Surfistas vão coordenar proteção da restinga durante a temporada de verão

Aliada à ação dos surfistas, neste final de semana policiais militares do 9º Batalhão de Polícia Militar de Praia de Leste notificaram cerca de 50 veículos que estavam estacionados na areia da praia e na restinga
Publicação
30/11/2009 - 16:09
Editoria
A Associação de Surfe de Pontal do Sul (ASP) – localizado no município de Pontal do Paraná - irá coordenar as ações para proteção das áreas de dunas e restinga no balneário que possui a maior faixa de vegetação costeira preservada de todo o Litoral paranaense. Neste final de semana (28 e 29) surfistas e frequentadores de Pontal do Sul se reuniram durante o 1º campeonato ‘Jesus Surf Classic’ para discutir as áreas prioritárias que serão fechadas e sinalizadas para proteção da restinga. O campeonato reuniu cerca de 70 surfistas – com idade a partir de dez anos - e que disputaram sete categorias. “O balneário de Pontal do Sul possui a maior faixa de restinga do nosso Litoral e que vem sendo degradada a cada ano devido ao estacionamento irregular de veículos e a falta de conscientização. Por isso, estamos apoiando o trabalho dos surfistas que merece o reconhecimento do Governo do Paraná”, afirmou o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues. Segundo ele, o projeto só está tendo resultados porque é coordenado por pessoas da comunidade local. “É um esporte que está totalmente relacionado à natureza e a nossa idéia é incentivar cada vez mais a prática do surf, aliado a ações de preservação ambiental”, reforçou Rasca. A preservação da vegetação que protege a orla começou no Paraná com o Projeto Dunas e Restinga, da Associação de Surfe de Guaratuba, que capacitou as demais Associações sob a coordenação da Federação Paranaense de Bodyboard. Todo o trabalho recebeu o apoio e a orientação da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Batalhão de Polícia Ambiental/ Força Verde. O presidente da Associação de Surfe de Pontal do Sul, José Roberto Caíres Junior, contou que o grupo de voluntários priorizará as três entradas mais largas da orla, onde o fluxo de veículos é alto. “Esse é o primeiro campeonato Paranaense em Pontal do Sul em dez anos e a primeira vez que a Associação entra em um Projeto de Preservação de tamanha importância para o futuro de Pontal do Sul”, destacou Caíres Junior. “Estamos muito felizes em fazer parte desta ação e mostrar o quanto esse lugar é bonito e preservado”, completou. Jorge Batista Santos Junior, diretor do Surfe Camp Godxtream e membro da Associação, acredita que o trabalho de proteger uma área tão grande de restinga é desafiador. “Precisamos criar uma nova cultura de desfrute da praia e a nossa grande expectativa é uma mudança de mente. Mostrar que o surfista é um cara que pega onda, junta o lixo da praia e que cuida do ambiente onde ele vive”, enfatizou Jorge, que fará parte da coordenação do Projeto em Pontal do Sul. IPANEMA – A Associação de Surfe do Balneário Ipanema (ASBI) foi a primeira a iniciar o isolamento da restinga no município de Pontal do Paraná, no último dia 11 de novembro. Um mutirão foi formado por cerca de 30 surfistas locais que cortaram e instalaram mais de 20 postes de eucalipto na orla. O material foi doado pela Copel. Já as placas indicando que o espaço é uma Área de Preservação Permanente (APP) serão doadas pela Secretaria e as lixeiras pelo IAP. O presidente da Associação de Surfe do Balneário Ipanema (ASBI), Junior Sbravetti, conta que o trabalho já está trazendo efeitos positivos localmente. “É gratificante ter o apoio local por uma ação que fizemos com o nosso próprio esforço e dedicação, valorizando a comunidade, o surfe e o meio ambiente”, mencionou Sbravetti. Ele alertou ainda para o fato de que o surfe está diretamente relacionado à preservação da natureza. “A nossa orla ficará linda e todos estão sendo instruídos a multiplicar a informação e a angariar mais voluntários”, completou. Morador do balneário de Ipanema, Leonardo Ribeiro Scroks é um dos voluntários. Para ele, a restinga é um verdadeiro tesouro que o litoral paranaense tem e que o Projeto alertará as pessoas para isso. “O importante agora é preservar o que a gente tem”, reforçou. NOTIFICAÇÃO – Aliada à ação dos surfistas, neste final de semana policiais militares do 9º Batalhão de Polícia Militar de Praia de Leste notificaram cerca de 50 veículos que estavam estacionados na areia da praia e na restinga. O comandante do Batalhão de Polícia Ambiental/Força Verde, coronel Rosa Neto, explicou que, ao ser advertido, o veranista recebe informações sobre a restinga e tem a placa de seu carro registrada. “Caso haja reincidência a multa pode chegar a até R$ 1.500, de acordo com a lei ambiental”, informou. Veranistas e moradores recebem informações sobre os prejuízos causados ao meio ambiente pela falta de restinga e as penalidades previstas no Código Florestal para quem danifica a vegetação litorânea. A ação inclui o bloqueio da restinga impedindo a passagem dos veículos. Vale lembrar que a restinga também é um ecossistema fundamental na contenção do avanço do mar, no combate à erosão e às enchentes e para proteger a orla. “Durante a Operação Viva o Verão faremos a fiscalização diária e orientamos e conscientizamos dos veranistas sobre esse ecossistema”, falou a coordenadora do IAP na Operação, Adriana Ferreira. “Veículos estacionados não são os únicos causadores de problemas à restinga. Queimadas, barracas, quiosques irregulares e a prática de trilhas com motocicletas também afetam a vegetação”, lembrou. Para o presidente da Federação Paranaense de Bodyboard, Stéfano Triska, o cuidado com a restinga necessita, principalmente, de informação para que haja uma mudança de conceitos. “Precisamos inserir aos poucos a importância do cuidado com os ecossistemas naturais e, para isso, esperamos contar com o apoio da comunidade local, dos comerciantes e dos veranistas que vêm e ainda virão ao nosso Litoral”, finalizou Triska.