Tecpar produzirá vacinas mais modernas e intensifica programas

Vacina anti-rábica de uso veterinário foi aprovada pelo Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária
Publicação
01/01/2009 - 10:00
Em 2008, a nova planta de produção da BHK, como é chamada a vacina anti-rábica de uso veterinário pelo método de cultivo celular, foi aprovada pelo Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária. O laboratório e a documentação para registro do produto já estão prontos. A previsão é de entregar, em 2010, 27 milhões do produto ao Ministério da Saúde. Com o domínio do cultivo celular, o instituto passa a oferecer uma vacina de padrão internacional, mais pura, e com maior capacidade de produção de anticorpos, abrindo caminho para a exportação. O novo método utilizará células provenientes BHK21, provenientes de células renais de hamsters. A seguir, um balanço das principais conquistas do instituto em 2008: Também em 2008, a unidade de produção da vacina anti-rábica de uso veterinário – um dos produtos mais antigos do Tecpar ganhou instalações mais modernas e totalmente adequadas às Boas Práticas de Fabricação (BPF), atendendo assim às exigências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, informa o diretor de produção, Renato Rau. Segundo ele, toda a produção é encaminhada ao Ministério da Saúde, que a distribui aos estados por meio do Programa Nacional de Profilaxia da Raiva. É graças a essa vacina que a raiva – doença que ataca cães, gatos, ratos e morcegos e pode contaminar o homem e levá-lo à morte – está controlada. A campanha de vacinação não é mais realizada no sul do país, somente em regiões de fronteira ou onde há focos isolados da doença. MADEIRA – Um laboratório com 350 metros quadrados, exclusivo para tratamento da madeira, foi viabilizado em 2008 com recursos estaduais e também da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Além dos ensaios físicos e químicos que o Tecpar já realiza, será possível, na nova estrutura, fazer o ensaio de determinação da emissão de formaldeído pelo método gás-análises (conforme norma EN 717-2), que permite classificar os produtos conforme as exigências do mercado europeu. Hoje, quem exporta madeira precisa fazer esse ensaio na Europa, o que dificulta o processo e a obtenção da certificação exigida para exportação. O laboratório vai atender também a demanda da indústria nacional, mas principalmente da paranaense, já que o Estado é o que abriga o maior número de empresas do setor. Outra atividade do laboratório será o ensaio de desempenho (estabilidade, resistência, durabilidade) na avaliação de conformidade de móveis de escritório e escolas. “PRUMO” – Em dois anos de atividades, o “Prumo”, projeto de unidades móveis, atendeu 97 empresas da indústria de plástico do Paraná. A iniciativa oferece o aprimoramento dos processos e a melhoria da qualidade dos produtos, com o auxílio de recursos tecnológicos para que a micro e pequena empresa possam ganhar competitividade industrial. O objetivo é conquistar, manter e atender a exigência do mercado consumidor. Lançado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o projeto conta com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do sistema Fiep/Senai e dos sindicatos ligados à indústria do plástico. O Prumo incorpora o conceito de unidades móveis, dotados de equipamentos laboratoriais, para disponibilizar tecnologia à micro e pequena empresa. Durante o atendimento é analisado o processo produtivo da empresa, tendo como orientação os resultados dos ensaios e análises efetuadas na unidade móvel. As primeiras ações estarão dirigidas às indústrias de plástico do Paraná, de Curitiba e do Interior. CERTIFICAÇÃO - O Tecpar não teve nenhuma não-conformidade e passou pela auditoria de renovação do seu Sistema de Gestão da Qualidade, que tem a validade de três anos. Os auditores elogiaram a capacitação técnica da área de prestação de serviços e também a boa evolução dos processos do instituto. LEITE – Falta pouco para os produtores de leite terem seu produto certificado: o projeto “Produção Integrada de Leite Bovino”, coordenado pelo Tecpar, contemplando todos os aspectos da produção, já está concluído. De acordo com a coordenadora do projeto, a médica veterinária Roberta M. Züge, “as normas de certificação do leite produzido no Brasil vão torná-lo competitivo e adequado às exigências do mercado internacional, permitindo, assim, exportação de produtos lácteos”. Com o projeto, a qualidade do produto será assegurada desde a propriedade rural até as gôndolas dos supermercados -- o sistema garante a proteção ao meio ambiente, a segurança ao trabalhador e o bem-estar do animal. Os requisitos da norma foram elaborados por um comitê gestor formado por representantes das instituições ligadas ao setor produtivo, que definiram as propriedades rurais que participariam do teste-piloto envolvendo todo o ciclo produtivo do gado. REDE – O Tecpar está entre as dez instituições indicadas pelos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Ciência e Tecnologia (MCT) para integrar a Rede de Laboratórios de Resíduos e Contaminantes em produtos de origem animal e vegetal, que tem como objetivos principais a segurança dos alimentos e a redução das exigências técnicas impostas por diversos países para a importação de produtos agropecuários. Segundo o gerente do projeto, Natalicio Ferreira Leite, o bom conceito dos laboratórios do Tecpar entre os ministérios, a acreditação pelo Inmetro e o credenciamento pelo Mapa, obtidos em 2007, contribuíram para a indicação. A rede integra o Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec) e possibilitará a modernização dos laboratórios envolvidos no projeto, colocando-os em conformidade com os requisitos internacionalmente aceitos. Os recursos – R$ 1,55 milhão aportado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e R$ 508 mil da contrapartida do Tecpar – estão sendo investidos na aquisição de instrumentos científicos e adequação das instalações laboratoriais. ORGÂNICOS – A Divisão de Certificação do Tecpar recebeu, no final de 2008, a acreditação para certificação de produtos orgânicos pela International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM), instituição alemã reconhecida internacionalmente e pioneira na atuação nesse setor. É a segunda acreditação internacional do instituto. A primeira acreditação foi com a norma européia GlobalGAP (IFA), que atende às boas práticas de produção agropecuária e segurança de alimentos. A certificação de orgânicos é um avanço para os produtores, pois permite o ingresso dos seus produtos nos mercados estrangeiros, cada vez mais em expansão. O certificado de conformidade mostra que o produtor não está preocupado somente com o uso de agrotóxicos, mas também com a preservação do meio ambiente e com o fornecimento de alimentos com qualidade. Acreditada para sistemas de gestão da qualidade pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) desde 1997, a unidade de certificação do instituto já emitiu mais de 2 mil certificados e tem na sua carteira de clientes hoje 337 empresas. PESQUISA – O Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), criado a partir da associação entre a Fundação Oswaldo Cruz e a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que funciona no complexo do Tecpar, abrigará um dos 101 institutos nacionais de ciência e tecnologia (INCTs), coordenados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e terá recursos do governo federal, durante um período, para desenvolver pesquisas na área de diagnóstico em saúde pública. O projeto do IBMP é de nacionalização de reagentes para o diagnóstico sangüíneo de pelo menos sete tipos de doenças, entre elas, aids, hepatite, doença de Chagas e sífilis. De acordo com o diretor do IBMP, Samuel Goldenberg, o Brasil gasta por ano cerca de R$ 260 milhões na importação desses insumos, e até o fim do ano que vem, a produção de alguns será feita por meio de parceria com o Tecpar. A previsão é de que em até três anos todos os reagentes sejam produzidos aqui. O IBMP receberá, durante o período de vigência do contrato, inicialmente de três anos, R$ 4,8 milhões para investimento em insumos, equipamentos e bolsas para pesquisadores. FIOCRUZ – O Paraná foi o Estado escolhido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para a instalação da unidade sul da instituição. A nova unidade irá trabalhar na pesquisa, desenvolvimento e produção de vacinas em conjunto com o Tecpar. De acordo com o presidente da Fundação, Paulo Buss, a parceria irá render não só produtos novos e kits para diagnósticos, mas também irá contribuir para o desenvolvimento da população”, destacou. A Fiocruz pretende iniciar outras parcerias com o governo do Paraná para a formação de mestres e doutores. Vinculada ao Ministério da Saúde, a Fiocruz tem sua base no bairro de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro. Há mais uma unidade no Rio e outras quatro em Belo Horizonte, Salvador, Recife e Manaus. EXTENSÃO – O Paraná foi contemplado com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para implantar a Rede de Extensão Tecnológica e Assistência Técnica do Estado. A coordenação será da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e a execução ficará sob a responsabilidade do Tecpar. O investimento da Finep no Paraná, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), será de R$ 2,987 milhões. Incluindo a contrapartida do Estado, a rede, que é voltada para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), receberá R$ 5,267 milhões. Também participam da iniciativa a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) e a Fundação Araucária. A rede faz parte da estrutura do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), criado pelo MCT para coordenar as atividades de ciência, tecnologia e inovação no Brasil, que inclui a extensão tecnológica. A intenção do ministério é que o Sibratec faça para o sistema industrial e empresarial o que a Embrapa fez para o agronegócio, gerando riqueza para o desenvolvimento nacional. A implantação das redes de extensão tecnológica no país está prevista no plano de ação “Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional”, período de 2007 a 2010. O Núcleo de Inovação Tecnológica do Paraná (Nitpar) e a Rede Paranaense de Gestão em Propriedade Intelectual promoveram vários eventos durante 2008 com o objetivo de capacitar gestores em propriedade intelectual, discutir os aspectos práticos e teóricos da Lei de Inovação, formar profissionais para as atividades de difusão dos sistemas de propriedade industrial e de disseminação da importância da informação tecnológica contida nos documentos de patentes. Além disso, promoveu encontros para viabilizar parcerias para a criação e o desenvolvimento de projetos entre as instituições e empresas de P&D&I e cursos de redação de patentes. CONFECÇÃO – Desenvolvido para fortalecer a competitividade do setor de confecção paranaense por meio da melhoria da qualidade, aumento da produtividade e promoção à extensão e inovação tecnológica, em pouco mais de um ano, o projeto “Oficina Volante de Inclusão Sócio-Tecnológica do Setor de Vestuário” já atendeu mais de 200 pessoas e treinou costureiras na modelagem eletrônica. O projeto é uma iniciativa da Secretaria de Estado, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) executada pelo Tecpar em parceria com o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) e conta com recursos do Fundo Paraná, e desde outubro, participa da Feira de Serviços Gratuitos promovida pelo Programa Paraná em Ação do Governo do Estado. Com atendimento itinerante, o projeto-piloto de extensão utiliza um microônibus adaptado que contém aparelhos de vídeo e TV, vídeos didáticos, máquinas de costura, mostruários, croquis, fichas de controle e outros materiais instrucionais e de apoio, que são usados para levar aos profissionais da área de confecção tecnologia de modelagem, corte e costura e acabamento, e conta com a orientação de especialistas. INPI – O Tecpar obteve em 2008 o registro do software MaqMad no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). O sistema de inteligência competitiva foi desenvolvido pelo Tecpar, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A experiência em base de dados da equipe envolvida no projeto foi utilizada para sistematizar dados para um segmento especifico. De acordo com a equipe, foi criada uma ferramenta de apoio à tomada de decisão empresarial, disponibilizando dados sobre o mercado, produtores, fornecedores e concorrentes para que os empresários, com informações relevantes, pudessem direcionar melhor seus negócios. Os empresários cadastrados no endereço http://maqmad.tecpar.br têm acesso privilegiado a relatórios sobre normas técnicas, patentes e sobre o fluxo de comércio internacional de madeira, máquinas para madeira e móveis. O MaqMad foi construído com elementos teóricos de inteligência competitiva, e o modelo deve servir para outras iniciativas da instituição. Além do MaqMad, o Tecpar também obteve o registro, no INPI, do Acriweb, um sistema de consulta de dados, cuja interface foi desenvolvida inicialmente como ferramenta de geração de relatórios de comércio para alimentação periódica do MaqMad. A partir do Acriweb (http://maqmad.tecpar.br/sic/acriweb), é possível realizar consultas de dados estatísticos das exportações e importações brasileiras obtidos a partir do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e de dados de comércio agregados de acordo com a classificação de atividade industrial (CNAE, metodologia Concla-IBGE). As consultas realizadas assumem a forma de tabelas, gráficos e relatórios de apoio à tomada de decisão empresarial e institucional. CALCÁRIO – O setor de cal e calcário ganhou um sistema de informações georrefenciadas que disponibiliza dados do interesse de empresários paranaenses. Desenvolvido no âmbito do Projeto de Fortalecimento Tecnológico do APL de Cal e Calcário do Paraná e executado pela Divisão de Extensão Tecnológica (Dext) do Tecpar, em parceria com a Mineropar, o trabalho, com funcionalidades de inteligência artificial, possui mapas dinâmicos com informações georreferenciadas acerca dessa atividade mineradora no Estado, devendo gerar mais uma patente para o instituto. O sistema de informações dá suporte à gestão territorial, ambiental, tecnológica e de negócios para as empresas que participam do Arranjo Produtivo Local (APL) de Cal e Calcário, do qual o Tecpar faz parte. O Tecpar terá um Plano de Gestão por Competências, um importante mecanismo que dá perspectivas para a carreira de pesquisador do instituto. O plano atende a uma antiga reivindicação dos colaboradores da casa. De acordo com o diretor técnico do instituto, Bill Jorge Costa, o projeto só precisa seguir os trâmites legais internos para entrar em vigor. De acordo com especialistas, a gestão por competências alinha as habilidades dos funcionários com a missão e as estratégias da instituição, permite identificar lideranças e talentos e dá transparência à gestão das pessoas.