Uma nova tecnologia social relacionada ao aproveitamento de sobras e resíduos de madeira tropical vai permitir a criação de novos investimentos e empregos no Estado. Chamado de “SP5 -- Sobras de Produção Pertinentes e Permanentes ao Pedido Padrão de Mercado”, o projeto tem R$ 159 mil do Fundo Paraná/Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior já autorizados pelo governador Roberto Requião.
“É um projeto viável não só do ponto de vista econômico como também ambiental e social”, afirma o coordenador do projeto, o pesquisador da Universidade Federal do Paraná e doutor em Economia e Política Florestal, Roberto Rochadelli. Ele calcula que para cada oito metros cúbicos de madeira tropical processada é possível gerar dois empregos, um direto e um indireto.
De acordo ainda com o pesquisador, as sobras da madeira tropical processadas podem ser aproveitadas como matéria-prima porque mantém exatamente as mesmas propriedades da madeira exportada. “São peças que apresentam dimensões incompatíveis com o padrão dos pedidos feitos pelos importadores”, afirma.
Entre os produtos que podem ser criados a partir da nova tecnologia estão os painéis decorativos para a construção civil, arquitetura, setor de móveis e de decoração (cabeceiras de camas, tampos de mesas e para halls de edifícios, entre outros). Alguns desses itens serão mostrados neste ano durante um evento em Curitiba.
O pesquisador informa que o projeto prevê ainda a criação de uma “Bolsa de Resíduos” a partir da qual poderão ser obtidas informações sobre a oferta de matéria-prima (resíduos) no Estado bem como dados sobre a qualidade do produto e seus fornecedores. Os dados estão sendo levantados junto às empresas processadoras de madeira tropical e devem ser concluídos em aproximadamente quatro meses.
Além disso, designers de móveis e arquitetos ligados ao projeto já estão desenvolvendo alguns protótipos, entre os quais um painel pastilhado de madeira maciça para revestimentos. Ao mesmo tempo, está sendo programada uma visita a Moçambique, país com alto índice de exploração de florestas tropicais e também um dos mais pobres do mundo. “O objetivo é permitir a transferência e o compartilhamento desta tecnologia social visando um desenvolvimento global mais justo, ecológico e equilibrado”, diz o pesquisador.
Conforme o coordenador do projeto, o Paraná processa atualmente cerca de 750 mil metros cúbicos/ano de madeira oriunda da Floresta Amazônica. Deste total, 15% são destinados às indústrias de produtos para exportação (principalmente pisos e decks para piscinas), que registram uma perda no processo de beneficiamento de cerca de 25%. Essa perda ocorre porque as máquinas não conseguem aproveitar toda a biomassa de que dispõem para trabalhar.
Conforme ainda o coordenador do projeto, a técnica que prevê o aumento do baixo índice de aproveitamento das madeiras brasileiras constitui hoje um dos maiores desafios da Engenharia Florestal. “A tecnologia propõe um aumento do aproveitamento da madeira em até 2,5%, reorientando este material para o topo da cadeira produtiva da madeira e do mobiliário, evitando que seja meramente queimada como lenha, ou triturada, perdendo a disposição natural das fibras, tão valorizada pelo consumidor estrangeiro, e mantenedora do investimento que a natureza levou décadas – em alguns casos anos – para produzir”, comenta.
Sobras de madeira tropical podem gerar investimentos e novos empregos
O projeto “SP5 -- Sobras de Produção Pertinentes e Permanentes ao Pedido Padrão de Mercado” tem R$ 159 mil do Fundo Paraná/ Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior já autorizados pelo governador Roberto Requião
Publicação
15/06/2006 - 06:00
15/06/2006 - 06:00
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