Urbanização da Vila Zumbi tem investimentos de R$ 21 milhões

O presidente da Cohapar, Luiz Cláudio Romanelli, diz que a intervenção do poder público no Zumbi dos Palmares vai propiciar uma condição de vida mais digna com objetivo de dar autonomia social para a população, que participa de todas as etapas do projeto
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18/12/2005 - 06:00
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Uma estrutura completa de obras vai mudando o panorama desolador da Vila Zumbi dos Palmares. A Companhia de Habitação do Paraná está construindo 167 sobrados – no total serão 281 – na primeira fase da implantação do programa Direito de Morar na localidade. A intervenção tem investimento de R$ 21 milhões, autorizado em julho pelo governador Roberto Requião, e beneficia 1.797 famílias. A implantação do Direito de Morar na Vila Zumbi inclui urbanização e recuperação ambiental (investimento de R$ 9,6 milhões), sistema de drenagem de águas pluviais (R$ 4,6 milhões), pavimentação e paisagismo das ruas (R$ 3,4 milhões), instalação de rede de esgoto (R$ 1,2 milhão), recuperação ambiental (R$ 283 mil), construção de 281 sobrados (R$ 3,7 milhões), melhoria nas instalações de 400 moradias (R$ 2,6 milhões). Além disso, serão construídas duas creches para 400 crianças, um centro comunitário e uma central de carrinheiros com barracão para reciclagem de lixo, que somam investimentos de mais de R$ 1 milhão. Um barracão de 400 metros quadrados serve como ponto de apoio para o canteiro de obras. Nele, são guardados os materiais utilizados pelos trabalhadores autônomos para erguer as moradias. No barracão, fica o escritório avançado da Cohapar, com áreas específicas para os engenheiros, assistentes sociais e pessoal de outros órgãos governamentais que também participam do projeto, como Sanepar, Copel e Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa). “A intervenção do poder público no Zumbi dos Palmares vai propiciar uma condição de vida mais digna com objetivo de dar autonomia social para a população, que participa de todas as etapas do projeto”, afirma Romanelli. Ele apresentou em dezembro aos moradores da ocupação o projeto de regularização fundiária e urbanização da Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba. Segundo Romanelli, a relocação de algumas famílias será necessária para que se possa construir um dique de contenção para evitar as enchentes que são comuns no local. “A Vila Zumbi é maior que 138 municípios do Paraná. Começamos o programa por ela, pois sabemos que é onde estão os maiores desafios”, diz Romanelli. Ele explicou aos moradores que dois terços da área de ocupação já estão escriturados em nome da Cohapar. “Com as obras, os imóveis daqui serão valorizados e vocês não devem vender. A casa é um bem para a vida toda”. A intervenção tem recursos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano/Paraná Cidade/SEDU/BID, Fundo de Desenvolvimento Urbano (FDU), Sanepar, Prefeitura de Colombo e Cohapar. O Direito de Morar foi implantado pela Cohapar em 2003 para enfrentar o problema das ocupações irregulares — só na Região Metropolitana de Curitiba, 136 mil famílias vivem em favelas. Além da Vila Zumbi, o Direito de Morar está em andamento em ocupações em Curitiba, Pinhais, Londrina, Paranaguá, Matinhos e Pitanga, beneficiando mais de 6.800 famílias, em parceria com prefeituras e iniciativa privada. Otimismo - O vigia do canteiro de obras Urlei Pereira Marques, 37 anos, acumula a função com a vice-presidência da Associação dos Moradores da Vila Zumbi dos Palmares. Morador da região há nove anos, Urlei recrutou boa parte dos autônomos que atuam nas obras da Cohapar. “As pessoas não acreditavam muito no sucesso do empreendimento, pois muitos faziam promessas e nada acontecia, mas agora a maioria está muito otimista”, diz o vigia. De acordo com Urlei, o fato de haver trabalhadores selecionados na própria região faz com que os moradores acreditem nos benefícios que estão por vir. A área será regularizada e moradores que vivem em locais de risco ambiental serão relocados para os sobrados que a Cohapar está construindo. As moradias são de alvenaria, terão 40 metros quadrados, dois quartos, sala e cozinha conjugados e banheiro. Haverá escada com corrimão e área de serviço externa. Tudo isso para garantir uma vida mais digna e com mais conforto. (BOX) Parceria público-privada dá prêmio internacional ao programa A parceria entre a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) e a Terra Nova Regularizações Fundiárias no programa Direito de Morar ganhou o René Frank Habitat Award, concedido pela Federação Internacional das Profissões Imobiliárias, FIABCI, entidade presente em 48 países. O prêmio foi entregue em março deste ano em Cannes, França, durante a na Exposição Internacional do Mercado Imobiliário (MIPIM 2005), maior feira do setor do mundo. O René Frank Habitat Award foi criado em 2003 pela FIABCI para recompensar os esforços de organizações públicas e privadas para melhorar as condições de vida de pessoas que vivem em favelas. A parceria entre Cohapar e Terra Nova concorreu com iniciativas semelhantes de todo o mundo, e foi considerada a mais bem sucedida. O programa Direito de Morar foi implementado pela Cohapar em 2003, como parte da nova política habitacional definida pelo governador Roberto Requião. O objetivo é enfrentar o problema das 179 mil famílias que vivem em favelas no Paraná. Em parceria com a Terra Nova, a Cohapar atua desde o início de 2004 em 12 ocupações irregulares em Curitiba, Pinhais, Paranaguá e Matinhos, onde vivem cerca de 6,8 mil pessoas. Graças à parceria, o governo do Paraná está economizando R$ 30 milhões na regularização fundiária dessas áreas. A Terra Nova, primeira empresa do gênero no País, é responsável pela negociação direta e amigável entre as famílias que vivem nas ocupações e os proprietários das áreas. Dessa forma, não é preciso que o Estado faça a desapropriação, comprando a terra e depois financiando-a aos moradores. “A desapropriação é a fase mais cara de um projeto de regularização fundiária. Graças à parceria com a Terra Nova podemos concentrar nossos recursos, que são escassos, na urbanização, relocação e implantação de infra-estrutura nas favelas”, explica o presidente da Cohapar, Luiz Claudio Romanelli.

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