Inaugurada pelo governo passado em setembro de 2001, a Usina Termelétrica de Araucária – UEG Araucária – nunca funcionou devido a falhas técnicas em sua concepção. Logo que assumiu, o governador Roberto Requião denunciou o problema e determinou que a Copel suspendesse o pagamento mensal de R$ 25 milhões que eram feitos à Usina pela energia supostamente gerada e pediu que a Justiça examinasse os termos do contrato entre a Copel e a El Paso.
Em maio de 2005, um laudo pericial da Justiça comprovou a denúncia do Governo do Paraná que os equipamentos colocados pela empresa norte-americana El Paso na Usina não eram compatíveis com o sistema de produção de energia adotado no Brasil e ofereciam riscos.
O laudo pericial foi assinado pela engenheira química Marlene Aparecida Minikowski, pelo engenheiro eletricista José Fernando Mangili Júnior, pelo engenheiro mecânico José Eduardo de Paula e pelo engenheiro civil Cássio Roberto Pereira Modotte. Segundo a conclusão dos engenheiros “a Usina Termelétrica de Araucária – UEGA – não está apta a operar em modo automático, seguro e contínuo”.
De acordo com o documento, as especificações do fabricante de turbinas, quanto ao combustível a ser utilizado, impunham inicialmente o uso de gás natural com teor de propano de 1,5% em volume, para dar garantia de seus equipamentos. Essa imposição levou à construção da unidade de processamento. Porém, em outubro de 2002, devido à flexibilização das especificações do fabricante quanto ao teor de propano no combustível (passou a permitir 2,5% em volume), o que tornou dispensável a unidade de processamento.
“Houve uma inversão das práticas de engenharia. O procedimento técnico correto e usual é especificar o equipamento em função do combustível disponível, de composição química conhecida, e não adequar o combustível ao equipamento como foi feito na UEGA”, dizia o laudo.
Testes – Os engenheiros também constataram erros de projeto e construção nas unidades de geração de energia, de processamento de gás natural e na integração das plantas, que ainda precisam ser resolvidas. Essas irregularidades foram descritas como correção de projetos, substituição de peças, equipamentos e dispositivos e produção de ajustes.
Segundo o laudo, “a usina teve os resultados de seus testes de aceitação considerados satisfatórios, especialmente no que tange aos testes de desempenho, porém não possuía condições de ser dada como ‘apta a operar comercialmente’ uma vez que durante tais testes, a operação, além de ocorrer de forma manual na grande maioria de seus processos, ofereceu risco a seus operadores. Pode-se, portanto, afirmar que não operou sob condições normais”. A usina ainda possui as faixas de ajuste de seus relés de subfreqüência em desacordo com os Requisitos Técnicos para Conexão à Rede Básica, impostos pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico Brasileiro Integrado)”.
Usina foi inaugurada mesmo sem condições de operar
Laudo pericial da Justiça comprovou a denúncia do Governo do Paraná que os equipamentos instalados na Usina não eram compatíveis com o sistema de produção de energia adotado no Brasil
Publicação
06/03/2006 - 19:00
06/03/2006 - 19:00
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