Seminário discute trem bala entre Rio, São Paulo e Curitiba

Especialistas defenderam a criação das duas linhas de trem de ala velocidade
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30/06/2008 - 14:20
Editoria
Os projetos dos trens de alta velocidade que ligariam Rio de Janeiro/São Paulo e Curitiba/São Paulo foram discutidos no seminário internacional sobre ferrovias, realizado pela Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A (Ferroeste) e Associação Latinoamericana de ferrovias (Alaf), na sexta-feira (27). A palestra do diretor da Revista Ferroviária e vice-presidente da Agência de Desenvolvimento do Trem Rápido entre Municípios (AD-Trem), Gerson Toler, fez um resumo histórico das ferrovias brasileiras e da realidade atual dos trens de alta velocidade na Europa. Segundo ele, nos anos 60, o Brasil atingiu o auge do setor e na mesma época entrou em declínio. “O país começou a fabricar automóveis e a investir cada vez mais em rodovias. As estradas de ferro perderam a concorrência devido ao sucateamento de locomotivas, que ainda eram a vapor, e os investimentos eram mínimos”, contou. Gerson afirmou que o momento atual é favorável e de recuperação, “um dos motivos é o controle da inflação que está permitindo maiores investimentos em ferrovias”. De acordo com ele, na Europa, são usados quase 4 mil quilômetros de ferrovias de alta velocidade, 1.200 quilômetros estão em fase de implantação e até 2020 serão 9 mil. Ele disse que existe um grupo de consultores estudando o assunto. “Existe a necessidade de se fazer estudos preliminares, saber quais são os pontos positivos e negativos nesse processo para que futuramente possamos implantar esse tão importante projeto em nosso país”, concluiu. Jurimar Cavichiolo falou sobre o projeto Curitiba/São Paulo, ele afirmou que as vantagens da implantação do trem que ligaria as duas capitais são inúmeras. Segundo ele o governo federal já demonstrou interesse no assunto e, por isso, já existem grupos de estudos trabalhando e criando novos subsídios para serem incluídos no projeto. “Apesar do grande investimento necessário, as vantagens são muitas. Temos um aumento muito grande no número de passageiros, no número de veículos e caminhões circulando e, conseqüentemente, o aumento de acidentes, sem falar da degradação da malha ferroviária”. Ignácio Monfort, representante da empresa espanhola Ineco-Tifsa mostrou aos participantes as oportunidades para a alta velocidade na América Latina e a bem sucedida experiência de seu país no setor. Para Manfort a Espanha possui hoje os melhores trens de alta velocidade do Mundo, “o exemplo da Espanha de apostar na alta velocidade permitiu dinamizar o setor no país, os investimentos ajudaram o desenvolvimento da empresas ferroviárias e hoje elas estão aptas a exportar tecnologias”. Segundo Manfort existem outros aspectos importantes que devem ser mencionados, “a questão econômica e social é fundamental nesse processo, a alta velocidade permite um equilíbrio territorial que favorece regiões mais isoladas em relação às metrópoles”, afirmou. O vice-presidente da União Internacional de Ferrovias para a América Latina, Samuel Gomes, disse que o projeto de um trem de alta velocidade entre Curitiba e São Paulo passou a ser conhecido na comunidade ferroviária internacional a partir da apresentação do professor Jurimar Cavichiolo e por ele próprio no Congresso Mundial de Alta Velocidade realizado no mês de março, em Amsterdã, Holanda. Segundo ele, o projeto apresenta indícios claros de viabilidade. “Segundo os engenheiros que há anos estudam o tema no Instituto de Engenharia do Paraná, liderados pelo ex-governador Emilio Gomes e pelo professor Jurimar Cavichiolo, existem hoje mais de oito milhões de passageiros anuais entre Curitiba e São Paulo. Considerados estes números, podemos pensar no trem de alta velocidade. Estudos clássicos demonstram que cinco milhões de passageiros viabilizam o projeto”. Samuel ressaltou que o número de passageiros aumentará com a implantação do trem bala. “A experiência internacional ensina que o trem de alta velocidade induz demanda à ordem de 30 a 35%. A rapidez, conforto e segurança do chamado trem bala proporcionará levar as pessoas mais rapidamente. Imagine você sair de Curitiba e em duas horas desembarcar na Estação da Luz em São Paulo. Quando existir este meio seguro, rápido, confortável e eficiente de transporte nós teremos uma circulação muito maior de pessoas”, disse. O número anual de 8 milhões de passageiros foi estimado pelo engenheiro e professor do Instituto de Engenharia do Paraná, Jurimar Cavichiolo em estudo realizado pela Escola de Engenharia através de dados colhidos no Aeroporto Afonso Pena e na Polícia Rodoviária Federal e Estadual. Cavichiolo prevê que o trem bala entre Curitiba e São Paulo possa transportar produtos de alto valor agregado como eletroeletrônicos, farmacêuticos, de higiene e limpeza, materiais de construção, peças e assessórios, papel e celulose, plástico e borracha, química e petroquímica e tecnologia e construção. “Estes produtos de alto valor agregado podem ser transportados pelas empresas em contêiners, seguindo o exemplo da França”, concluiu o professor. Samuel Gomes disse que acompanha o debate sobre a viabilidade da alta velocidade ferroviária entre Curitiba e São Paulo na condição de vice-presidente da União Internacional de Ferrovias na América Latina. A UIC é a mais importante associação ferroviária mundial e tem como tem como bandeira a difusão mundial dos trens de alta velocidade. “A Ferroeste como empresa do governo do Estado, não tem ainda uma posição sobre o projeto, mas eu, particularmente e como dirigente da UIC, o considero de alta importância e estou apoiando a sua divulgação”, concluiu.