O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) vai investir, até o final deste ano, R$ 14 milhões em reestruturação tecnológica, para diversificar e aprimorar a produção de vacinas e de antígenos. Além disso, vai ampliar os seus serviços na área industrial, informou o presidente da instituição, Aldair Rizzi.
A principal mudança é na área de produção da vacina antirrábica canina. Com esses investimentos, segundo Rizzi, a instituição passará a produzir a vacina com a tecnologia do cultivo celular, por meio das células de hamsters (BHK). Atualmente, o Tecpar, que é o maior fabricante brasileiro desse tipo de vacina, com 30,5 milhões de doses/ano, produz a antirrábica canina por intermédio da tecnologia tradicional: a injeção de vírus em cérebros de camundongos.
Há três décadas, o Tecpar produz e fornece a vacina antirrábica utilizada pelo Ministério da Saúde no Programa Nacional de Imunização. De acordo com Rizzi, o resultado eficaz desse imunobiológico pode ser observado nas estatísticas do Ministério, que demonstram a diminuição substancial do número de casos e o controle eficiente da raiva no país. Agora, no entanto, é preciso avançar tecnologicamente, disse ele.
Pioneiro - O Tecpar é o primeiro laboratório da rede pública nacional a desenvolver a tecnologia de cultivo celular em escala laboratorial, com recursos financeiros e humanos próprios. “Essa mudança tecnológica é fundamental para que o Instituto continue competitivo na atividade em que é o melhor do Brasil”, disse o presidente. “A aplicação desses recursos nesse campo faz parte de uma visão global de planejamento, na área de ciência e tecnologia, articulada com as demais políticas públicas desenvolvidas pelo governo estadual desde 2003”, explicou Rizzi.
O primeiro lote de vacinas produzidas com essa nova tecnologia será entregue ao Ministério da Saúde a partir de 2010. O Tecpar continuará produzindo a antirrábica canina pelo método tradicional até que a transição de tecnologia seja completa. Quatro biorreatores importados da Suíça, em parceria com o Ministério da Saúde, e estimados em R$ 7,3 milhões, darão suporte a estas mudanças tecnológicas.
Reciclagem dos biotérios - Os biotérios do Instituto responsáveis pela criação de camundongos, em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba) e Jacarezinho (Norte velho), serão repensados. Em Araucária, o Tecpar está negociando a instalação de um laboratório de tecnologia avançada, o Laboratório Nacional de Antígenos, ligado ao Ministério da Agricultura, que faz o controle de qualidade de vacinas. De qualquer forma, manterá uma pequena criação de camundongos e outros animais para pesquisa.
Em Jacarezinho, vai criar um programa de controle biológico de pragas da cana-de-açúcar, em parceira com a Universidade Estadual Norte do Paraná, campus de Bandeirantes. “Os funcionários que trabalham nessas unidades serão reciclados e re-enquadrados em seus cargos de acordo com a formação profissional, e alguns encaminhados para outros departamentos do Instituto”, adiantou Rizzi. “Além do avanço tecnológico que esta mudança proporciona, vamos ganhar economia de escala e reduzir nossos custos”, acrescentou.
Nova visão - A reestruturação tecnológica faz parte de uma ampla reformulação administrativa e de produção do Tecpar, informou Rizzi. “O Instituto está sendo repensado, do ponto de vista do planejamento estratégico, para enfrentar os desafios do futuro. Estamos reduzindo custos, ampliando os serviços dos nossos laboratórios e desenvolvendo novas tecnologias para ingressar em novas áreas de produção”, disse o presidente.
Rizzi afirmou que a diversificação é fundamental para o futuro do Tecpar, que em 2010 vai completar 70 anos. Nesse sentido, a instituição está ampliando a sua atuação em duas novas áreas: na formação de um consórcio que envolve o Instituto de Biologia Molecular do Paraná, para o desenvolvimento de tecnologias da biologia molecular, e com o Instituto Carlos Chagas, para a pesquisa e desenvolvimento de novos imunobiológicos. Neste caso, os dois institutos estão iniciando a produção de kits para a Bio-Manguinhos (Fiocruz), destinados ao diagnóstico de HIV e Hepatite C.
Nesta mesma linha, o Tecpar está ampliando a produção de antígenos para o diagnóstico de brucelose, tuberculose e leucose em animais. Atualmente o Tecpar produz 800 mil doses/ano, e o laboratório distribui hoje, para o Ministério da Agricultura, em torno de 13 milhões de kits para diagnóstico dessas enfermidades. Segundo Rizzi, a intenção é triplicar a produção para abastecer o mercado brasileiro. Além disso, desenvolve kits para diagnóstico de Brucella ovis, artrite encefalite caprina, rinotraqueíte bovina e monoclonais antiespécie.
Com toda essa tradição e experiência, o Tecpar ganhou credibilidade para se candidatar à produção, em futuro breve, de medicamentos especiais e sofisticados para o Ministério da Saúde. Como a ribavirina, para o tratamento de AIDS, a somatotrofina, hormônio de crescimento, e a insulina humana, que são de alto interesse do ministério, destacou o presidente do Instituto.
“A atuação do Tecpar nesses novos campos é fundamental para independência tecnológica do país. Este é um mercado extremamente competitivo e dominado por grandes oligopólios internacionais privados. Atuando dessa forma, o Instituto está contribuindo de maneira decisiva para a afirmação do país como um grande produtor de vacinas e de medicamentos”, concluiu Rizzi.
Tecpar investe R$ 14 milhões em reestruturação tecnológica
O Tecpar é o primeiro laboratório da rede pública nacional a desenvolver a tecnologia de cultivo celular em escala laboratorial com recursos financeiros e humanos próprios
Publicação
10/06/2009 - 11:10
10/06/2009 - 11:10
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