Sistema elétrico brasileiro passa a contar
com a energia de Araucária em 2008

Aumento do consumo e necessidade de expandir a oferta tornam usina estratégica para o país
Publicação
06/05/2006 - 06:00
Editoria
O sistema elétrico brasileiro conta com a adição dos 469 megawatts de potência da Usina Elétrica de Araucária para atender à demanda do mercado consumidor a partir de dezembro de 2008. É o que registra a mais recente revisão do Plano Decenal de Expansão do Setor Elétrico Brasileiro, datada de fevereiro. Segundo o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, a Usina de Araucária assume importância estratégica em decorrência de mudanças significativas no cenário energético nacional nos últimos dois anos. “Por diversas razões, foram poucos os investimentos em hidrelétricas”, disse Ghilardi. “Mas o consumo continuou crescendo e a irregularidade do regime de chuvas constitui outro fator de incertezas, principalmente na Região Sul, cujos reservatórios são relativamente pequenos e não permitem estocar grandes volumes de água”. Para o presidente da estatal, as modificações no contexto do setor elétrico fazem das usinas termelétricas “ativos bastante valorizados”, pois sua potência assegurada não depende de fatores naturais e aleatórios. “No caso específico de Araucária, estudos que realizamos mostram que ela vai ser rentável, embora jamais recomendássemos investir na sua construção, mas como ela já existe e é potencialmente um problema empresarial enorme para a empresa e que precisa ser resolvido, pretendemos colocá-la em operação e gerar receitas”, completou Ghilardi. Interesse – O presidente da Copel informou que, em razão da necessidade de adicionar a potência da Usina de Araucária ao sistema, Eletrobrás e Eletrosul têm interesse em se associar ao empreendimento e devem retomar conversações tão logo esteja finalizada a operação de compra das ações da norte-americana El Paso na empresa UEG Araucária, proprietária da usina. A El Paso concordou em vender à Copel sua participação no empreendimento, de 60%, por US$ 190 milhões, operação que aguarda autorização do Poder Legislativo paranaense para ser consumada. “Essa intenção das estatais federais de se associarem à Copel nos foi relatada pelo ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, durante visita ao governador Roberto Requião, em Curitiba, e será avaliada no momento oportuno”, afirmou Rubens Ghilardi. Assembléia – Há poucas semanas, o governador enviou à Assembléia Legislativa anteprojeto de lei que autoriza a Copel a tornar-se majoritária na UEG Araucária, elevando dos atuais 20% para 80% sua participação na empresa. A matéria está tramitando, em análise e estudos pelos deputados. O valor da operação – o equivalente a US$ 190 milhões – é inferior ao total de aportes em reais realizados pela El Paso no empreendimento (ao câmbio atual, cerca de US$ 202,6 milhões). Corresponde também a 48% de tudo o que a Copel teria gasto entre janeiro de 2003 e dezembro de 2005 “comprando” uma energia que sequer era produzida, pagamentos que foram suspensos por determinação de Requião. Combustível – Sobre o suprimento de combustível para o funcionamento da termelétrica, o presidente da Copel adiantou que confia nas providências que a Petrobras deverá adotar. “A empresa é sócia em Araucária, com participação de 20%, e comprometeu-se por escrito a envidar os melhores esforços para garantir disponibilidade de gás natural ou combustível alternativo à usina”. No caso de faltar gás natural, Ghilardi citou como possíveis substitutos o diesel e o gás liquefeito de petróleo (GLP), ambos com oferta suficiente no mercado. “Para isso, temos plano de flexibilizar as turbinas de Araucária para que possam operar normalmente com diferentes tipos de combustível”.