Usina de chaminé vai parar por 9 meses para obras de modernização

Inaugurada em 1931, hidrelétrica vai ser automatizada e operada à distância
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24/12/2004 - 00:00
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A Copel vai paralisar por nove meses as atividades da septuagenária Usina Hidrelétrica de Chaminé, localizada nos arredores de Curitiba, para realizar um completo trabalho de revitalização, modernização e manutenção de máquinas, equipamentos e estruturas. Com investimentos da ordem de R$ 10 milhões, a concessionária vai automatizar a Usina com tecnologia própria: a partir de setembro, ela passa a ser comandada pelo Centro de Operação da Geração da Copel localizado em Curitiba, de onde já são supervisionadas e controladas as maiores unidades produtoras do seu sistema elétrico. O programa de revitalização da Usina de Chaminé exigirá sua desativação a partir de 17 de janeiro. A parada da central, que tem 18 megawatts de potência instalada, não deverá interferir nas condições normais de operação do sistema elétrico estadual. Além da digitalização de todos os mecanismos de operação e controle da usina e da sua subestação elevadora, os trabalhos da Copel incluem o esvaziamento do lago de Salto do Meio – o reservatório original de Chaminé que a partir da década de 50, em conseqüência da instalação de dois novos grupos geradores na casa de força, ganhou o reforço de uma represa auxiliar, a do Voçoroca. É que a capacidade de armazenamento de Salto do Meio (330 mil m3) tornou-se insuficiente para alimentar as turbinas de Chaminé e responder à demanda dos curitibanos por energia. Assim, no mesmo rio São João onde está Salto do Meio, foi formado o lago de Voçoroca, com capacidade para 38 milhões de m3 de água. O esgotamento do lago de Salto do Meio não causará danos ou impactos ao ecossistema da região, já tendo sido autorizado pelas autoridades ambientais. Com o esvaziamento, a Copel irá inspecionar o interior dos condutos forçados que levam água da barragem até a casa de força, vencendo um desnível de 300 metros. Nesse trabalho, serão substituídos ou reparados os trechos onde o material apresente sinal de desgaste. Aproveitando a oportunidade, a Copel pretende instalar na barragem de Salto do Meio um sistema automático para a autolimpeza das grades que protegem a entrada dos condutos forçados: as grades evitam que a vazão a ser engolida pelas turbinas traga junto algum material estranho como galhos de árvores, por exemplo. O desassoreamento e a limpeza da área do reservatório também estão na programação da concessionária. Bondinho - A Usina Hidrelétrica de Chaminé foi construída pela Companhia Força e Luz do Paraná, antiga concessionária de energia para Curitiba e região que foi absorvida pela Copel em 1973. Localiza-se no município de São José dos Pinhais, a cerca de 80 km de Curitiba, e é conhecida pelo seu trólei, um bondinho sobre trilhos tracionado por cabos de aço que liga a vila residencial à casa de força: no trecho final do percurso de pouco mais de 600 metros, o veículo vence um paredão de rocha em plano praticamente vertical. Hoje um detalhe exótico e peculiar da hidrelétrica, o trólei foi na verdade uma ferramenta essencial durante a sua construção, iniciada em 1928, fazendo o transporte de pessoal, máquinas e peças. O comando e a supervisão da obra ficaram a cargo do engenheiro norte-americano Howell Lewis Fry, cujos apontamentos registraram a passagem, ao todo, de 8.500 trabalhadores pelo canteiro de obras. No auge do empreendimento, 1.600 pessoas lá trabalharam simultaneamente. Encravada na vertente oriental da Serra do Mar, no interior de uma exuberante e intocada reserva de mata atlântica, a Usina de Chaminé foi inaugurada em 15 de março de 1931 com 8 megawatts de potência instalada, ampliada em 1946 para 12 megawatts e para os 18 megawatts atuais em 1950. Sua participação no processo de crescimento da Capital e regiões próximas foi essencial: quando Chaminé começou a operar, Curitiba tinha cerca de 80 mil habitantes e apenas 2,9 megawatts de potência de geração disponível, instalados em centrais a vapor que usava a lenha como combustível. Ou seja, sozinha, a nova hidrelétrica significava mais de duas vezes toda a potência até então disponível para utilização na Capital.