Servidores podem concluir estudos num projeto do governo do Paraná

O ano letivo de 2007 já começou mas, segundo a coordenadoria do “Escolarização do Servidor”, quem tiver interesse ainda pode se matricular e assistir às aulas
Publicação
02/03/2007 - 16:30
Editoria
O “Escolarização do Servidor”, programa desenvolvido pela Secretaria da Administração e pela Secretaria da Educação, tem se mostrado como uma boa oportunidade para os funcionários públicos concluírem seus estudos. O ano letivo de 2007 já começou mas, segundo a coordenadoria do programa, quem tiver interesse ainda pode se matricular e assistir às aulas. Atualmente, o programa atende 200 servidores e é oferecido em seis órgãos do governo, em Curitiba, região metropolitana e no interior. Na capital e região, há salas de aula no Centro Administrativo Santa Cândida, na Casa Civil (Palácio Iguaçu), na Emater, no Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen, em São José dos Pinhais) e nos hospitais São Roque (Piraquara) e Adauto Botelho (Pinhais). No interior, o programa está presente em Londrina, na sede do Iapar. Modalidade - O Programa de Escolarização do Servidor é aplicado na modalidade presencial do “Educação de Jovens e Adultos” (EJA). Assim, os alunos recebem material didático para estudar e fazer tarefas em casa. No entanto, são obrigados a freqüentar a sala de aula. As aulas são de segunda a quinta-feira. Há turmas de ensino fundamental e de ensino médio. Conforme explica a coordenadora do Escolarização do Servidor, Vera Reis, o que diferencia o EJA oferecido ao público em geral do programa destinado a funcionários públicos é a adequação às necessidades específicas desses funcionários. As aulas são, em boa parte, durante o intervalo do horário de expediente; além disso, os alunos são liberados pela chefia a se ausentar por alguns instantes do local de trabalho para comparecer às aulas. Essas facilidades, destaca Vera Reis, estimulam o servidor a voltar aos bancos escolares. O objetivo do programa é fazer com que um maior número possível de funcionários públicos concluam o ciclo básico de ensino (fundamental e médio). SERVIÇO – Os servidores que quiserem mais informações podem entrar em contato com a Gerência Executiva da Escola de Governo, vinculada à Secretaria da Administração e onde está a coordenadoria do programa. O telefone é o (41) 3351-6143. BOX Funcionários destacam incentivo dos colegas e dos professores Motivação. Esse é o sentimento presente em funcionários públicos que participam do Programa de Escolarização do Servidor. Eles contam que são incentivados por professores e pelos próprios colegas a não desistir e enfrentar juntos a dificuldade de muitos anos sem a presença da escola em suas vidas. É o caso do aluno Gilberto Martins, 44 anos, que trabalha na Secretaria do Estado da Administração e da Previdência (Seap) há 13 anos. Há dois anos freqüentando as aulas do “Escolarização do Servidor”, ele já fez o ensino fundamental, e agora está cursando o ensino médio. Gilberto parou de estudar com 16 anos, pois naquela época não se esforçava nos estudos, conforme ele mesmo confessa. Além disso, com as dificuldades financeiras em casa, à época precisou trabalhar. Logo quando arrumou um emprego, abandonou as aulas. Há quase 30 anos sem estudar, agora Gilberto sente dificuldade principalmente nas disciplinas de Português e Matemática. “Tudo é difícil nessa vida. A cada dia enfrentamos um problema, mas temos que saber lidar com as situações. Aqui mesmo, nós alunos sempre estamos nos ajudando e motivando para não desistir, pois o estudo é fundamental.” O servidor da Seap já planeja até obter uma formação superior. “As aulas são excelentes, não há o que reclamar. Eu já estava contente porque terminei o ensino fundamental, e agora que estou concluindo o ensino médio não pretendo parar de estudar, quero fazer um cursinho e até uma faculdade no futuro.” Gilberto tem duas filhas, Karine (15 anos) e Gisele (19 anos). Elas estão orgulhosas de o pai voltar a estudar, conta o servidor. Karine sempre ajuda o pai quando há alguma dificuldade em aprender, e ao realizar alguma dever de casa, conta ele. Objetivos na vida - Já o aluno Antônio Franco da Rosa, de 47 anos, que trabalha há dois anos na Seap, precisou parar de estudar aos 17 anos, quando seus pais morreram. Ele está muito contente com as aulas. “Todos os governos deveriam implantar esse programa. É muito bom porque ajuda as pessoas que têm objetivos na vida”, sugere Antônio, que voltou a estudar há um ano e meio. Antônio se mostra muito aplicado e diz que os professores esclarecem dúvidas a qualquer momento. “Aqui se aprende muito bem, pois os professores são bem atenciosos, explicam quantas vezes forem necessárias para que o aluno volte para casa compreendendo a matéria”. E salienta que a relação com os professores é excelente. “Nunca tivemos problemas.” As fórmulas de Matemática foram suas dificuldades no inicio, mas esse não foi o seu principal problema. O servidor lembra que, antigamente, não era simples obter liberação no serviço, para ir à aula. “Agora mudou, e espero que continue assim”, ressalta o servidor. Vontade - O professor Márcio Ricardo Forigo, que dá aulas de Geografia e História, começou neste ano a lecionar nas turmas do “Escolarização” do Centro Administrativo Santa Cândida. “É excelente trabalhar aqui. Há muitos anos dando aulas agora que senti o que é ser professor de verdade”, garante Forigo. O professor explica que, apesar de os alunos ficarem afastados dos estudos por muito tempo, eles demonstram a vontade em aprender e principalmente em recuperar o tempo perdido. O docente recorda que, no início, teve dificuldade em encontrar o melhor método de ensinar o conteúdo às turmas de servidores. Mudou, então, para um metodologia que leva em conta a realidade, o cotidiano de cada trabalhador. “Eu preciso entrar no mundo deles, para que então compreendam melhor o assunto tratado em sala de aula.” Segundo o outro professor, Kaumer Oliveira, a relação que mantém com os alunos é de amizade. Oliveira leciona Física aos alunos do Centro Administrativo Santa Cândida há apenas um mês. Ele diz achar “excelente” o programa de escolarização, porque melhora a auto-estima dos servidores. “Eles vêm com vontade de aprender e saem motivando a família e os filhos da importância dos estudos. E por causa desse valor é que são os alunos mais esforçados que tenho”, destaca o professor.

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