A ausência de uma política habitacional e a conseqüente falta de investimentos públicos nos últimos anos provocou um crescimento desordenado das cidades e o aumento do número de favelas no Paraná. Segundo dados divulgados esta semana pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a região Sul é a que tem o maior percentual de cidades com favelas cadastradas (20,2%), com 111.200 domicílios localizados em áreas irregulares. "Esses dados são preocupantes, indicam que temos que enfrentar o desafio de melhorar as cidades. Isso só será possível com a existência de fontes permanentes de financiamento para habitação", disse o presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Luiz Claudio Romanelli, durante o Seminário Políticas Públicas para Habitação Popular, encerrado nesta sexta-feira (14), na Câmara Municipal de Curitiba.
Para Romanelli, a Cohapar tem como uma de suas prioridades o enfrentamento das ocupações irregulares na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), cujo percentual de municípios com favelas é de 58,3%, de acordo com o IBGE. "A maior parte do déficit de moradias se encaixa na faixa de renda de até três salários mínimos e para atender essa demanda, somente usando recursos subsidiados", afirma Romanelli. O programa Direito de Morar, em fase de implantação nas vilas Parolin, em Curitiba, e Zumbi dos Palmares, em Colombo, faz parte da estratégia da Cohapar para solucionar o problema das pessoas que vivem nas ocupações irregulares.
De acordo com o secretário especial para Assuntos da Região Metropolitana de Curitiba, Edson Strapasson, as ocupações sofrem um processo de adensamento, com um acréscimo de 21% de pessoas que ali vivem. "A solução é que tenhamos um trabalho conjunto entre municípios, Estado e governo federal para podermos reverter esse quadro", disse Strapasson.
O problema das ocupações irregulares foi um dos principais temas tratados durante o Seminário. "A questão habitacional nunca foi tratada de forma coerente e essa situação preocupa o Ministério Público, pois quando mais se combatem os loteamentos clandestinos, mais outros aparecem", disse o promotor de justiça João Henrique Vilela da Silveira. Para Luiz Herlain, que representou a Central dos Movimentos Populares (CMP) e faz parte do Conselho das Cidades, a questão do empobrecimento da população é outro entrave para o desenvolvimento. "Além de moradia, o que falta é renda", salientou Herlain.