Uma unidade demonstrativa com todas as informações para a correta exploração da seringueira – do plantio até a sangria para colheita do látex – é a principal atração que o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) preparou para o Show Rural, evento promovido pela Cooperativa Coopavel que tem início nesta segunda-feira (9) e prossegue até sexta-feira (13), em Cascavel. Esse cultivo, chamado de heveicultura, é uma excelente alternativa para diversificação de culturas na propriedade e aumento de renda dos agricultores paranaenses, garantem os especialistas.
O Iapar vem estudando a adaptação da espécie no Paraná há quase 20 anos; graças aos bons resultados obtidos, o governo do Estado lançou inclusive um programa que, em 10 anos, pretende investir cerca de R$ 40 milhões em capacitação e linhas de crédito florestal aos produtores interessados em investir nesse tipo de plantio.
Mas não é só. Como faz todos os anos no Show Rural, o Iapar não mede esforços para levar aos produtores um amplo leque de opções tecnológicas apropriadas às condições de solo e clima do Paraná e adequadas a todos os perfis de produtores do Estado. Os visitantes poderão conhecer os avanços mais recentes nas culturas de algodão, arroz, mandioca, pastagens, milho, feijão, fruticultura, plantas para adubação verde. Também há uma unidade de espécies medicinais e outra onde é possível conhecer as mais recentes conquistas nas pesquisas com oleaginosas para biodiesel.
SERINGUEIRA – Segundo o pesquisador Jomar da Paes Pereira, além de mais uma opção de renda ao produtor, a exploração da seringueira tem um benefício adicional: auxiliar na recomposição da cobertura florestal das propriedades, já que, apesar de ser exótica (é originária da Amazônia), pode ser utilizada em área de reserva legal.
A espécie também pode ser cultivada em áreas mais acidentadas, onde protege o solo da erosão, e consorciada com culturas perenes e anuais. Pereira explica que o gasto com mudas e insumos é de pouco mais de R$ 4 mil por hectare no período de implantação, de seis anos.
No sexto ano a seringueira começa a produzir; a partir daí, é possível extrair o látex durante dez meses por ano. Em valores atuais, o pesquisador estima que um hectare de seringueira possibilita obter em torno de R$ 600 por mês, já descontados os custos com a sangria. As árvores produzem durante 30 a 35 anos e, depois, ainda geram renda com a retirada de madeira. Também não há problemas para vender a borracha, “o mercado é comprador e toda a produção é facilmente comercializada”, explica.
Enquanto as árvores não começam a produzir látex, Pereira recomenda o plantio intercalar de culturas anuais, como milho e feijão. “A renda com essas lavouras reduz ainda mais o custo de implantação do seringal”, diz. Ele também conta que já foram obtidos bons resultados com o plantio de seringueira em consórcio com café. “Sombreado pela seringueira, o cafezal fica protegido da geada e dá grãos maiores”, esclarece.
VARIEDADES – Como faz todos os anos, o Iapar apresenta aos produtores que visitam o Show Rural suas variedades mais recentes e, também, as linhagens que se encontram em fase final de avaliação para lançamento: são materiais de algodão, amora, arroz, feijão, laranja, milho, café, mandioca, seringueira, maçã e pastagens.
BIODIESEL – Em parceria com a Coopavel, Embrapa, Emater, Coopavel e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), o Iapar também está presente em uma unidade específica de biodiesel, onde apresenta as mais recentes conquistas obtidas da pesquisa com as culturas de soja, algodão, gergelim, girassol, amendoim, cártamo, tungue e pinhão-manso. Conforme os pesquisadores, a produção de espécies voltadas à produção de biocombustíveis pode ser uma nova opção de renda para os produtores, sem necessidade de alterar o sistema de produção já praticado nas propriedades. A apresentação dos avanços alcançados na cultura da mamona é o destaque deste ano.
ADUBAÇÃO VERDE – O Iapar enfatiza mais uma vez a necessidade de se fazer rotação e diversificação de culturas na propriedade. Segundo os pesquisadores, essa prática melhora a condição geral do solo, equilíbrio ambiental e aumento da biodiversidade, o que estimula a presença de inimigos naturais e, consequentemente, a diminuição do risco de ataque de pragas e doenças, além de ser viável do ponto de vista econômico. Para isso, o Instituto preparou uma unidade demonstrativa com grande variedade de plantas de cobertura, opções de plantio que podem ser utilizadas tanto para cultivo solteiro como em associações.
Seringueira será atração do Iapar
Esse cultivo, chamado de heveicultura, é uma excelente alternativa para diversificação de culturas na propriedade e aumento de renda dos agricultores paranaenses, garantem os especialistas
Publicação
06/02/2009 - 15:59
06/02/2009 - 15:59
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