Depois de ser adotado por governos de vários estados, o sistema chegou ao Governo Federal pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que já distribuiu mais de 10 mil caixas postais para seus funcionários. “Sem a implantação do Expresso, seria impossível chegar ao atual quantitativo de usuários no correio”, diz João Trindade, supervisor da equipe de Administração e Suporte para Correio Livre do Serpro. O próximo órgão federal a migrar para o Expresso será a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) que já tem à disposição 3,1 mil caixas de correio. A expectativa é que até o fim de fevereiro o processo de implantação nesse órgão esteja concluído. Também estão em processo de migração para o Expresso os Ministérios do Planejamento e da Integração Nacional. Para João Trindade, as vantagens de um software livre como o Expresso vai além da questão econômica, numa referência à dispensa de pagamento de licença de uso, uma das características dos programas de código aberto. “Devemos considerar também o custo zero do software inicial e a internalização do conhecimento sem custo adicional”, afirma João Trindade, para quem a independência tecnológica não tem preço, principalmente quando é o Estado que se apropria desse conhecimento. Para o presidente da Celepar, Nizan Pereira, as novas aplicações a serem desenvolvidas pelo Serpro também beneficiarão o Governo do Paraná e os demais usuários do sistema. “O Expresso é um bom exemplo de que o compartilhamento e a cooperação, princípios que movem o software livre, têm produzido ótimos resultados”, destacou Nizan. Serviços – Segundo Fabiano Mormul, assessor de software livre da Celepar, o desenvolvimento do Expresso surgiu a partir da tecnologia e-groupware desenvolvida na Alemanha para a Prefeitura de Munique. O objetivo inicial da Celepar era o de oferecer aos usuários uma solução econômica, eficiente e que reunisse várias ferramentas em uma única aplicação. A partir dessas metas, a estatal paranaense desenvolveu e aperfeiçoou várias ferramentas de correio eletrônico, agenda, catálogo de endereços, gerenciador de fluxo de serviços, intranet e de telefonia IP que estão sendo agregadas ao sistema. O Serpro, por sua vez, está preparando para este ano novas implementações que colocarão o Expresso na vanguarda dos sistemas de comunicação pessoal e corporativa, entre elas os serviços de acesso a dispositivos móveis como celulares e palmtops, encriptação e assinatura de mensagens, metadiretório, listas de distribuição automatizadas e com moderadores. Ainda segundo Mormul, a evolução do Expresso ganhou uma dimensão tal que atualmente o sistema é mantido por uma comunidade que reúne cerca de 70 entidades e usuários espalhados pelo país inteiro, que discute os rumos do sistema através de encontros presenciais e pela internet. Somente no site www.expressolivre.org que possui um fórum de discussão permanente sobre o Expresso, são mais de 400 usuários participando ativamente através de sugestões, resolução de dúvidas e desenvolvimento de novas funcionalidades. Banco do Brasil – Na última quarta-feira (30), representantes do Banco do Brasil (BB) se reuniram com diretores da Celepar para discutir a adoção do Expresso pelo banco. Segundo Murilo Dantas Barreto, assessor da Diretoria de Tecnologia do BB, uma das vantagens do Expresso é que por ser software livre, qualquer usuário e desenvolvedor pode contribuir com novos códigos e aplicações. “Para o Banco do Brasil o importante é que podemos incrementar o Expresso com outras soluções como mensagens instantâneas, workflow e dotProjetc, entre outras”, salientou Dantas Barreto. “Nosso interesse não é somente usar mas também contribuir, numa via de mão dupla, analisando onde o software pode crescer e contribuir para que ele seja perene”, afirmou. Para Nizan Pereira, a integração entre os governos estadual e federal no compartilhamento de soluções tecnológicas dá mais vigor e força para promover a transparência e a segurança dos sistemas públicos, que em sua opinião são a base da ciência moderna.