Trabalhadores Portuários moram nos bairros mais atingidos de Itajaí

“Aqui em casa a água chegou a quase dois metros. Não sobrou nada, só uma geladeira e uma cama”, disse o estivador Sandro Roberto da Silva
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15/12/2008 - 10:39
Os bairros mais atingidos pelas chuvas em Itajaí foram o Promorá, Cordeiros, Murta e Dom Bosco, os bairros onde mora a maior parte dos Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs). Percorrer as ruas destes lugares choca qualquer um. Uma após outra, as casas estão com a mobília e pertences pessoais amontoados do lado de fora, imprestáveis. Quem não está lavando ou limpando o que sobrou, tenta organizar o interior das residências. A dona-de-casa Sulami da Silva mora no Promorá. O marido e o genro são estivadores. A família perdeu tudo com a chuva. “A água passou de um metro e meio e não sobrou nada. Quando saí daqui, a água já estava no joelho”, lembrou. Os cinco dias que a água inundou a casa foram suficientes para acabar com o pouco que poderia ser salvo. Até a louça do banheiro foi perdida. “Improvisei uma pia aqui na janela da sala e nós dormimos todos juntos, neste colchão, no chão”, contou. Passado pouco tempo depois da tragédia, a família tenta limpar a casa e organizar o pouco que restou. “Perdemos até as lembranças. Não sobrou uma foto da família. E os nossos dois cachorros morreram afogados”, disse Sulami. No mesmo bairro, outro estivador também olhava chocado o saldo da enchente. Sandro Roberto da Silva já estava debilitado por conta de um acidente no interior do navio. A chuva do fim de novembro veio piorar as coisas. “Aqui em casa a água chegou a quase dois metros. Não sobrou nada, só uma geladeira e uma cama”, contabilizou. A cama ficou para que as filhas, uma de dois anos e outra de 10 anos, durmam. A esposa de Sandro, Fabiana Neves, conta que a família foi obrigada a fazer dívida e comprar mais um colchão. “Ele machucado e se recuperando das lesões não podia ficar dormindo no chão”, justificou. O chão da cozinha cedeu, a sala ficou completamente submersa e todos os eletrodomésticos estragaram. “Estou perdido, não sei o que fazer”, desabafou Sandro.