Com o início da colheita de cana, as áreas de segurança, qualidade e atendimento a grandes clientes da Copel estão intensificando seu trabalho na orientação dos trabalhadores nas usinas de produção de álcool e açúcar. O principal objetivo é prevenir acidentes com energia elétrica e queimadas nas proximidades das linhas, atividade que pode danificar as redes e provocar desligamentos.
O recado é dado diretamente aos responsáveis pela administração e aos supervisores de equipes, em reuniões sugeridas pela Copel. Mas já houve casos em que os próprios dirigentes das usinas convidaram as equipes de técnicos da concessionária a levar a mensagem a outras unidades da indústria, ou a estender as palestras a mais empregados.
Para o agente comercial Paulo Franco, da agência da Copel em Umuarama, região que concentra grande número de instalações sucro-alcooleiras, este é um complemento do trabalho desenvolvido com o pessoal da linha de frente das usinas em outros eventos. “Nós já participamos das semanas internas de prevenção de acidentes de diversas empresas, conversando com os cortadores de cana, e agora estamos tendo uma receptividade muito boa por parte das diretorias”, diz.
PREVENÇÃO - Segundo dados da Alcopar – Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná, das 30 usinas produtoras de álcool e açúcar instaladas no Estado, 25 estão localizadas na região Noroeste. Habitualmente, a Copel promove ações de prevenção de acidentes em todas elas, realizando reuniões e palestras e distribuindo material de informação e orientação.
A atenção da Copel com as atividades do setor canavieiro cresce na medida em que o cultivo da cana-de-açúcar ganha espaço no Paraná. Só no último ano, a área plantada no Estado cresceu cerca de 7%, segundo uma pesquisa realizada pela Conab – Companhia Nacional de Abastecimento. A produção paranaense de cana deve chegar perto das 53 mil toneladas nesta safra, das quais 45 mil sairão das indústrias sucroalcooleiras.
IONIZAÇÃO - As queimadas nas lavouras de cana são bastante comuns como atividade que precede a colheita, sendo um recurso utilizado também em outros setores para renovação de pastagens ou limpeza do solo, como preparação para o próximo plantio. Mas elas podem representar um grande perigo para os serviços de energia elétrica, pois uma queimada realizada sem o controle necessário ou em local não apropriado pode provocar o desligamento de cidades inteiras.
O problema das queimadas nas proximidades de linhas de transmissão e redes de distribuição é que o fogo provoca um fenômeno físico chamado “ionização do ar”. Em condições normais, o ar é um isolante – ou seja, um mau condutor de energia elétrica – mas suas propriedades dielétricas vão se reduzindo conforme aumenta a temperatura. Dessa forma, a alteração das características isolantes do ar causada pelo calor excessivo favorece a ocorrência de descargas elétricas entre os condutores, os “arcos elétricos”, provocando curtos-circuitos que desligam a linha. Esse risco é ainda maior em culturas que atingem uma grande altura – como a cana-de-açúcar, o que justifica a mobilização da Copel em intensificar o trabalho de orientação e prevenção.
Segundo dados registrados pela Copel, apenas nas imediações dos municípios de Cianorte, Cidade Gaúcha, Iporã, Loanda, Paranavaí e Umuarama – todos no Noroeste do Paraná – perto de 90 mil consumidores tiveram problemas no fornecimento de energia ao longo do ano de 2007 em razão de queimadas nas proximidades das redes elétricas: foram 265 ocorrências, com desligamentos de uma hora de duração, em média. Até o final da primeira quinzena de maio deste ano, as queimadas já haviam provocado 48 desligamentos na região, prejudicando o fornecimento de energia a mais de 6 mil consumidores.