Staub pede “tapete vermelho” para setor produtivo manter ritmo do crescimento

O empresário Eugênio Staub, presidente da indústria de eletroeletrônicos Empresário, que preside a Gradiente, vê manutenção do crédito, redução dos juros e dos impostos e manutenção dos investimentos como saídas para País driblar efeitos da crise global
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07/12/2008 - 22:18
Editoria
O empresário Eugênio Staub, presidente da indústria de eletro-eletrônicos Gradiente, defendeu a manutenção do crédito da habitação, a redução da taxa de juros e de impostos e a manutenção de investimentos como medidas necessárias para o Brasil não reduzir o ritmo do crescimento econômico durante a crise do capitalismo global. Staub fez a principal palestra deste domingo, primeiro dia do seminário internacional “Crise — Rumos e Verdades”, organizado pelo Governo do Paraná em Curitiba. “Nesse momento, o empresário deve ser recebido com o tapete vermelho estendido, e a redução de impostos é um bom caminho nessa direção. Além disso, não podemos esquecer que essa crise tem um forte componente psicossocial. Portanto, devemos mostrar o que fomos no passado e o que podemos fazer no futuro”, falou Staub neste domingo (7). O empresário analisou os impactos da crise sobre o setor industrial brasileiro no evento realizado no Canal da Música, em Curitiba. Leia os principais trechos da palestra de Eugênio Staub. O que o Brasil ainda precisa fazer: “Precisamos preservar o crédito da habitação, reduzir a taxa de juros, já que o momento é de deflação, e não de inflação, principalmente nas commoditties. Precisamos liberar ou reduzir o Imposto sobre Operações Finaceiras (IOF), reduzir os juros cobrados pelos órgãos do governo que emprestam dinheiro, aumentar o prazo para recolhimento dos impostos e preservar os investimentos de 2009. Nesse momento, o empresário deve ser recebido com o tapete vermelho estendido, e a redução de impostos é um bom caminho. Além disso, não podemos esquecer que essa crise tem um forte componente psicossocial. Portanto, devemos mostrar o que fomos no passado e o que podemos fazer no futuro. O que já está sendo feito: “O que podemos fazer, e o governo já vem fazendo, é insistir na maior articulação internacional, liderando-a, em parte, e insistir numa nova regulamentação de todos os fluxos financeiros mundiais. Essa crise, como todos sabem, é também uma oportunidade, e o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) diz que deve haver mais regulamentação, maior articulação, mais liquidez, amparo às economias emergentes, de baixa renda. Isso é unanimidade, mas não resolve o problema de imediato.” O impacto da crise: “Essa crise é tão grave quanto inesperada. Os números dela ainda não são totalmente conhecidos, e nos surpreendem a cada vez que aparecem. Nos EUA os desempregados de setembro, que achávamos que iam ser de mais ou menos 300 mil, foram 500 mil. A crise destruiu a confiança dos consumidores e empreendedores no mundo todo, reduzindo a demanda. A desalavancagem e a venda forçada de ativos \\\\\\\\continuam.” “Nós vivemos uma crise de crédito. Não há crédito, quem é empresário sabe. Isso acontece porque o sistema financeiro, devido a mudanças importantes na psicologia de relação entre quem empresta e os tomadores de crédito, mudou as regras. É necessária a volta ao crédito.” “A crise nos atinge com a perda de liquidez internacional, que representa cerca de 25% do crédito no País. Ainda na queda dos preços das commodities e na valorização do dólar, que são problemas que na verdade se anulam.” O crescimento abortado pelo Consenso de Washington: “No século passado, o Brasil teve um crescimento brilhante, a maior taxa de crescimento do mundo na maior parte do período, de 1900 a 1980. Na primeira metade daquele século, o Brasil cresceu 4,3% ao ano, e na segunda metade, 5,3% ao ano, e só não foi mais porque. a partir de 1980, de certa forma, perdemos o rumo. E é justamente ali que o Brasil entrou na conversa do Consenso de Washington, hoje totalmente desmoralizado, e as medidas econômicas de desenvolvimento no País, as políticas financeiras, passaram a ter outras prioridades e outra orientação. A verdade é que o nosso comportamento econômico foi diametralmente oposto ao que tivemos historicamente.” “Estamos resgatando nos últimos anos nosso comportamento histórico, a prioridade do desenvolvimento. O Consenso de Washington prejudicou o País, o continente sul-americano e a maioria dos países emergentes por 25 anos. Nós temos um DNA do crescimento que está no setor público, no cidadão e no empreendedor brasileiro. E fomos capazes de crescer até na depressão dos anos 1930. Naquela época o governo federal, em uma medida de extrema coragem, comprou café e queimou, além de investir na industrialização. A analogia atual que poderíamos fazer é comprar um milhão de automóveis por mês para destruir. Isso é uma piada e não pode acontecer. Mas mostra a necessidade de agir, de pensar fora da caixa, é isso que precisamos fazer.”

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