Técnicos do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipades) apresentaram nesta quarta-feira (7) no I Encontro Estadual de Ciência e Tecnologia do Paraná, que se realiza na Universidade Estadual de Londrina (UEL), três projetos de pesquisa sobre temas que estão entre as prioridades do Governo do Estado.
Um desses projetos, “Identificação de Gargalos Tecnológicos da Agroindústria e Agricultura Familiar Paranaense: Subsídios para uma Política Pública”, dois anos depois de concluído, já se desdobrou em outros cinco, para os quais a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior lançou editais, dando conseqüência ao diagnóstico feito.
A principal dificuldade da Agricultura Familiar paranaense, segundo a socióloga Marisa Sugamosto, que participou do trabalho, está na assistência técnica e na capacitação do agricultores. “Observamos que muitos problemas apontados pelos produtores já têm solução conhecida e oferecida pela pesquisa agropecuária, só não é do conhecimento deles”, afirmou Marisa. O que não está funcionando, nesse caso, é a difusão tecnológica.
Também foram levantadas as condições da criação animal e das pequenas agroindústrias. Surgiram daí sete diretrizes sobre as quais deve pautar-se uma política pública de promoção da agricultura familiar: incentivo ao desenvolvimento de pesquisa tecnológica focada nesse segmento; fortalecimento da assistência técnica pública; promoção de processos educativos e formativos permanentes; criação de mecanismos de financiamento; incentivo à agroindustrialização; incentivo à construção de redes e parcerias entre órgãos e entidades do setor; fortalecimento dos conselhos municipais como órgãos de planejamento.
Como desdobramento dessa pesquisa, o Ipardes já fez outra, em parceria com o Iapar, a respeito de produtos orgânicos: “Estudo Prospectivo da Demanda e Tendências de Mercado de Produtos Orgânicos do Paraná”. O agrônomo Ivo Barreto Melão informou que 80% da produção de orgânicos do Paraná vêm da agricultura familiar. O Paraná é o Estado que tem o maior número de produtores certificados do País, cerca de 4 mil, cujas propriedades têm, em média, apenas três hectares de área. “Temos uma grande diversidade de produtos orgânicos”, informou Melão.
A respeito da comercialização, o agrônomo observa que não existe um canal hegemônico no Estado: ela se dá através de feiras de orgânicos, feiras agroecológicas, feiras mistas – e essas formas vêm crescendo. Ainda são poucas as lojas especializadas – principal forma de comercialização na Europa. E a venda em supermercados também é pequena, o que, para Melão, não é um problema: ali o produto custa mais caro, pois precisa ser embalado.
O pesquisador aproveitou para mostrar um gráfico que desmistifica a impressão de que os produtos orgânicos são mais caros que os outros. Alguns são mesmo, mas, na média, de uma relação com mais de dez produtos deu empate nos preços. O certo, segundo Melão, é que o mercado de produtos orgânicos está em franco crescimento no Estado.
A terceira pesquisa do Ipardes apresentada no encontro é “Caracterização Estrutural de Arranjos Produtivos do Paraná”. Josil do Rocio Voidela, integrante do Núcleo de Estudos Econômicos e Setoriais do Ipardes, informou que o trabalho foi feito em 2005. De um agrupamento inicial de 165 segmentos de empresas presentes em praticamente todo o Estado (só seis microrregiões não tinham um agrupamento), foi feita uma seleção inicial de 114 e, ao final, reduziu-se a prioridade a 22 arranjos produtivos locais que mereciam um estudo de caso. A intenção era articular instituições públicas e para-públicas para apoiar o desenvolvimento das empresas. Esse trabalho está agora em andamento, envolvendo, da parte do Governo, o Ipardes, a Secretaria de Planejamento e as Universidades Estaduais.
Técnicos do Ipardes apresentam pesquisas que apóiam setores produtivos
Projetos de pesquisa tratam de temas que estão entre as prioridades do Governo do Estado
Publicação
07/11/2007 - 18:39
07/11/2007 - 18:39
Editoria