Um forte vendaval desligou na noite de terça-feira (04) as três linhas que compõem o sistema de transmissão em corrente alternada de 750 mil volts que transporta parte da energia produzida na usina de Itaipu. Segundo informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, o vento derrubou cinco torres de sustentação situadas nos municípios de Corbélia e Medianeira, no Oeste do Paraná, interrompendo o fluxo de 4.800 megawatts de potência no sistema elétrico.
O incidente aconteceu às 20h40 e provocou perturbações em todo o sistema interligado nacional. Em muitos estados – o Paraná entre eles – ocorreram desligamentos parciais para aliviar a súbita perda de potência: os desligamentos são automáticos e fazem parte de um mecanismo que protege o sistema elétrico contra blecautes, mantendo eventuais panes sob controle e evitando que se propague no chamado “efeito dominó”.
No momento em que as linhas desligaram, o sistema elétrico paranaense apresentava demanda de 3.270 megawatts. Esse desequilíbrio entre a carga demandada e a potência gerada nas usinas reduziu os níveis de freqüência do sistema – que normalmente é de 60 hertz – para 58,33 hertz, acionando o primeiro dos cinco estágios do mecanismo de proteção. O desligamento motivado pela perda instantânea de 300 megawatts alcançou de forma parcial e pulverizada todas as regiões do Estado, neutralizando quase 10% da carga demandada durante intervalos que duraram entre 10 e 20 minutos.
Ainda não há previsão de reativação das linhas avariadas, que são operadas por Furnas. Entretanto, uma avaliação preliminar do ONS descarta a necessidade de serem impostas restrições ao consumo de energia elétrica até que os estragos sejam recuperados.
A linha de transmissão da Copel que liga Umuarama a Assis Chateaubriand em 138 mil volts também teve uma estrutura danificada pelo vendaval, e deve voltar a operar dentro de 5 dias.
Estado – Também em razão de temporais com ventos fortes e descargas atmosféricas na noite de terça e madrugada de quarta-feira (05), o fornecimento de energia foi interrompido em muitas cidades paranaenses. Os casos mais sérios foram verificados na região Oeste, onde os 15 mil consumidores de Enéas Marques, Missal, Santa Helena e Itaipulândia passaram muitas horas sem eletricidade por causa do vendaval, que quebrou cerca de 20 postes e desligou as linhas de suprimento. A normalização dos serviços aconteceu apenas na tarde de ontem. Em São Miguel do Iguaçu, os técnicos da Copel pretendiam recuperar até o início da noite a linha que leva energia à localidade de Vila Ipiranga, onde 30 postes quebrados precisavam ser substituídos.
Na Capital, o temporal teve início às 2 horas da manhã com muita chuva, ventos fortes e descargas atmosféricas. Trinta linhas alimentadoras que servem a 39 bairros e a cerca de 305 mil domicílios registraram desligamentos, mas ao amanhecer apenas ocorrências nas redes de baixa tensão aguardavam atendimento. O mesmo acontecia nos municípios da região metropolitana, principalmente nas áreas rurais de Araucária e São José dos Pinhais, onde as dificuldades de acesso e a distância retardaram a ação das equipes de reparo da Copel que previam normalizar os serviços até o final da tarde.
O Norte paranaense também enfrentou problemas por causa do temporal, que provocou desligamentos em 43 mil domicílios durante a noite de terça e madrugada de quarta. Os problemas foram maiores na região de Apucarana, onde quase 25 mil consumidores das cidades próximas foram afetados.
Nas regiões Central e Sul do Estado, os problemas na rede elétrica foram pequenos e os reparos necessários estavam concluídos ainda durante a madrugada. A ocorrência mais significativa foi um desligamento de 30 minutos que prejudicou 4 mil consumidores num dos bairros de Ponta Grossa.