A constatação de indícios de transgenia em lavouras de soja convencional está trazendo prejuízos aos produtores no Paraná, conforme alerta reportagem publicada pelo jornal Gazeta Mercantil, na segunda-feira (27). A reportagem destaca que “além de pagar royalties a contragosto, alguns produtores tiveram o contrato cancelado por parte dos compradores que preferem o grão convencional. Em busca de maior remuneração, alguns escolhem plantar apenas o convencional em busca de prêmios médios de R$ 2 por saca. Porém, o manejo inadequado das sementes ou mesmo da lavoura podem provocar a contaminação do tipo convencional por meio da poeira de grãos transgênicos”.
A matéria também ressalta: “Os problemas no manejo por produtores de sementes seriam o principal canal de contágio na cadeia produtiva, conforme informações de uma fonte do Paraná que preferiu não se identificar. Dessa maneira, a contaminação só é descoberta após o término da colheita, por meio do teste feito no ato da entrega às empresas compradoras. ‘A falta de limpeza das máquinas e no processo de beneficiamento está causando a contaminação. Com isso, o produtor acaba sendo obrigado a pagar royalties para a Monsanto, que é a dona da tecnologia na região. Se continuar assim, daqui a algum tempo não haverá mais soja convencional’, afirmou. Segundo disse, a empresa americana abocanha 2% do valor da mercadoria.”
“Os transgênicos precisam de credenciamento para comercialização. Mas o convencional fica exposto à negligência da fiscalização, que deveria ser feita pelo Ministério da Agricultura”, completou a mesma fonte. Segundo disse, uma maneira de resolver o problema seria credenciar empresas para produzir apenas uma variedade por propriedade.
“Fica economicamente inviável produzir sementes separadas. É preciso um papel mais atuante do Ministério da Agricultura. Um processo de certificação eficiente agregaria valor à agricultura nacional como um todo.", avaliou Luis Filipe Sousa Dias Reis, diretor da PGP Consultoria e Assessoria, especializada em implantação de sistemas para certificação. Para ele, as empresas de sementes não estão agindo com má fé. ‘Acredito que o mercado para as duas variedades devem conviver em harmonia’”.
O Ministério da Agricultura afirmou desconhecer qualquer denúncia sobre o assunto. Por meio de sua assessoria, disse que qualquer denúncia deve ser encaminhada ao setor de mudas e sementes do Ministério ou às superintendências locais, instaladas em cada um dos Estados brasileiros.
Os sementeiros, por sua vez, rebatem as acusações e dizem que a contaminação também pode ocorrer na própria lavoura, com a utilização de equipamentos alugados, ou mesmo no transporte dos grãos com caminhões que transportaram transgênicos. Dizem ainda que o produtor pode pedir a análise do lote de sementes no ato da compra, o que elimina qualquer responsabilidade das empresas após o início do plantio. No entanto, assumem que o contágio é possível e que alguns casos foram constatados no Brasil nas duas últimas safras.
Fonte: jornal Gazeta Mercantil, edição de 27/04/2009
Soja transgênica contamina produção de lavoura convencional paranaense
Reportagem publicada no jornal Gazeta Mercantil expõe problema enfrentado por agricultores
Publicação
28/04/2009 - 12:40
28/04/2009 - 12:40
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