A mostra “Antigas Origens – 600 a 1600 dC” traz peças raras dos “pueblos” americanos

O Museu Oscar Niemeyer abre neste sábado (13), às 11h, a exposição Antigas Origens – 600 a 1600 dC. As obras pertencem à coleção particular do casal Robert e Chitranee Drapkin
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10/12/2008 - 18:27
Editoria
O Museu Oscar Niemeyer abre neste sábado (13), às 11h, para jornalistas, convidados e público em geral, a exposição Antigas Origens – 600 a 1600 dC, composta por 85 peças de cerâmica, raras e valiosas, dos diversos padrões de desenhos realizados por sete “pueblos” indígenas do Sudoeste norte-americano. Durante o evento, o Museu permanecerá com a bilheteria franqueada entre 10h e 12h. A exposição permanecerá até 12 de março. As obras pertencem à coleção particular do casal Robert e Chitranee Drapkin, de Clearwater, apontados entre os 100 maiores colecionadores dos Estados Unidos pela revista “Art & Antiques”. Os trabalhos em exposição foram apresentados, no início deste ano, no Museum of Fine Arts, de Boston, (MFA), responsáveis pela organização desta mostra em Curitiba, possibilitada pelo patrocínio da Sanepar e o apoio do Ministério da Cultura, Governo do Paraná e Caixa. História e Arte - A criação da cerâmica no Sudoeste americano começou por volta dos anos 100 dC. Os objetos na coleção Drapkin iniciam em 600 dC e acabam pouco depois de 1540, quando os exploradores espanhóis começaram a escrever a história do Sudoeste. Pesquisadores e acadêmicos ainda estão tentando entender o povo que produziu as inspiradas cerâmicas. Eles contam com a ajuda de escavações arqueológicas e descobertas, tanto de objetos como de ruínas. Até mesmo o Dr. J.J. Brody, um dos principais especialistas em cerâmica antiga do Sudoeste, escreve na introdução do catálogo desta exposição que “ o passado antigo, na melhor das hipóteses, é um território incerto, há limites para o que se pode conhecer. Por exemplo, jamais saberemos quais, se alguma, das primeiras tradições da cerâmica representam um grupo auto-consciente ou “cultura”, nem o modo como qualquer um desses grupos de ceramistas se chamava, nem a língua que qualquer um deles falava.” Mas nós sabemos algumas coisas. O povo, cujo trabalho está exposto, viveu no que hoje nós conhecemos como um imenso pedaço do Sudoeste norte-americano e partes do norte do México- Arizona, quase todo o Novo México, o sul de Utah, o sul do Colorado, o norte de Sonora e Chihuahua no México. Esse povo era, em sua maioria, formado por fazendeiros e essas peças foram criadas pelas mulheres. Como os fazendeiros atuais, o povo antigo do sudoeste era fortemente ligado à natureza e os seus ciclos. Muitos desses objetos apresentam imagens de animais, peixes e pássaros. A mostra apresenta uma ampla visão do trabalho feito pelos grupos, hoje chamados pelos estudiosos, de Hohokam, Mogollon e Pueblo pré-histórico. Eles estavam ativos na região sudoeste há 1500 anos antes da chegada dos espanhóis. Outros dois vieram mais tarde, no século 13: Salado e Casas Grandes. O Dr. Brody, no entanto, escreveu que “Eu não estou sozinho (não sou o único) acreditando que o design da cerâmica da tradição Salado muito provavelmente não expresse uma ‘cultura’, mas sim um ponto de vista religioso-filosófico, inter-cultural pan-sudamericano. Este não é um “fato”, mas uma hipótese a ser testada. Suspeito também que a tradição Casas Grandes seja igual.” Ele propõe que esses objetos, apesar de funcionais, freqüentemente tinham implicações espirituais e representam uma “visão de mundo” que unia o sagrado ao leigo (mundano, secular). Também parece haver certa similaridade em algumas imagens e temas (motivos) representados pelas culturas nativas do sudoeste e aqueles dos Maias e Aztecas, na América Central. Viagens e compartilhamento de objetos e têxteis provavelmente transmitiram uma troca cultural Fusão cultural - Para unir as pistas da cerâmica antiga, os acadêmicos continuam a buscar as tradições dos descendentes contemporâneos dos povos nativos. Barbara L. Moulard, outra importante estudiosa, escreve em seu ensaio para o catálogo que “pássaros voando, imagens que dominam as pinturas figurativas Hohokam e Mimbres, podem estar relacionados aos mitos contemporâneos de Pueblo e O’Odaham, onde pássaros levam os míticos ancestrais do Mundo Inferior, encontrando um buraco na cúpula do céu que leva ao Mundo Superior”. A beleza desses objetos pode ser admirada em seus próprios termos, independente de seus significados culturais. A complexidade dos designs abstratos em alguns desses objetos é “assustadora e revela culturas que obviamente valorizavam a habilidade e a criação artística”. Muitas dessas peças de cerâmica transmitem um senso de harmonia e ordem, onde as formas da cerâmica em si “são impressionantes e algumas em forma de pássaros, como uma tigela de papagaio de duas cabeças, são ricamente imaginativas”. Serviço: Antigas Origens – 600 a 1600 dC Visitação: de 13 de dezembro a 12 de março Patrocínio: Sanepar Apoios: Ministério da Cultura, Governo do Paraná e Caixa Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999 Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h R$ 4,00 inteira e R$ 2,00 estudantes Gratuito para grupos agendados da rede pública, do ensino médio e fundamental, para estudantes até 12 anos, maiores de 60 anos e no primeiro domingo de cada mês.