Após nove anos, o Instituto Cultural e de Pesquisas Ilu-Aye-Odara relança nesta quinta-feira (15) a revista AfricAxé. Dedicada à discussão das questões que envolvem afrodescendentes, a revista tem a proposta de simplificar a linguagem científica e corrigir falha na historiografia oficial do Estado. “Desde a primeira fase existe um cuidado especial com a qualidade editorial, que deve priorizar a base científica, entretanto com linguagem acessível”, afirma o secretário de redação da AfricAxé, Jayro Pereira de Jesus.
O primeiro número conta com artigo do ministro da Educação, Cristóvam Buarque, sobre a cota de negros nas faculdades; ensaio de fotos de Angola e a afirmação da identidade étnica através das religiões afro brasileiras. Jayro cita um exemplo da linguagem adotada ao antecipar a reportagem principal do próximo número, que trata dos 50 anos da Unesco na Bahia. “A reportagem derruba o mito construído pela antropologia americana - que considera a desigualdade social presente entre as etnias algo ‘natural’ e induz a um comportamento de conformação – através da análise da atuação da Unesco”, diz.
O secretário de redação chama atenção para a estratégia de divulgação, que conta com apoio voluntário de instituições sociais de todo o país. “Assim temos também correspondentes em vários estados”, completa. Além de Curitiba, o lançamento da revista ocorre - entre a segunda quinzena de janeiro e a primeira de fevereiro - nas cidades de Brasília, Salvador, Fortaleza, Recife e Porto Alegre. “É uma publicação que nasce no Estado com maior população de afrodescendentes na região Sul e que deve atingir todo o país”, sublinha.
Inclusão - Para o secretário para Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira, a revista supre uma lacuna na oferta de veículos para publicação de estudos e pesquisas. “Para que um pesquisador consiga divulgar sua pesquisa ele precisa se submeter a grandes revistas, com grandes pesquisadores como editores, que não conseguem transmitir o resultado daquela pesquisa numa linguagem acessível para a maioria”, explica.
Ao comentar o artigo do ministro da Educação, Cristóvam Buarque, sobre cotas de negros nas universidades, o secretário salienta que a linha editorial deve expandir as discussões para pessoas de todas os setores da sociedade. “Sem abandonar a base científica ou ser panfletária, a revista tem a proposta de discutir as questões sociais com simplicidade, oferecendo a possibilidade de interação com qualquer leitor”, resume.
Nizan ressalta ainda que a revista deve contribuir para historiografia oficial, trazendo para discussão da sociedade a participação do negro na construção da sociedade paranaense. “Fala-se muito pouco sobre o papel do negro nos 300 anos de história do Paraná. Quando é destacada a participação dos imigrantes, marcante no último século, 200 anos de história do negro são desprezados”, considera.
A revista AfricAxé será mensal e terá distribuição em todo o país, nos países africanos de língua portuguesa e comunidades de afro-brasileiros nos Estados Unidos e Europa. O lançamento da revista ocorre nesta quinta-feira, às 19h30, no Museu Oscar Niemeyer (r. Marechal Hermes, 999, Centro Cívico, Curitiba).
Revista Africaxé é relançada no Museu Oscar Niemeyer
Após nove anos, revista dedicada à discussão das questões que envolvem os afrodescendentes é relançada
Publicação
14/01/2004 - 00:00
14/01/2004 - 00:00
Editoria