Secretário projeta que crise vai aproximar países sul-americanos

Enio Verri, da Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral, defendeu a “construção social” para a integração da América do Sul
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10/12/2008 - 14:27
Editoria
Dificuldades que serão enfrentadas decorrentes da crise financeira e econômica, alternativas para evitar maiores estragos em cada país e a importância da integração da América do Sul foram os temas abordados pelo secretário de Estado do Planejamento e Coordenação Geral paranaense, Enio Verri, no seminário internacional “Crise – Rumos e Verdades”, nesta quarta-feira (10), em Curitiba. Ele participou da primeira mesa-redonda do dia no evento promovido pelo governo do Paraná, cuja programação segue até a quinta-feira (11), no Canal da Música. Ao apresentar uma visão pessoal e não a da administração pública estadual, conforme fez questão de frisar, Verri, que é professor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e doutor em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo (USP), disse acreditar que a atual crise vai aprofundar o processo de integração sul-americana. “Nossos países vão conversar muito mais e não tenho dúvidas de que vamos construir políticas mais rápidas e incisivas, fortalecendo esse processo”, afirmou. Ele lembrou que a integração não tem a ver somente com o fluxo comercial, mas também com a construção social, e vai desenhar a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). “Essa é a saída mais sólida”, observou. “Para isso, serão necessários harmonia mínima de nossas políticas macroeconômicas, o controle do capital especulativo – que é um debate que temos que ampliar – e uma integração política”, ressaltou. A partir da integração política, segundo Verri, será possível discutir outras questões, como as das áreas industriais, da saúde e da educação. O secretário avaliou que a integração deve ser pensada também no âmbito de relacionamento com países de outros continentes, como a África e a Europa. “Isso levaria a uma grande diferença, para daí sim discutirmos a soberania norte-americana e chegarmos a um enfrentamento dela. Essa parceria com países de outras regiões é que vai permitir que façamos a revisão do papel dos Estados Unidos na nova ordem mundial”, destacou. MEDIDAS – Segundo Enio Verri, não há dúvidas que os países sul-americanos enfrentarão grandes dificuldades com a crise atual. “Ela é fruto de pelo menos duas décadas de políticas neoliberais”, opinou. Ele salientou que é preciso pensar em políticas para cada país, além das alternativas coletivas. “Uma delas é ampliar, mais do que nunca, o investimento em infra-estrutura, que vai gerar a dinâmica necessária para o nosso desenvolvimento. Outra medida é a redução da taxa de juros, que incentivaria o investimento produtivo e o capital nacional. Também é preciso pensar no consumo do mercado interno”, enumerou.

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