Transportadores reclamam da ganância das concessionárias

O novo aumento das tarifas do pedágio é considerado injustificável e abusivo pelos representantes de entidades ligadas ao setor de transportes
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02/12/2008 - 11:50
Editoria
O novo aumento das tarifas do pedágio é considerado injustificável e abusivo pelos representantes de entidades ligadas ao setor de transportes. À revelia do Governo do Paraná, as seis concessionárias aumentaram os preços cobrados em 9,74 % e, em alguns casos, o aumento foi superior a 18 %. “O país já passa por uma crise mundial e um aumento que afeta ainda mais a economia não é aceitável. Foi a gota d’água para o setor”, diz o diretor-presidente do Sindicato das Cooperativas de Transportes do Paraná (Sincoopar), Nelson Canan. “O custo recai diretamente sobre os motoristas e as transportadoras. Para o profissional autônomo diminui ainda mais a oferta de frete e fica impossível absorver o aumento.” Canan calcula que o custo do pedágio é responsável por até 50% do custo da viagem – e sai direto do bolso do caminheiro autônomo. “Muitos caminhoneiros deixam de investir nos seus veículos por conta das tarifas de pedágio. Eles são obrigados a se privar até de ter mais segurança. Daqui a pouco não conseguiremos trabalhar nessas condições.” Para ele, as empresas poderiam baixar os valores em 61% tranqüilamente, sem nenhum prejuízo, e continuariam mantendo as rodovias da mesma forma. REPASSE – O diretor-presidente da Cooperativa de Transportes Rodoviários e Serviços de Cafelândia (Coopercaf) e representante dos caminhoneiros autônomos da região, Dorival Bartzike, explica que os novos aumentos atingem toda a cadeia produtiva do Estado, chegando até o consumidor final. “É um absurdo. Não digo só para os caminhoneiros, mas para o produtor e para o consumidor. São os que sentem mais no bolso.” Bartzike enfatiza que o preço atual já é alto e subir mais é inaceitável. “Pagamos muitas taxas, incluindo impostos altos, que já justificam que esses valores de pedágio são desnecessários. Esse aumento, nesta época do ano, é para desestruturar ainda mais a economia do produtor e do consumidor”. O transportador conta que muitos caminhoneiros estão deixando de realizar viagens que passam em rodovias pedagiadas. “Hoje, mal conseguimos viajar. Gasta-se mais com pedágio que com combustível. Por exemplo, um autônomo não pega mais serviço que tenha que ir pela BR-277 (rodovia que liga a região Oeste ao Porto de Paranaguá), pois o pedágio consome tudo e ele sai sem nada”, desabafa. “CRIME” – O diretor-conselheiro da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), Walmor Weiss, declara que “essas tarifas de pedágio são um crime com o Paraná”. Ele lembra que as empresas aumentarem as tarifas, mesmo com a negativa do Governo do Estado, “faz parecer que nem vivemos num país democrático. Esse novo aumento afeta a produção, as exportações que ficam mais difíceis. Toda a economia sente os reflexos da alta das tarifas.” “No caso do transportador tudo o que ele paga acaba sendo repassado para a carga e atinge, por conseqüência, o consumidor final”. Para Weiss, a Justiça não defende o interesse maior da população e fecha os olhos para a realidade.

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