Com o licenciamento ambiental de mais sete unidades gerenciamento de lodo (UGL), o programa da Sanepar para o uso agrícola de lodo de esgoto foi ampliado para novas regiões do Paraná. Além das instaladas em Curitiba e Foz do Iguaçu, que foram pioneiras no processamento do produto, ainda este ano, entrará em escala de produção em Londrina, Pato Branco, Ponta Grossa, Arapongas, Santo Antônio da Platina, Maringá e Umuarama. Outras 38 UGLs estão em processo de licenciamento ambiental junto ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o que permitirá à Sanepar levar o programa para todo o Estado.
O biossólido ou lodo de esgoto é o resíduo resultante do tratamento do esgoto doméstico. Por ser rico em matéria orgânica e ter quantidades significativas de nutrientes, entre eles nitrogênio e fósforo, o insumo pode ser usado para grandes culturas, como soja, milho e trigo. Contudo, ele não é indicado para hortaliças ou culturas cujas partes comestíveis têm contato direto com o solo, como a batata e a mandioca.
O produto é utilizado por agricultores na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) desde 2000, com ganho de produtividade de até 40% e economia média na compra de adubos químicos e calcário de R$ 500,00 por hectare. Na RMC, já foram aplicadas 105 mil toneladas de lodo de esgoto, até o ano passado 2008, beneficiando 120 agricultores. Além da capital, o programa tem resultados práticos também em Foz do Iguaçu, com 912 toneladas destinadas, até o ano passado. Nesta fase de ampliação, os produtores de Londrina saíram na frente e, para atual safra de trigo, 270 toneladas do insumo foram distribuídas para adubação de 17 hectares, em três propriedades rurais.
PARCERIA – Desde o início do programa, a Sanepar e a Emater trabalham em parceria, definindo critérios para distribuição e aplicação do produto, enquanto o preparo do lodo fica a cargo das UGLs. Este processo inclui a secagem, a higienização com cal – o que permite a substituição do calcário na correção de solos – e a coleta de amostras para análises, a fim de comprovar a qualidade do produto. Para atender às exigências ambientais e garantir o uso seguro, entre os parâmetros analisados estão a identificação de metais pesados e a investigação microbiológica antes da liberação dos lotes destinados à adubação.
Outro cuidado tomado é com o terreno que receberá o lodo higienizado. Cada área agrícola passa por análises de solo para estabelecer a quantidade do fertilizante que será aplicado. Os agrônomos da Emater orientam, ainda, sobre o modo de aplicação e restrições de locais, e os coordenadores da entidade e da Sanepar registram anotações de responsabilidade técnica sobre este processo junto ao Crea. “Todos esses procedimentos têm permitido à Sanepar seguir as diretrizes estabelecidas pela Agenda 21, que recomenda a reciclagem como alternativa a gestão de resíduos”, explica Maria Arlete Rosa, diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar.
HISTÓRICO - O programa foi desenvolvido com a participação de mais de 200 pesquisadores de 27 instituições, como a Universidade Federal do Paraná (UFPR), PUC-PR, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Senai-Cetsam, Emater, Tecpar e Embrapa e das principais universidades de nove estados brasileiros. Além do licenciamento do IAP, o uso do insumo é autorizado pelo Ministério da Agricultura.
A pesquisa da Sanepar foi a grande vencedora do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, na categoria Processo, em dezembro de 2007. A Companhia concorreu com outros 114 projetos de todo o país. Trata-se da principal premiação para a pesquisa do Brasil e é promovida pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Sanepar amplia programa do uso do lodo de esgoto na agricultura
O produto é utilizado na Região Metropolitana de Curitiba, com ganho de produtividade de até 40%
Publicação
20/08/2009 - 12:10
20/08/2009 - 12:10
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