.
“Mesmo assim, a visão do Banco Mundial é de que é possível buscar a universalização dos serviços, pois hoje as instituições de fomento acreditam no setor como eixo de desenvolvimento social. Assim, vamos nos comprometer com as diretrizes que saírem na Declaração Final de Foz, como fizemos em Cali”, informou Cox.
Já a presidente da Abes, Cassilda Cristina Carvalho, acredita que a histórica falta de recursos foi superada, mas que agora o principal desafio é realizar projetos de qualidade, que realmente consigam atender às parcelas da população mais carentes. Assim, destacou que dois gargalos de gestão precisarão ser enfrentados imediatamente: deixar de contratar obras sem incorporar novas tecnologias, com objetivo de melhorar a eficiência dos sistemas de água e esgoto, e investir na formação educacional de técnicos a fim de que haja pessoas capacitadas a fazer a participação e controle social dos investimentos realizados pelos governos.
“Se caminharmos nesse sentido, falar em Metas do Milênio para os países latinos será anacrônico em 2015. Mas precisamos focar os problemas e aproveitar a união das nações para atacá-los”, destacou representante da Abes.

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