No principal painel de debates do 6° Fórum Internacional de Software Livre (FISL 6.0), que terminou no fim de semana em Porto Alegre, representantes de comunidades de desenvolvedores, governos e empresários do setor da tecnologia da informação discutiram o futuro do software livre no Brasil. Entre os debatedores, o presidente da Companhia de Informática do Paraná (Celepar), Marcos Mazoni afirmou que, hoje, não se trata mais de procurar respostas sobre o futuro “porque o software livre já é uma realidade incontestável”.
Segundo Mazoni, a opção pelo software livre não é uma uma questão somente econômica, “mas de afirmação tecnológica e de desenvolvimento científico que, em última análise, também implica em desenvolvimento econômico e social”.
Por tratar-se de apropriação coletiva de códigos-fontes que permitem adpatações, melhorias e distribuições, Mazoni defendeu que é chegado o momento daqueles que estão usufruindo do software livre devolverem à comunidade de usuários os sistemas desenvolvidos a partir das ferramentas software livre.
Este é o significado, inclusive, da decreto assinado pelo governador Roberto Requião no início da semana, oferecendo à sociedade da informação, através de uma Licença Pública Geral, todos os sistemas desenvolvidos pela Celepar para o governo do Estado. Da mesma forma, o protocolo de intenções assinado entre o governo federal e o do Paraná, na abertura do 6° FISL, na quinta-feira, tem o mesmo sentido de compartilhar conhecimentos para o desenvolvimento de softwares públicos.
Os debatedores sobre o futuro do software livre no Brasil são unânimes na compreensão de que os sistemas de código aberto não representam um movimento isolado na organização da produção, da ciência e da sociedade, mas que está provocando, inclusive, um realinhamento industrial.
César Alvarez e Rogério Santana, representantes oficiais do governo federal no evento, destacaram dois importantes programas: o PC Conectado, através do qual o governo Lula está liberando linhas de crédito a juros subsidiados e isenção de impostos para os frabricantes.
A idéia é que a população possa adquirir computadores de alta tecnologia, com sistema operacional em software livre já instalado, a um preço máximo R$ 1,4 mil, a serem pagos a prestação. Outra meta do governo é que no prazo de cinco anos todos os sistemas do governo passem a operar em software livre.
Framework – Em outro painel do FISL 6.0, a Celepar apresentou seu projeto de ferramentas de apoio e automação do processo de desenvolvimento de sistemas eletrônicos de informação. O projeto é desenvolvido em plataforma Java através de um grupo de trabalho que conta com 25 técnicos da estatal que montou, inclusive, uma fábrica de software e toda uma estrutura profissional para criar e gerar novos sistemas em software livre.
Segundo o analista de sistemas Robson Valentim, um dos coordenadores do projeto, apesar do “Framework Celepar” ainda estar na sua primeira fase de execução ele vem despertando o interesse de usuários de várias regiões do Brasil e de países europeus e americanos. Apresentado em dois eventos europeus - Espanha e Alemanha -, recentemente, o projeto chamou a atrenção de usuários canadenses que manifestaram a intenção de firmarem convênio para o aprimoramento dessas ferramentas.