Um novo monitor de carga de rede para exposição de mais informações aliado a uma ferramenta integrada que combine um farejador prático, um analisador leve de tráfego e um conjunto de ações para melhorar a utilização dos recursos computacionais durante a conexão. Estas são as linhas gerais do projeto de autoria do técnico de redes da Companhia de Informática do Paraná (Celepar) e estudante e acadêmico da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Lucas Mazzardo Veloso, selecionado entre mais de 6.200 inscritos para participar do programa Google Summer of Code, evento internacional de estímulo ao software livre, que oferece a estudantes do mundo todo a oportunidade de mostrarem seus trabalhos e aprenderem com a experiência. No ano passado o Google investiu US$ 3 milhões para patrocinar 630 projetos de estudantes em 90 países diferentes com a ajuda de mais de 100 organizações mentoras. No Summer of Code, realizado no período típico de férias escolares no hemisfério norte - e inverno no hemisfério sul - estudantes de quase todos os países do mundo (incluindo o Brasil) podem se inscrever para realizar trabalhos individuais de desenvolvimento de software livre, acompanhados por organizações mentoras (incluindo projetos como Apache, Ubuntu e Drupal). Cada estudante selecionado ganha do Google US$ 4.500,00 e a organização mentora ganha US$ 500,00 para cada trabalho aprovado e completado. No caso de Lucas Mazzardo Veloso, seu projeto foi submetido e aprovado pela coordenação da distribuição Ubuntu do sistema operacional Linux. Agora, ele vai desenvolver, com a orientação de tutores, seu código e passar por avaliações de desempenho. Seu mentor será um funcionário da Canonical – companhia sediada na Europa que patrocina o projeto Ubuntu-, Scott James Remnant. Motivação - “Como usuário de computadores, sempre fiquei fascinado com o poder dos softwares farejadores, a exemplo do Wireshark, cheio de poderosos recursos para análise e depuração de fluxo de redes, depuração de protocolos, etc. Mas esse software é gigante e pouco adequado para o dia-a-dia. Tenho por hábito monitorar os recursos de minha máquina para não ter surpresas e em geral um monitor de carga simples faz o serviço, informando o estado geral do sistema. Mas o que fazer quando aquele monitor te olha e diz que pode haver algo de errado?”, indaga Lucas, para logo em seguida explicar: “Um 'wireshark' é muito pesado para tarefas diárias e um monitor de carga é muito pontual. Além disso não há um meio prático de se agir da interface gráfica, como por exemplo encerrar uma conexão em andamento ou bloquear um IP remoto, a partir da análise desses dados”. É aí que vem a solução que o técnico da Celepar pretende desenvolver através de seu projeto: criar uma ferramenta integrada para explorar esse enorme espaço vazio entre monitor e farejadores de rede e ainda entre esses dois e as ações administrativas baseadas nos dados analisados. Desde que começou o curso de informática na UEM, Lucas vem desenvolvendo os trabalhos acadêmicos usando ferramentas de software livre. “Sem dúvida que esses quase cinco anos de UEM estão sendo fundamentais na minha formação profissional, mas não posso negar a enorme dívida que tenho com todos os desenvolvedores de software livre. Pude estudar vários códigos em aplicações reais, complementando assim a minha formação acadêmica”, reconhece. Para ele, acima do conhecimento técnico adquirido, a utilização do software livre é responsável pela compreensão das verdadeiras necessidades dos projetos de software, principalmente quando inseridos em um contexto de desenvolvimento real. Sobre a aprovação do seu projeto para o Google Summer of Code 2007, Lucas comenta “Não basta ter uma excelente idéia ou um projeto de software espetacular. Ele tem que ser completo, realístico com a duração do evento, adequado à realidade e às necessidades da organização de software livre, no meu caso o Ubuntu”. Confiante de que cada vez mais o Brasil dá sinais de que pode ser um ótimo produtor de tecnologias, ele cita como exemplo as soluções em software livre desenvolvidas pela Celepar para o Governo do Paraná, como fator de impacto sócio-econômico positivo. Outros paranaenses - Além de Lucas Mazzardo, outros três estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPr) estão entre os 20 brasileiros que também tiveram projetos selecionados: os mestrandos em Informática Tiago Vignatti e Gustavo Boiko, e o graduando em Ciência da Computação, Paulo Zanoni. O projeto de Tiago propõe a separação do controle do cursor do mouse do sistema que comanda os gráficos do sistema X, presente na maioria dos sistemas operacionais. A idéia é melhorar o desempenho do mouse nos programas que desenham várias coisas na tela. Já o projeto de Gustavo visa a implementação de múltiplos dispositivos apontadores (teclados, mouses, etc.) na nova versão do programa Metacity, que desenha as janelas no sistema X. Com isso ele pretende que um teclado funcione somente em uma determinada janela, outro teclado em outra janela, e assim por diante. O objetivo é que o sistema X ligado ao KDE, uma das distribuições mais comuns do Linux, reconheça automaticamente monitores ligados ao computador e as resoluções que ele suporta, pois hoje o processo é manual. Isso também vai ajudar o trabalho com dois monitores conectados na mesma.