Cirurgia rara remove parasito do ventre de uma serpente no Paraná

Descoberto através de um exame de fezes, parasito foi removido do ventre de uma serpente numa cirurgia
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01/04/2010 - 15:30
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Uma parceria entre pesquisadores da Secretaria da Saúde do Paraná e professores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR) possibilitou, na quarta-feira (30), um procedimento raro no Paraná. A intervenção cirúrgica para tratamento de uma jararaca Bothropoides jararaca do serpentário do Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiologia (CPPI) que teve um parasito intracelomático (localizado no ventre da serpente), o Porocephaus crotali, removido.
Descoberto por um exame coproparasitológico (exame de fezes onde são pesquisados possíveis parasitas), o parasito só pôde ser retirado mediante cirurgia. “Aplicamos anestesia e, por meio do ecodopler, acompanhamos os batimentos cardíacos do animal. Pelo seu tamanho é possível acreditar que ele estava na serpente há meses”, afirma Valter da Silva Queiroz, médico veterinário do Serpentário do CPPI.
“Esses parasitos se alimentam dos tecidos das serpentes e fazem com que elas enfraqueçam, fiquem sem apetite e, por consequuência, acabem debilitadas”, acrescenta. De acordo com Queiroz, a recuperação do réptil é lenta. “Estamos dando antibióticos e remédios quimioterápicos. A reabilitação total do animal pode durar até um mês”, explica.
A intervenção constou de ultrassonografia para localizar o parasito, realizada pelo professor Ubirajara Tasqueti Isobe, endoscopia realizada pelo professor Pedro Michelotto Junior e pelo residente Luciano Isaka e cirurgia realizada pela professora Valéria Natascha Teixeira.
Todo o procedimento foi acompanhado por residentes do curso de Medicina Veterinária da PUC/PR e pelo pessoal do serpentário do CPPI. A medicação para o pós-operatório foi prescrita pela Dra. Maíra Cristina Nogueira do Hospital Veterinário Vida Livre. O levantamento parasitológico da serpentes do CPPI faz parte de um projeto de Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica (PIBIC) do acadêmico de medicina veterinária da PUC Marcos Makoto Ono.
Hoje, o serpentário do CPPI conta com 120 serpentes que são utilizadas para a produção de Soro Antibotrópico que ajuda a salvar muitas vidas humanas. “São serpentes utilizadas também para dar treinamento para a Força Verde e Exército para que tenham consciência de como lidar com uma serpente dessas sem precisar matá-la ou correr o risco de ser picado”, explica João Carlos Minozzo, chefe da Divisão de Pesquisas CPPI/Sesa. Minozzo diz que, além disso, são utilizadas também na educação ambiental nas escolas mostrando a função e importância do animal em nosso ecossistema.

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