O secretário do Desenvolvimento Urbano, Renato Adur, conclamou os prefeitos que participam, em Cornélio Procópio, do terceiro encontro do Programa de Líderes Públicos, a se reunirem com todos os segmentos sociais de seus municípios para traçar metas de geração de emprego e renda, de inclusão social, e de constituição de micro e pequenas empresas para que seja possível diminuir paulatinamente as diferenças sociais que aumentam no Brasil. Segundo ele, durante a 2.ª Conferência Estadual das Cidades, realizada na semana passada em Foz do Iguaçu, os movimentos sociais revelaram “claramente que o distanciamento social se acentua a cada dia”. Depois de afirmar que ficou assustado com o grito de alerta que ouviu em Foz do Iguaçu, Renato Adur disse aos prefeitos que, “se não houver medidas concretas, fora do discurso, para que possamos resolver cada situação que se apresenta e se agrava, nós teremos nos próximos 15 anos uma convulsão social neste país”. Ele acrescentou que há uma descrença nos representantes da população e que, em razão dessa descrença e “se não tivermos medidas definitivas para solucionar as questões mais sérias do povo, os movimentos sociais tomarão a vez do Executivo e do Legislativo”. Hoje, lembrou, dos 170 milhões de habitantes e dos 60 milhões de trabalhadores ativos, o Brasil tem um número de marginalizados próximo de 30 milhões. Soluções – O secretário Renato Adur disse, em seguida, que há soluções em ações conjuntas em andamento para a geração de emprego e renda nos municípios. Lembrou que o governador Roberto Requião isentou do ICMS, já no início da sua administração, as micro e pequenas empresas. E informou que a Secretaria do Desenvolvimento Urbano (Sedu) e o Paranacidade financiam, por meio do Programa Paraná Urbano II, a construção de barracões industriais. E a Federação das Associações de Municípios do Paraná (Femupar) e o Banco do Brasil, em parceria, abriram linhas de crédito no valor de R$ 130 milhões para micro e pequenas empresas, profissionais liberais e empresários individuais. O terceiro encontro do Programa de Líderes Públicos (edição 2005-2006) teve início na noite de quarta-feira (28) e prossegue até esta sexta-feira (30), reunindo cerca de 600 pessoas, entre prefeitos, vices, vereadores, secretários municipais e dirigentes de autarquias. O evento tem o objetivo de capacitar gestores municipais para a implementação de políticas públicas visando o desenvolvimento sustentável local e regional. A realização é do Governo do Estado, por meio das secretarias do Desenvolvimento Urbano e do Planejamento, além do Paranacidade, em parceria com o Sebrae/PR e da Associação dos Municípios do Paraná (AMP). Plano diretor – Na abertura dos trabalhos técnicos desta quinta-feira (29), o superintendente executivo do Paranacidade, Luiz Forte Netto, anunciou que a exigência do plano diretor para que os municípios se habilitem aos financiamentos com recursos públicos, de acordo com decreto assinado pelo governador Roberto Requião, vai se transformar em obrigatoriedade a partir da aprovação de uma lei específica. Forte Netto disse que até o fim do ano que vem todos os 399 municípios paranaenses terão planos diretores, número que em 2005 já chega a 200. Na continuidade, o professor e economista Carlos Lessa, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), analisou, dentro da conferência “Brasil: crise e alternativas”, a história política e econômica do país nos últimos 15 anos e configurou os principais problemas estruturais que determinam os problemas de hoje. Para ele, os líderes públicos precisam conhecer essa história e os problemas do Brasil para que possam propor alternativas e soluções. Já o professor João Benjamin da Cruz Jr, da Universidade Federal de Santa Catarina, que falou do “Papel do líder na transformação da sociedade”, disse que o conceito de transformação da sociedade passa por uma transformação cultural. “Enquanto os políticos enxergarem a vida pública como um trampolim para a realização de desejos pessoais, não há tecnologia ou reforma legislativa que melhore a situação brasileira”, avisou.