Setor de resíduos sólidos é o que mais emite gás metano no Paraná

Isso devido à disposição final dos resíduos ser em aterros sanitários e os processos de tratamento de esgotos domésticos serem, predominantemente, em sistemas sem a presença de ar
Publicação
30/09/2009 - 18:49
Editoria
A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos apresentou nesta quarta-feira (30) os resultados do primeiro Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Setor de Resíduos do Paraná - realizado pelo Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas. O inventário avaliou a emissão anual do gás metano no efeito estufa entre os anos de 1990 a 2005, considerando os setores de resíduos sólidos, esgoto doméstico, esgoto comercial e os efluentes industriais. O setor que mais emite metano no Paraná é o de resíduos sólidos, seguido do esgoto doméstico e por último a emissão de efluentes. Isso devido à disposição final dos resíduos ser em aterros sanitários e os processos de tratamento de esgotos domésticos serem, predominatemente, sistemas anaeróbios, ou seja, sem a presença de ar. Em um intervalo de 15 anos os três setores emitiram 1.542,39 de gás metano (GgCH4) no efeito estufa, sendo que em 1990 a emissão era de 93,55 GgCH4 e em 2005 aumentou para 129,11 GgCH. Segundo o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, o inventário é o primeiro passo para apontar quanto e como cada setor poderá reduzir a emissão de gases no efeito estufa. “O metano é um dos gases que mais contribui para o efeito estufa e para as alterações climáticas. Participando do nosso inventário, as empresas do setor de resíduos do Paraná estão dando um grande exemplo para os demais setores e para o mundo, pois demonstram preocupação com o meio ambiente”, avaliou Rasca. Ele completou dizendo que o Brasil e o Paraná devem continuar buscando energias renováveis para evitar as alterações climáticas e os desastres naturais. O Inventário das Emissões foi realizado pela Secretaria do Meio Ambiente e suas autarquias (IAP, Suderhsa e ITCG), em parceria com a Sanepar, Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Conresol) e Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR). A articulação institucional foi do Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas Globais e o apoio metodológico da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e da Rede Nacional de Inventários de Gases de Efeito Estufa de Resíduos. CONTRIBUIÇÃO - O gerente da divisão de Questões Globais da Cetesb, João Wagner Silva Alves, contou que o inventário do Paraná integrará o inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa no Setor de Resíduos e a Rede Nacional de Inventário de Emissões. “Aqui no Paraná encontramos uma equipe de técnicos muito eficiente e dedicada e que aprendeu a metodologia de cálculo da Cetesb e aplicou localmente. Nada melhor do que quem vive no estado e conhece a realidade da região para coordenar o inventário”, destacou João Wagner. Segundo ele, a Cetesb fez uma estimativa para o Paraná, assim como para os demais Estados, só que, diferentemente de outros Estados, os técnicos paranaenses quiseram tomar a frente do trabalho. O gerente da divisão de Questões Globais da Cetesb explicou que o método utilizado para calcular a emissão de gases no efeito estufa é o mesmo criado pelo Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC) – órgão vinculado à ONU – elaborado nos anos 90 e que deve ser seguido fielmente pelas equipes técnicas. Entre os critérios avaliados na metodologia estão empregos de dados da população, geração de resíduos, qualidade de alocação dos locais de armazenamento de resíduos, tecnologia aplicada para o tratamento de resíduos e tudo que envolve a gestão de resíduos no local. “A Cetesb poderia utilizar dados do IBGE ou outros estudos, mas os dados locais sempre terão melhor qualidade e serão mais precisos. Por isso, o trabalho do Paraná tem esta importância e o estudo de autoria do Estado fará parte do inventário nacional”, afirmou Wagner. Para a coordenadora do Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas Globais na Secretaria do Meio Ambiente, Manyu Chang, o trabalho em conjunto foi fundamental para a concretização do Inventário paranaense. “Muitas pessoas não sabem, mas o inventário é o primeiro e mais importante passo para saber como tentar reduzir emissões de gases”, disse Manyu. Chang lembrou que a Secretaria do Meio Ambiente aumentou o número de Instituições representadas no Fórum, com o objetivo de ampliar a participação da sociedade no processo de elaboração da política estadual de mudanças climáticas. Através do site http://www.forumclima.pr.gov.br/ é possível obter mais informações sobre o Fórum e sobre o tema Mudanças Climáticas. Abaixo segue a Tabela com o somatório referente a emissão de gases por ano, no intervalo de 1990 a 2005. Ano Emissão em gases de Metano (Gg) Resíduos Sólidos Esgotos Domésticos Efluentes Industriais TOTAL 1990 44,93 48% 43,60 47% 5,02 5% 93,55 1991 46,08 49% 42,31 45% 5,21 6% 93,6 1992 47,17 49% 42,82 45% 5,47 6% 95,46 1993 48,3 50% 43,62 45% 5,38 5% 97,3 1994 49,38 50% 43,78 44% 5,82 6% 98,98 1995 50,42 51% 42,14 43% 6,41 6% 98,97 1996 51,4 52% 40,38 41% 7,36 7% 99,14 1997 52,12 52% 40,53 41% 7,54 7% 100,19 1998 52,81 56% 33,05 35% 7,93 9% 93,79 1999 53,5 56% 33,84 35% 8,62 9% 95,96 2000 55,75 55% 35,72 36% 9,05 9% 100,52 2001 58,17 56% 36,54 35% 9,97 9% 104,68 2002 72,85 62% 33,63 28% 11,72 10% 118,2 2003 76,19 62% 34,50 28% 12,70 10% 123,39 2004 78,96 62% 35,33 28% 13,32 10% 127,61 2005 79,61 62% 36,17 28% 13,33 10% 129,11 Tabela 1 – Total de Emissão de CH4 referentes aos setores de resíduos sólidos, efluentes domésticos e efluentes industriais para o Estado do Paraná de 1990 a 2005.

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