Urbanização de favelas é determinante para melhorar a segurança da população

Os projetos de intervenção do Governo do Paraná em ocupações irregulares, estão contribuindo para reduzir os índices de homicídios
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31/07/2008 - 16:00
Editoria
O major Marco Antônio Wosny Borba, da Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico, da Secretaria da Segurança Pública, afirmou durante o Seminário Internacional sobre Gestão Urbana, que a intervenção do Estado nas regiões com ocupações irregulares e favelas reduz a criminalidade. “Quando há educação, abertura de vias bem definidas, habitação e saneamento, a qualidade de vida e a esperança das pessoas são restabelecidas nessas comunidades. O resultado direto é a redução do número de ocorrências policiais”, afirma o major. Segundo o oficial, os conflitos do dia a dia são reduzidos de acordo com o ambiente. “Considero brilhante o trabalho que a Cohapar tem desenvolvido, exatamente com o objetivo do restabelecimento da dignidade das pessoas”. O Seminário Internacional sobre Gestão Metropolitana reuniu especialistas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIB), como Eduardo Rojas, representantes de sete países, a diretora do Ministério das Cidades, Junia Santa Rosa, entre 80 participantes. CRIMES – Os projetos de intervenção do Governo do Paraná em bolsões metropolitanos, locais onde há ocupações irregulares, estão contribuindo para reduzir os índices de homicídios. O trabalho de salvação de mananciais de água e de recuperação urbana que teve início na Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo, também está sendo feito nos municípios de Piraquara e Campo Magro, todos na Região Metropolitana de Curitiba. A Vila Zumbi dos Palmares, uma antiga invasão localizada a 18 quilômetros da capital, era uma das regiões mais perigosas do Estado, em que o número de crimes e mortes era elevado. Hoje, é considerada exemplo de urbanização contra o crime. Em vez de remover as famílias – uma antiga visão dos governos anteriores – o governo Requião decidiu urbanizar a área com a ação de mais de 10 Secretarias do Estado, com o apoio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal. O Governo construiu, na antiga favela, 289 sobrados, executou obras de saneamento, com água tratada e esgoto, para 2.078 famílias e abriu e pavimentou ruas, além de obras de micro e macro drenagem para prevenção de enchentes. Além da criminalidade reduzida, as obras evitaram o lançamento de esgoto no Rio Palmital, que faz parte do manancial do Rio Iguaçu, que abastece 70% dos moradores da Grande Curitiba. A política pública desenvolvida pelo governador Roberto Requião soma intervenções de cunho social, ambiental e econômico, em um trabalho conjunto de órgãos da administração estatal, municípios, governo Federal, além de representantes do Terceiro Setor. As ações do Estado, além de acompanhar a diretriz determinante de atendimento prioritário às populações mais carentes, em municípios de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), traduz a mudança de comportamento do Governo nas regiões faveladas. TRANSFORMAÇÃO – Para a auxiliar de serviços gerais, Raquel Lima Fraga dos Santos, que mudou de Maringá para Curitiba em busca de tratamento para o filho, a intervenção do Estado por meio da Cohapar não poderia ter chegado em melhor hora. “Vim desempregada para fazer o tratamento da paralisia do meu filho e fui morar em um barraco de uma única peça. Não tínhamos luz e pegávamos água de poço”, contou. “A minha vida começou a mudar quando chegou a rede de esgoto e a de iluminação. Hoje temos água encanada, qualidade de vida. A vida que eu tinha melhorou 100%”, comemorou. “Só posso agradecer, porque a transformação na minha vida foi muito grande. Quando eu ia trabalhar, saía de casa com uma sacola plástica nos pés até a BR-116. Chegando lá tinha que jogar fora as sacolas, de tanto barro que tinha. Não tínhamos rua, as lojas de materiais de construção faziam entrega só até uma parte da rua e à noite, a gente carregava o material de carriola por distâncias longas. Nem carro entrava aqui”, lembrou. Raquel Lima também falou do preconceito sofrido por ser moradora da Vila Zumbi, antes das intervenções no local. “Quando pegávamos ônibus, falavam que éramos o pessoal que morava no brejo, na lama. Eu tinha vergonha. Quantas vezes puxei a campanhia no ponto da frente para não mostrar que eu morava aqui. Hoje não, eu desço aqui com todo o prazer”, afirmou. Para o aposentado José Ribas, uma das mudanças mais significativas foi a da segurança do local, que antes era praticamente inexistente. “Aconteceu uma metamorfose rápida. Se antes morávamos em um tapete de lama, hoje nós estamos em um bairro se aproximando de um primeiro mundo”, analisou. “Temos uma segurança excelente, a gente liga para o projeto Povo (Policiamento Ostensivo Volante da PM) e, em três minutos, estão lá atendendo. Antes eles não apareciam porque não tinha como. A vila não tinha travessias, era valeta aberta. Não tinha como a segurança, a autoridade, a polícia nos auxiliar. Agora como nós temos uma ‘Vilazinha’ de primeiro mundo, está excepcional”, enfatizou.

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