Seminário mostra a importância da restinga para áreas litorâneas

O Governo do Paraná apoia ações em torno da preservação da restinga. Os resultados são inéditos e podem ser comprovados nos municípios de Guaratuba e Pontal do Paraná
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15/07/2010 - 17:00
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Políticas públicas, ações e projetos para conservação e manutenção dos remanescentes de restinga no Litoral paranaense foram discutidos nesta quinta-feira (15) em Matinhos, no Seminário “Restinga – Que ‘matinho’ é esse?”. Representantes dos sete municípios litorâneos (Guaratuba, Matinhos, Pontal do Paraná, Antonina, Morretes, Guaraqueçaba e Paranaguá) compareceram ao evento promovido para mostrar à população o que é o bioma restinga, vegetação que, entre outros benefícios, forma uma barreira natural contra as ressacas e controla o avanço das dunas evitando que seus movimentos provoquem prejuízos urbanos.
A programação incluiu palestras de biólogos sobre as espécies de fauna e flora encontradas na restinga; apresentação do projeto Restinga Viva; visita a campo; a experiência do município de Itapema, em Santa Catarina para proteção da restinga; conservação e manejo da restinga no Espírito Santo e técnicas de compostagem. Ao final, os participantes discutiram propostas e ações para proteção da restinga que deverão ser realizadas nos próximos meses que antecedem a temporada de verão.
A iniciativa é uma parceria entre a Prefeitura de Matinhos e o Governo do Estado - por meio da Sanepar, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Emater e Batalhão de Polícia Ambiental-Força Verde.
Participaram do Seminário estudantes e professores universitários, técnicos, comerciantes, surfistas, pescadores e coletores de materiais recicláveis.
IMPORTÂNCIA - Restingas são formações vegetais costeiras, extremamente adaptadas a condições adversas como ventos, terrenos arenosos, baixos níveis de fertilidade do solo e elevado grau de salinidade. Tudo isso se deve à sua proximidade com o mar.
Associadas à restinga estão as dunas, formadas pela areia e depositada nas praias pelas marés altas e transportadas pelos ventos, gerando elevações em constante mudança.
Durante o seminário, a Prefeitura de Matinhos apresentou o projeto de engordamento da orla do município, prejudicado pelo avanço do mar e, em muitos casos, pela degradação das áreas de dunas e restinga. O projeto – com investimentos de R$ 22 milhões - consiste em aumentar 50 metros a faixa de areia na orla do município, recuperando áreas de erosão e a paisagem local. Será necessária a utilização de 1,3 milhão de metros cúbicos de areia retiradas de jazidas localizadas a 13 metros de profundidade em mar aberto. O prefeito Eduardo Dalmoura contou que sempre foi defensor da preservação do ecossistema.
“É com muita alegria que Matinhos faz o primeiro seminário sobre a restinga. Eu sempre defendi a proteção desta vegetação e hoje o município terá que gastar para fazer a recuperação da nossa praia, devido à falta da restinga”, mencionou Dalmoura. Segundo ele, a primeira fase do projeto é o engordamento da orla e o segundo a revitalização da praia e que inclui o plantio de espécies nativas da restinga.
“Vamos construir um grande viveiro que vai aliar a produção de mudas de espécies nativas da restinga com e reciclagem do coco verde. A ideia é cortar o coco ao meio e utilizá-lo para o plantio de mudas, tendo em vista que o coco segura a umidade por até 30 dias, o que permite o plantio na areia”, antecipa Dalmoura.
A construção do viveiro será uma parceria entre a prefeitura, IAP e Sanepar – idealizadora do projeto piloto Restinga Viva. As mudas produzidas no viveiro, localizado no Parque Estadual Rio da Onça, contribuirão para acelerar a recuperação das áreas degradadas no litoral paranaense.
O presidente do IAP, Volnei Bisgnin, elogiou a iniciativa do Seminário e disse que o órgão ambiental continuará trabalhando em defesa dos ecossistemas naturais do Paraná. “Ações como esta, capitaneadas por moradores do litoral, são fundamentais para conscientizar os turistas durante a temporada de verão quando a vegetação corre maior risco de degradação”, declarou Volnei.
As ações de educação foi um dos pontos mencionados como fundamentais para o tema. O coordenador de biodiversidade e florestas da Secretaria, Leverci Silveira Filho, lembrou que as ações da Secretaria do Meio Ambiente tem sido focadas na orientação de turistas e veranistas. “Com o trabalho conjunto entre o IAP e a Força Verde garantimos a proteção integral das áreas de restinga em Pontal do Sul e Guaratuba, por exemplo, onde os turistas entravam com veículos na faixa de areia em temporadas anteriores”, relatou. Leverci também coordenou a publicação da Série “Ecossistemas do Paraná”, recém-finalizada pela SEMA e que inclui um volume inteiro dedicado a Restinga. “Precisamos agregar mais e avançar nesta política importante de recuperação e cuidado do nosso litoral. Quanto mais protegida, maior será o porte da vegetação e mais protegida estará a nossa orla”, destacou.
HISTÓRICO - O Governo do Paraná apoia ações em torno da preservação da restinga. Os resultados são inéditos e podem ser comprovados nos municípios de Guaratuba e Pontal do Paraná, onde o isolamento da orla foi coordenado por Associações de Surfe e Bodyboard. O trabalho despertou o interesse das crianças e dos comerciantes que já estão ‘adotando’ áreas de restinga em frente aos seus estabelecimentos.
“Além do aumento da vegetação e das dunas também estamos constatando o aumento da participação social. Neste final sábado (17) vamos promover na praia Brava de Guaratuba um novo mutirão para recolhimento do lixo da restinga e que contará com a participação de moradores e veranistas”, anunciou o presidente da Associação de Surfe de Guaratuba, Márcio Odevagen.

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