A Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social vai participar da audiência pública sobre saúde do trabalhador, que será realizada na terça-feira (03), no Plenarinho da Assembléia Legislativa. O encontro lembra o Dia Internacional de Prevenção às Lesões por Esforços Repetitivos (LER), neste sábado (28).
O objetivo da reunião é cobrar atitudes dos órgãos responsáveis pela legislação e fazer com que haja envolvimento dos políticos para que as leis em favor do trabalhador sejam aplicadas corretamente pelas empresas.
Para o coordenador de Estudos, Pesquisas e Relações do Trabalho da Secretaria, Núncio Mannala, as mudanças tecnológicas das empresas e a cobrança da alta produtividade, prejudicam o trabalhador e causam prejuízos milionários para as prefeituras e Estados, que arcam com grande parte das despesas. “Hoje, dois trabalhadores fazem o serviço que antes era de dez pessoas, afetando a saúde. É uma situação que deve ser combatida com ações permanentes por toda sociedade”, explica Mannala.
Sobre os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) ou Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Núncio diz que a prevenção é a grande solução. Ele explica que essa doença é uma das que mais afetam a classe trabalhadora, trazendo problemas sérios. “As categorias profissionais que encabeçam as estatísticas são bancários, metalúrgicos, digitadores e operadores de telemarketing”, explica. A maior incidência ocorre entre as mulheres, entre 30 e 40 anos. “Para evitar esses transtornos, temos que conscientizar tanto funcionários quanto empregadores”, completa.
Para elaborar as propostas de políticas públicas no combate a Dort foram convidados a gerente regional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Eliane Luzia Schinidt; o superintendente regional do Trabalho e Emprego, João Alberto Graça; o procurador regional do Trabalho, Inajá Vanderlei Silvestre dos Santos; o deputado estadual Tadeu Veneri; representantes da Comissão Interna da Saúde do Trabalhador (CIS) e o Conselho Regional de Medicina (CRM).
Outra ação da sociedade civil é uma passeata no sábado (28), que irá mostrar males dessa doença. O movimento começa às 9h30, na boca maldita. Vão participar: a Central Única dos trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), União Geral dos Trabalhadores (UGT).
REALIDADE – Edmilson Alves Moreira, 37 anos, está afastado do trabalho, desde 2001. Ele cursa engenharia mecânica automotiva e trabalhava na colocação de vidros em automóveis. Ele conta que tudo era feito manualmente, exigindo muita força e cuidado para não cometer erros. Em cada turno, eram preparados, em média, 500 carros.
“O correto seria a troca de turno a cada duas horas, para não forçar muito o pulso. Ficávamos colando vidro durante um mês seguido, que ocasionava muita dor. Muitas pessoas que trabalhavam comigo se machucaram e algumas até fizeram cirurgia”, diz. “Sabemos que, nas empresas de São Paulo e da Alemanha, quase todo o trabalho é feito por robôs e os funcionários apenas faziam a inspeção de qualidade”, completa.
Durante dois anos e meio na mesma função, comunicou ao setor a dor que sentia. O médico responsável diagnosticou a lesão por esforços repetitivos e orientou afastamento daquele trabalho, mas o pedido não foi aceito pela empresa. Edmilson iniciou sessões de fisioterapia, mas como continuou na mesma função, não obteve resultados positivos.
Demitido, e sem garantia de tratamento médico, agora está em processo judicial contra a empresa. O ex-funcionário afirmou já tem ganho todas as instâncias e agora aguarda apenas a decisão final.
Serviço:
Audiência pública sobre saúde do trabalhador
Local: Plenarinho da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná
Data: 03/03/2009
Horário:10 horas