Universidade sem Fronteiras é o maior programa de extensão universitária do país

São 3,6 mil bolsistas que trabalham em 431 projetos desenvolvidos em sete áreas
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30/07/2010 - 12:00
Em todo o Brasil não existe programa de extensão universitária similar ao Universidade sem Fronteira. São 3,6 mil bolsistas que trabalham em 431 projetos desenvolvidos em sete áreas que passam pela saúde, inovação tecnológica, direitos sociais e agricultura. Até novembro deste ano, serão investidos no programa R$ 45 milhões do Fundo Paraná. “A finalidade é trazer para as diversas comunidades possibilidades de desenvolvimento através de conhecimento, tecnologia e direitos sociais”, afirma o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Nildo Lübke.
O objetivo é implementar o que é estudado dentro das universidades públicas do estado nos municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), indicador composto pela renda, nível de escolaridade e pela expectativa de vida da população, e nos bolsões de pobreza das grandes cidades.
Segundo secretário, onde o programa é executado percebe-se que a comunidade se qualifica, o que resulta em benefícios como produtividade, mais renda e “o mais importante: evolução democrática e implementação de justiça social”, afirma. Atualmente 280 municípios do Paraná são beneficiados com as ações do USF.
O projeto “Desenvolvimento da vinicultura e da fruticultura orgânica em sistema cooperativo da região de Guarapuava”, por exemplo, oferece opção de renda para os produtores rurais daquela região. De acordo com o coordenador do projeto, Renato Vasconcelos Botelho, anteriormente, muitos produtores trabalhavam com a produção de milho e grãos, porém o retorno financeiro desse tipo de produção na pequena propriedade é muito baixo. Com base nisso, a melhor opção encontrada foi a implantação da fruticultura, na linha de produção orgânica; analisando a sustentabilidade, segurança e retorno financeiro para o produtor.

“Nós começamos o projeto em 2007, inicialmente com 12 produtores. Hoje atendemos 66 produtores, distribuídos nos municípios de Guarapuava, Pinhão e Turvo. Para esse ano, a previsão é de que esse número aumente para 76 produtores atendidos. Somente no ano passado plantamos 18 mil mudas”, afirma o coordenador.
Foram estabelecidas parcerias com as prefeituras dos municípios atendidos, que fazem a doação e a distribuição das mudas aos agricultores e geralmente recolhem na forma de alimento para a merenda escolar. O cultivo em sua fase inicial é feito no viveiro da Unicentro.O produto final é comercializado in natura e também são produzidos doces e geléias, vendidos na Feira Agroecológica da universidade. O retorno financeiro é investido no pomar do projeto.
A bolsista recém-formada em Agronomia, Andrícia Verlindo, afirma ter descoberto na fruticultura uma possibilidade de crescimento profissional. “Durante a faculdade a área de fruticultura não era a minha preferência, então entrei no projeto, comecei a trabalhar no pomar e me identifiquei muito. Nós somos responsáveis por cuidar do pomar experimental da faculdade, pela poda, colheita, processamento das frutas e comercialização”, afirma.
O secretário complementa dizendo que o USF viabiliza um primeiro contato do ex-estudante com o mundo de trabalho. E o resultado “é uma extensa relação em rede que promove uma nova cultura de geração de emprego e renda”.
O projeto também oferece treinamento aos agricultores uma vez por mês. Nesta reunião são sanadas dúvidas e é explicado o processo do cultivo da uva, manejo do solo, condução dessa planta e cuidados com a planta quando já está formada. Outro bolsista do projeto, Rafael Piva, relata que as reuniões com os agricultores têm sido importante para a produção agrícola deles. “Trazemos o produtor até a universidade para que ele conheça melhor o assunto e não fique perdido. Oferecemos assistência e vamos até a propriedade verificar como está o andamento da produção”, afirma.
A agricultora Renate Langue, ressalta que a orientação recebida pelos bolsistas é muito importante “nós moramos na propriedade há 49 anos, cultivamos uva para produzir vinho. Na primeira produção nós já colhemos, mas ocorreu uma praga que matou parte das árvores. Então fomos auxiliados pela equipe a combatê-la”, disse.