O Senado Federal aprovou na semana passada Projeto de Lei de Conversão (PLV) 18/08 que aumenta a participação do modal ferroviário na logística de transporte do país, garantindo a expansão da Ferroeste - ferrovia pública que liga Cascavel a Guarapuava, no Paraná - até Maracaju, no Mto Grosso do Sul.
A MP 427/08 que originou Projeto de Lei de Conversão (PLV), no que se refere à extensão da Ferroeste, atendeu a uma reivindicação Codesul (Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul) formado pelos governadores Roberto Requião (PR), André Puccinelli (MS), Luiz Henrique da Silveira (SC) e Ieda Crusius (RS) com objetivo de encontrar alternativas aos desequilíbrios regionais, em função da concentração do crescimento no centro do país.
A Frente Parlamentar em Defesa da Ferroeste, integrada por deputados estaduais e federais dos três estados, também foi outra força política consolidada em defesa da extensão da ferrovia nos trechos Cascavel-Maracaju, Guarapuava- Paranaguá e Sudoeste do Paraná em direção ao Oeste de Santa Catarina.
LOGÍSTICA - A Ferroeste é a única operadora ferroviária pública, com infra-estrutura estatal disponível no Brasil, ressaltou o presidente empresa, Samuel Gomes. Segundo ele, a extensão da Ferroeste ao Mato Grosso do Sul e à Santa Catarina tem que ser vista como uma estratégia nacional de desenvolvimento.
“Isso porque integra a região Sul ao Centro Oeste e aos portos do Paraná e de Santa Catarina, diminuindo os custos de produção e tornando as regiões beneficiadas mais atrativas para novos investimentos industriais. Hoje, com os gargalos de escoamento existentes e nas condições de infra-estrutura atuais, o Brasil perde tempo e dinheiro”, destaca.
PARAGUAI – O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, também esteve em Assunção, onde estabeleceu contatos com as novas autoridades paraguaias e com os representantes dos setores produtivos daquele país, o qual será diretamente beneficiado com a extensão das linhas da ferrovia, nos trechos que liga Cascavel a Foz do Iguaçu.
De acordo com estudos de escoamento da produção daquele país, os produtos paraguaios seriam altamente beneficiados com a nova logística de escoamento, por meio da utilização da malha ferroviária da Ferroeste, chegando ao porto de Paranaguá.
Atualmente, o Paraguai faz o escoamento da produção por portos fluviais argentinos e uruguaios, de forma ineficiente. A opção de chegada ao Porto e Paranaguá, sem a Ferroeste é quase inviável por conta dos elevados custos de frete rodoviário até o porto. Prova disso, é que dos sete milhões de toneladas de grãos que o Paraguai produz atualmente, apenas 300 mil toneladas chegam ao Porto de Paranaguá.
A extensão da Ferroeste de Cascavel a Foz do Iguaçu faz parte de uma estratégia estabelecida pelos governos do Chile, Argentina, Paraguai e Brasil para construírem um corredor ferroviário bioceânico entre os portos paranaenses e os chilenos.
A primeira reunião entre os governos ocorreu em 29 de maio deste ano, no Palácio San Martin, em Buenos Aires, da qual o presidente da Ferroeste participou a convite do Itamaraty. Na reunião, que contou a participação do BNDES, ficou estabelecido que o Brasil aportará os recursos necessários para auxiliar o Paraguai a construir sua ferrovia que conectar-se-á com a Ferroeste em Foz do Iguaçu.
Em setembro, os governos estarão novamente reunidos, em Assunção, já com a participação de representantes do novo presidente Fernando Lugo para discutira a questão. Representantes da Ferroeste estarão participando desta nova rodada de acordos.