Este sábado terá duas meias-noites e 25 horas de duração para quem mora nos estados das regiões Sul e Sudeste, no Distrito Federal, em Goiás e no Mato Grosso do Sul. No Paraná, a medida provocou, segundo estimativa, uma redução em 6% na carga em horário de pico.
A hora adicional vai repor aquela que foi suprimida no dia 19 de outubro passado, quando começou a trigésima edição do horário de verão brasileiro.O procedimento é simples: à meia-noite de sábado, os relógios deverão ser atrasados 60 minutos, voltando a marcar 23 horas.
A adoção do horário de verão tem como lógica aproveitar de forma mais eficiente a época do ano em que os dias são mais longos do que as noites. Segundo relatos históricos, foi esse o fato que inspirou o cientista e pesquisador norte-americano Benjamin Franklin a sugerir, em 1784, que os relógios fossem sazonalmente alterados com o objetivo de economizar velas.
O mesmo princípio vale para o funcionamento do sistema elétrico atual, cujas instalações operam com maior folga no período crítico do dia (entre 18 e 21 horas) em decorrência do horário de verão. A alteração promove um espaçamento entre as demandas máximas dos diferentes tipos de consumidores e evita a coincidência dos picos. Por exemplo, na classe residencial a demanda máxima passa a acontecer com o dia ainda claro, sem coincidir com o acionamento dos sistemas de iluminação pública, cujas lâmpadas se acendem automaticamente pela ação de relês sensíveis à luminosidade ambiente.
Dessa maneira, há um alívio na solicitação das grandes instalações do sistema elétrico (usinas geradoras, linhas e subestações) durante o horário de ponta e que se traduz em maior segurança operacional.
Uma Londrina – Essa folga, conforme apontam levantamentos preliminares, é estimada em algo como 5% da potência que normalmente transita pelo setor elétrico interligado no horário de ponta. Isso equivale a retirar do sistema uma carga de 2.230 megawatts durante toda a duração do horário de verão e é o mesmo que suprimir a demanda do estado de Santa Catarina no período crítico do dia.
“No Paraná, a estimativa da Copel é de que a redução de carga na ponta tenha se situado em torno de 6% ou 200 megawatts, potência equivalente à demanda máxima de Londrina – segundo maior centro urbano do Estado, adianta a engenheira Christina” Courtouke, da coordenação do Centro de Operação do Sistema Elétrico da empresa.
Muita gente pensa que o objetivo do horário de verão é provocar redução no consumo de energia, mas nesse campo os efeitos práticos da medida são insignificantes: o impacto não deve ultrapassar a 0,5% de economia – decorrência unicamente do menor tempo de uso da iluminação artificial.
Histórico – Desde 1985 o horário de verão tem sido adotado com regularidade no país, recebendo a aprovação e simpatia da maior parte da população pela possibilidade de dispor de uma hora a mais de claridade no final do dia para fins de lazer. Outro fator que contribui para a boa aceitação da medida é a sensação de maior segurança no retorno ao lar depois do trabalho ainda com o dia claro.
A história do horário de verão no Brasil começou na década de 30, pelas mãos do então presidente Getúlio Vargas. Sua versão de estréia durou quase meio ano, vigorando de 3 de outubro de 1931 até 31 de março de 1932. Nos 35 anos seguintes, o horário especial só foi adotado por nove vezes: em 1932, de 1949 a 1952, em 1963 e de 1965 a 1967.
Depois de muito tempo esquecido, o horário de verão ressurgiu em 1985 por decreto do presidente José Sarney. A partir daquele ano, sua adoção tem sido regular e sistemática com variações apenas no tempo de duração e região abrangida.