Com o projeto em desenvolvimento na bacia do Rio Verde, na Região Metropolitana de Curitiba, a Sanepar desenvolve nova metodologia para identificar e rastrear resíduos de agrotóxicos que, eventualmente, chegam aos mananciais. No fim de semana, a empresa reuniu, em Curitiba, seus técnicos, pesquisadores das universidades Federal do Paraná (UFPR) e Estadual de São Paulo (Unesp), representantes do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Emater, PGAIM, Ministério Público e secretarias estaduais da Agricultura e Saúde.
Segundo Maria Arlete Rosa, diretora de Meio Ambiente Social e Ação Social da Sanepar, o constante desenvolvimento de novos produtos pela indústria agroquímica exige avanço nas técnicas de identificação e remoção dos resíduos tóxicos que, por diferentes situações, atingem minas, córregos e rios, com o risco de inviabilizar o uso desses cursos de água para o consumo humano. “Chegamos num momento crítico: com a escassez dos recursos hídricos cada vez mais presente, precisaremos mudar todos os procedimentos adotados até hoje em relação aos agrotóxicos. E isto implica legislações mais severas para controlar o uso dos defensivos e adubos e novas técnicas de análise e tratamento da água que venha a ser contaminada”, avalia.
O estudo desenvolvido no Rio Verde pela Sanepar, em parceria com pesquisadores da Unesp, é fruto de solicitação da Petrobrás, para avaliação orgânico-mineral do manancial usado pela empresa. Entre os 19 eixos da pesquisa, um tem o objetivo de criar parâmetros de monitoramento de substâncias químicas, que posteriormente implicarão desenvolvimento de novas técnicas de sua remoção. De acordo com Charles Carneiro, gerente da Assessoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Sanepar, o trabalho também contribuirá para a modernização da legislação, já que atualmente as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) não contemplam a detecção de muitas categorias de moléculas que podem ser prejudiciais à saúde humana e que são muito utilizadas pela agricultura atual.
Também participou da reunião o deputado federal Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha, um dos legisladores que trata do tema no Congresso Nacional. Para o deputado, os resultados obtidos não só pela pesquisa da Sanepar, mas como por outras desenvolvidas no Brasil, terão o papel de fundamentar a discussão no âmbito do Congresso Nacional para a criação de leis mais severas em relação aos agrotóxicos. Vale lembrar que, hoje, dos 20 princípios ativos mais usados nos defensivos agrícolas, somente três estão relacionados na Resolução Conama 357/2005, que regula, entre outras coisas, os valores máximos permitidos para substâncias tóxicas presentes nos corpos de água.
Ainda durante o encontro, os pesquisadores do Aquatoxi – Grupo Multidisciplinar em Toxicologia Aquática – da UFPR apresentaram a proposta da criação do Programa de Avaliação Permanente do Risco da Presença de Agentes Químicos em Mananciais do Paraná, com vistas a implantar um modelo de monitoração dos cursos de água do Estado, baseado em bioindicadores, associados às tradicionais análises químicas. Segundo os doutores em ciências biológicas Helena da Silva de Assis e Ciro Ribeiro, o biomonitoramento permite identificar moléculas imperceptíveis nos testes empregados atualmente e, além disso, avaliar o impacto provocado em organismos vivos, como, por exemplo, na população de peixes. Assim, a nova metodologia é vantajosa à medida que os fabricantes de produtos químicos estão sempre introduzindo novos princípios ativos nos agrotóxicos.