“Trabalho iniciado por Zilda não vai parar”, afirma o filho dela

Nelson Arns, coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança, diz que ação voluntária continua
Publicação
13/01/2010 - 18:56
Editoria
O filho de Zilda Arns e coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança, Nelson Arns, ressaltou nesta quarta-feira (13), durante entrevista coletiva em Curitiba, que o trabalho iniciado por Zilda não vai parar. “A Pastoral vai continuar unida com a missão de levar vida em abundância a todas as crianças que necessitam. Sabemos que Zilda não pretendia parar seu trabalho agora. Ela ainda tinha muitos planos, muitos sonhos”, afirmou. “Se fôssemos definir Zilda Arns com uma palavra seria persistência. Quando minha mãe estabelecia uma meta ela ia até o fim. Nada a abalava ou a impedia de concretizar um projeto. Apoiada no conhecimento técnico, científico e na causa, Zilda atingiu de maneira excepcional seus objetivos. A verdadeira homenagem que podemos prestar a ela é garantir a vida às nossas crianças”, disse Arns. Nelson Arns explicou que no momento do terremoto de terça-feira (12) no Haiti, Zilda proferia uma palestra para 150 pessoas em uma igreja de Porto Príncipe. “Os escombros caíram sobre ela. Segundo as pessoas que estavam no local, ela faleceu na hora. De acordo com as últimas notícias que recebemos, o corpo já está com o Exército brasileiro. O Ministério das Relações Exteriores cedeu um avião para trazer o corpo ao Brasil e a previsão é que chegue nas próximas 24 horas”, disse. Segundo Arns, o velório será realizado na Pastoral da Criança em Curitiba e o enterro será no cemitério Água Verde. “Ela organizou a estrutura da Pastoral de maneira que quando ela não estivesse mais presente o trabalho continuasse. Zilda cumpriu sua missão até o final. Ela jamais construiria algo que não tivesse bases sólidas para continuar”, explicou. A Pastoral da Criança está presente em 4 mil municípios do Brasil e acompanha 1,7 milhão de crianças e gestantes. Em todo o mundo são mais de 300 mil voluntários. O trabalho da instituição é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde. “Cada voluntário atende em média 15 crianças. Dessa forma todos são beneficiados”, disse. A Pastoral foi criada por Zilda Arns em 1983 em Florestópolis, cidade próxima a Londrina. “Zilda já esteve no Haiti em 2001 e retornou recentemente para mais uma missão em prol das crianças. Quanto mais pobre um país, mais Zilda investia, mais se dedicava. Seu retorno ao Brasil estava previsto para o dia 16 de janeiro. No final do discurso que Zilda iria proferir no congresso de que estava participando no Haiti, ela dizia que as crianças são um bem sagrado e que é nosso dever protegê-las e promover uma vida digna a cada uma delas. É dessa forma que vamos continuar seu trabalho”, destacou. Em 2004 Zilda Arns criou a Pastoral do Idoso. “O amor de Zilda não se restringia apenas às crianças. Hoje acompanhamos mais de 150 mil idosos em todo o País. Eles merecem uma vida mais plena. Graças à iniciativa dela, milhares de idosos recebem visitas monitoradas, participam de programas de prevenção”, afirmou Nelson Arns. O trabalho de Zilda inspirou milhares de voluntários. Tereza Kaiser Batista trabalha na Pastoral da Criança há 17 anos. Para ela a vida e o trabalho de Zilda Arns são exemplos a seguir. “Zilda era uma pessoa incrível, sempre presente, alegre, sorridente. Ela sempre nos trazia palavras de conforto e alegria. Ela é para todos nós um exemplo de perseverança”, afirmou. Maria de Conceição Hamester trabalhou ao lado de Zilda durante 22 anos. “É uma perda irreparável. Nosso conforto é que seu legado vai permanecer durante muito tempo. A vontade de Zilda era imensa. Ela era um exemplo de persistência, de determinação. Quando penso nela sinto esperança, fé. Suas lições continuarão aqui conosco, tenho certeza que onde quer que ela esteja está olhando por nós”, destacou. “Com a iniciativa de Zilda milhares de crianças e idosos foram beneficiados. O Paraná é o Estado com o maior número de idosos assistidos. A perda é inconsolável. Ela nos deixou mensagens belíssimas de incentivo. Era uma mãe. Vamos trabalhar para que sua mensagem continue sendo transmitida”, disse a coordenadora da Pastoral do Idoso, Dulce Binder.