Os conhecimentos obtidos pelos indígenas do Paraná que estão cursando uma das seis universidades estaduais e recebendo formação para repassar às comunidades como forma de promoção social já estão dando alguns resultados, segundo lideranças que estiveram na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI).
Na reserva de Nova Laranjeiras, município de Guarapuava, por exemplo, os indígenas estão aprendendo como guardar alimentos para enfrentar os meses de inverno. Nesse caso, o conhecimento é repassado por estudantes do curso de Administração de Empresas – noções de “gestão da produção”, basicamente.
Segundo o presidente da Associação dos Estudantes Universitários Indígenas do Paraná (Iupe), Alvacir Ribeiro, que frequënta o curso na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), em Guarapuava, a transmissão do conhecimento obtido nas universidades “é importante para tirar o indígena do isolamento em que vive”. “Mas na sala de aula o estudante branco também aprende com o colega indígena”, contrapõe.
“Uma novidade” - O Vestibular dos Povos Indígenas nas universidades estaduais foi instituído em 2002, com abertura de 15 vagas. Em 2003, ano em que o Governo do Estado criou uma bolsa-auxílio no valor de R$ 250,00, foram 18 vagas, sendo três por instituição de ensino, número que se manteve em 2004. Já o valor da bolsa-auxílio para esse ano subiu para R$ 270,00. No último vestibular, realizado no início de fevereiro de 2004 na Universidade do Oeste (UNIOESTE), candidataram-se 66 indígenas. 55 compareceram.
Na opinião do representante da Funai, Edívio Batistelli, o número de candidatos, em 2005, deverá crescer bastante. “É possível que chegue a 150, com uma média de 10 candidatos por vaga”, estima. “A presença indígena na universidade paranaenses ainda é uma novidade”, completa o assessor.
Conforme ainda a IUPE, entre os cursos mais procurados pelos indígenas paranaenses estão os de Pedagogia, Administração de Empresas, Medicina, Enfermagem e Educação Física. A razão da grande procura pelo primeiro – Pedagogia – está na própria cultura indígena, diz ainda o assessor Batistelli. “O primeiro passo para a sobrevivência da língua indígena foi dado com os cursos bilíngues nas escolas do Paraná”, observa.
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SETI RECEBE
LIDERANÇAS INDÍGENAS
Durante encontro com as lideranças indígenas, na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), na última terça-feira, 10, o diretor-geral Artur Bertol informou que o órgão vai estudar com atenção a proposta de criação de uma comissão permanente para realizar avaliações do desempenho do estudante indígena universitário. O objetivo é manter o aluno até o final do curso e também dar suporte em casos de possíveis dificuldades de integração no meio acadêmico. O assunto, conforme ainda a SETI, será tratado no dia 16 de março, às 14 horas, durante reunião já agendada com membros da comissão do vestibular e lideranças indígenas. A proposta foi apresentada pelas lideranças indígenas de Mangueirinha (João Carlos Mader), de Faxinal (Pedro Lucas), de Rio das Cobras (Neoly Olibio) e de Nova Laranjeiras (Alvacir Ribeiro). Também participou o assessor Edívio Batistelli.
Universidade chega aos índios do Paraná
Em 2005, número de candidatos deve aumentar
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11/02/2004 - 00:00
11/02/2004 - 00:00
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