Reunião no Mato Grosso do Sul reforça os projetos da Ferroeste

“A Ferrosul nasce para dar um novo rumo à gestão ferroviária, ao menos na região do Codesul”, afirma Samuel Gomes
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09/03/2010 - 18:30
Editoria
O governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, um dos signatários da Resolução do Codesul que determinou a criação da Ferrosul, destacou nesta terça-feira (9), em Campo Grande (MS), durante as discussões em torno do PNLT (Plano Nacional de Logística e Transporte) com o secretário de Política Nacional de Transportes, Marcelo Perrupato, a importância da ligação dos projetos da Ferroeste e da criação da Ferrosul para o desenvolvimento do seu Estado e para o país. Participaram do encontro os presidentes da Federação das Indústrias (Fiems), Sérgio Longen, e da Ferroeste, Samuel Gomes, além de secretários estaduais, prefeitos, deputados e empresários regionais.
Ressaltando que é preciso investir no modal ferroviário, Puccinelli disse que a necessidade do Mato Grosso do Sul de que seja acelerada a construção “do ramal que vem de Maracaju, Dourados e Mundo Novo e vai se unir a Cascavel (PR), fazendo com que tenhamos a possibilidade de escoar a nossa produção pelo Porto de Paranaguá”. A ferrovia faz parte do projeto de expansão da Ferroeste.
Segundo Puccinelli, o governo do Estado está afinado com as vontades dos municípios sul-mato-grossenses, de outros Estados e até de países vizinhos, como o Paraguai, para estabelecer uma parceria concreta com a União. “A consonância, a soma de esforços e de interesses dos municípios do Estado e da União farão do nosso Estado um ente federado com uma logística de transporte importante”, pontuou. As discussões sobre o PNLT aconteceram no no Centro de Convenções e Exposições Albano Franco, em Campo Grande.
Já o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, disse que “o Brasil está andando devagar na construção de infraestrutura de transporte e ainda prevalece no governo federal uma visão privatista. A ação da ANTT é demasiadamente doce para com os monopólios privados ferroviários que só pensam nos seus lucros, pisam no pescoço dos produtores e abandonam regiões inteiras à sua própria sorte. A Ferrosul nasce para dar um novo rumo à gestão ferroviária, ao menos na região do Codesul”, disse Gomes.
VETORES LOGÍSTICOS - Já o secretário de Política Nacional de Transportes, Marcelo Perrupato, destacou que o PNLT não é um produto acabado, mas vem sendo atualizado constantemente e, por isso, a necessidade do Ministério dos Transportes de ouvir os Estados. “Hoje, sabemos que a organização nacional da economia não enxerga mais barreiras estaduais, mas sim vetores logísticos”, ressaltou.
“Vamos fechá-lo no fim de abril deste ano”, continuou Perrupato, “quando pegaremos toda a massa de informação e vamos preparar as novas propostas de investimentos. A economia é dinâmica e está permanente em evolução, por isso se fazem necessárias as correções constantes”, disse, finalizando que o objetivo é atualizar as demandas de investimentos em infra-estrutura de transportes com vistas à preparação do PPA (Programa Plurianual) 2012-2015 que será enviado ao Congresso Nacional até meados do próximo ano.
O próximo encontro do cronograma de discussões sobre o PNLT será nesta quinta-feira (11), em Florianópolis, na Federação das Indústrias de Santa Catarina. Gomes lembra que o PNLT dividiu o Brasil em vetores de desenvolvimento, em vez de regiões, sendo que o Paraná participa de dois vetores.
Mais da metade do território paranaense, observa o presidente da Ferroeste, participa do “vetor centro-sudeste” – que inclui todo o Mato Grosso do Sul e São Paulo e parte de Minas Gerais e Goiás – e a outra parte está inserida no “vetor sul”, que inclui o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Samuel Gomes observa que a área de influência da Ferroeste alcança os dois vetores de desenvolvimento. O presidente da empresa paranaense defende a participação do Estado na gestão das ferrovias para evitar a formação de “monopólios privados que esfolam os produtores e impõe fretes artificialmente altos, em prejuízo dos interesses nacionais”.
INTEGRAÇÃO - O secretário estadual de Obras Públicas e de Transportes do MS, Edson Giroto, que também participou das discussões, ressaltou que seu Estado precisa ter uma matriz de transporte completa por ter um grande território e ser um dos maiores produtores de commodities do País. “Se nós não tivermos essa integração dos modais, nós nunca seremos um Estado de ponta. Hoje, nós temos Mato Grosso do Sul inserido no contexto nacional, discutindo a intermodalidade de transporte, fazendo com tenhamos condições de crescer com segurança e investimentos”, afirmou. Giroto disse que o Mato Grosso do Sul está investindo para recuperar rodovias no Estado. “mas precisamos de investimentos pesados em novas ferrovias e nas hidrovias”.
Durante os debates, o presidente da Fiems, Sérgio Longen, apresentou as demandas do setor industrial sul-mato-grossense, ressaltando que hoje o custo da produção regional é muito onerado pela deficiência do transporte rodoviário. “Nossas estradas estão estranguladas, operando em níveis máximos de capacidade, tanto nos períodos de safra, quanto de entresafra. O custo do frete é altíssimo, afetando diretamente a competitividade dos nossos produtos”. Longen lembrou ainda que o modal hidroviário é pouco explorado e, na mesma situação, “encontra-se o modal ferroviário que, apesar de geograficamente oferecer uma imensa potencialidade, hoje é subutilizado e não dispõe de condições seguras para o transporte das cargas.”, destacou.
O presidente da Fiems acrescentou que a decisão dos governadores (PR, SC, MS e RS) do Codesul – Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul em criar a Ferrosul, a partir da Ferroeste, “é um projeto extremamente importante para o desenvolvimento do Mato Grosso do Sul e tem todo o nosso apoio”. Longen disse que o Mato Grosso do Sul quer mostrar aos técnicos do Ministério as dificuldades logísticas que o Estado encontra para escoar sua produção, por rodovia, até o Porto de Paranaguá.

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