Vandalismo em redes da Copel deixa 85 mil no escuro em Curitiba

Empresa suspende negociações com grevistas e exige o final do movimento
Publicação
25/07/2007 - 18:00
Editoria
A operação suspeita de manobras em chaves da rede elétrica de distribuição na cidade de Curitiba durante a noite de terça (24) e madrugada de quarta-feira (25) interrompeu o serviço de cerca de 85 mil unidades consumidoras. Os atos, tidos pela Copel como “criminosos e de vandalismo”, foram praticados em 37 chaves instaladas em diferentes pontos da Capital. Além de privar de eletricidade aqueles consumidores, expuseram a graves riscos de acidentes todos os eletricistas da Copel que permanecem trabalhando, já que a configuração do funcionamento do sistema elétrico foi modificado. Essas ações começaram por volta das 18h30 e se repetiram por diferentes locais de Curitiba até as 2h. A Copel constatou que equipamentos da rede elétrica, protegidos e de difícil manipulação, foram operados de forma criminosa por pessoas com muito conhecimento sobre a operação do sistema, desligando consumidores de propósito e alterando a configuração habitual dos fluxos de energia. Essas manobras colocaram em risco os eletricistas destacados para os reparos, que poderiam ter sofrido acidentes graves. Uma linha que, dentro da configuração normal, deveria estar desligada numa situação de contingência, na verdade podia estar conduzindo eletricidade, conectada indevidamente a algum outro circuito. A Copel providenciou o registro das ocorrências perante as autoridades policiais e espera a identificação dos autores para que sejam responsabilizados. Sem negociação – Como existe um movimento grevista que desmobilizou parte dos eletricistas em algumas regiões do Estado, provocando sobrecarga de tarefas aos profissionais que não aderiram ao protesto, a Copel suspendeu as negociações que vinha mantendo com os sindicatos que os representam. Esses profissionais iniciaram recentemente um movimento grevista para protestar contra a adoção pela Copel de dispositivo eletrônico instalado nos veículos da sua frota. Segundo os sindicatos, tal equipamento provocou redução nos valores pagos aos eletricistas que, por força da atividade, também dirigem os carros da companhia. A Copel contesta afirmando que o equipamento, destinado a melhorar os controles sobre o desempenho da frota e a permitir otimização de custos, só faz o que os próprios profissionais faziam - ou deveriam fazer - no tempo em que os próprios eletricistas lançavam os dados num formulário: registrar com fidelidade e correção o número de horas em que faziam também as vezes de motorista. “Nunca nos negamos ao diálogo e sempre respeitamos os nossos empregados”, afirmou o presidente da Copel, Rubens Ghilardi. “Mas os atos criminosos praticados ultrapassam os limites do bom senso e nos impõem exigir da categoria, como condição essencial para retomar qualquer negociação, a imediata suspensão da greve como precaução para evitar transtornos aos consumidores”. Ghilardi também enalteceu a dedicação e o senso de responsabilidade dos eletricistas que continuam nos seus postos, trabalhando normalmente e garantindo o bom atendimento à população. “Apesar de sobrecarregada em razão da paralisação de alguns colegas, a maioria dos eletricistas está mostrando à população a verdadeira face da Copel e demonstrando que são profissionais dignos de todo o respeito, consideração e admiração”. Na tarde de terça-feira, representantes da Copel e do conjunto de sindicatos se reuniram e começavam a encaminhar entendimentos que poderiam, inclusive, resultar na suspensão temporária do movimento, até que uma comissão bilateral estudasse e propusesse alternativas para os critérios de apuração do tempo ao volante para cálculo do adicional de dupla função. “No entanto, para nossa surpresa, ao mesmo tempo em que os sindicatos sugeriam essa trégua, havia pessoas agindo contra os interesses da população e colocando vidas em risco, desligando circuitos e mudando a configuração dos fluxos de energia na rede elétrica”, lamentou o presidente Ghilardi. “Com tal atitude, cuja responsabilidade já está sendo investigada, o movimento dos eletricistas deixa de ter caráter de reivindicação ou de protesto para se transformar num caso de segurança pública”.