Reunião em Florianópolis marca apoio dos trabalhadores na luta pela Ferrosul

“Este encontro com a Força Sindical foi o início da aproximação entre o movimento pela ferrovia pública e o movimento sindical”, diz Samuel Gomes
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04/03/2010 - 18:00
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Um encontro do presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, com representantes da Força Sindical do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, nesta quinta-feira (4), em Florianópolis, para discutir o projeto de criação da Ferrosul, no encontro interestadual da entidade, marcou a entrada do movimento dos trabalhadores na luta pela ferrovia pública. Reuniões com outros sindicatos e centrais estão marcadas. “O movimento pela Ferrosul necessita da participação organizada dos trabalhadores. Esta reunião com a Força Sindical é o início da aproximação entre o movimento pela ferrovia pública e o movimento sindical”, diz Samuel Gomes.
Para o presidente da Força Sindical em Santa Catarina e anfitrião encontro, Osvaldo Mafra, o projeto da ferrovia pública de integração da região Sul “é viável e oportuno”. A fronteira agrícola da região, segundo ele, precisa de uma malha ferroviária que atenda às necessidades da economia. “A Ferrosul terá um impacto fenomenal sobre a economia, com menor custo e geração de mais empregos”.
Sérgio Butka, presidente da central no Paraná, adiantou que as lideranças da entidade nos três Estados irão estudar quais as melhores “ações para participar mais ativamente da discussão sobre a ferrovia que é extremamente importante para a economia regional”. O fortalecimento das ferrovias e da economia, acrescenta Butka, “logicamente vai fortalecer a criação de novos empregos e principalmente melhorar o nível de renda dos trabalhadores”.
O dirigente gaúcho da Força Sindical, Cláudio Janta, acrescentou que depois das privatizações “o parque ferroviário do Rio Grande do Sul foi dizimado e o produtor rural e a indústria prejudicados com os gargalos logísticos no Estado”. Janta lamentou o crescimento do número de trabalhadores vítimas de um regime de trabalho preocupante na área de transporte. “Achamos o projeto público da Ferrosul – tanto para cargas quanto para passageiros – possível, necessário e urgente: é uma proposta muito bem-vinda que deve ser aplaudida.
Não é a iniciativa privada que deve regular a logística, em detrimento da sociedade, mas o Estado”, concluiu. A discussão sobre a Ferrosul aconteceu durante a interestadual da “Força Sul”, na tarde desta quinta-feira, no auditório do Intercity Premium, no centro de Florianópolis.
Para o diretor de Saúde da Força Sindical, Núncio Mannala, a entidade “é a primeira central a estar debatendo e fazendo parte desse projeto histórico. Entendemos que a ferrovia é de suma importância para a região Sul e para o país”, afirmou. Segundo ele, a Ferrosul contribuirá “para o enriquecimento econômico da região, barateando custos de transporte e aumentando as importações para o Porto de Paranaguá”.
De acordo com o diretor da Força Sindical e também coordenador de relações no trabalho da Secretaria de Estado do Emprego, Trabalho e Promoção Social do Paraná, a concretização do projeto deve refletir diretamente na geração de empregos no setor de transportes “podendo gerar na até 15 mil novos empregos na cadeia produtiva”.
Para o diretor da central sindical, o projeto também é importante para a América do Sul, “especialmente o Paraguai”. Segundo ele, a ferrovia vai refletir na melhoria da qualidade de vida de populações de países vizinhos e “contribuir para a integração sem precedentes com nossos irmãos da América Latina”.
EMPREGOS -“Em alguns anos, o Brasil terá uma população de 250 milhões de habitantes e necessitará 140 milhões de empregos dignos para os brasileiros se quisermos ter uma sociedade razoavelmente equilibrada e justa. Isso não se dará com o modelo econômico atual, em que a maior parte do território nacional está a serviço de produção de commodities minerais e agrícolas. É preciso industrializar o interior do território brasileiro e para isso necessitamos uma mudança radical na matriz de transportes atual, não apenas na sua distribuição entre os modais, hoje desequilibrada em favor do modal rodoviário, mas também na concepção da gestão das ferrovias, que desde 1997 são controladas com mão de ferro por monopólios privados que esfolam os produtores e encarecem artificialmente o frete, em prejuízo dos interesses nacionais”, diz Samuel Gomes, presidente da Ferroeste.
UNIDADE - “A transformação da Ferroeste em Ferrosul”, ressalta o presidente Samuel Gomes, “é uma necessidade percebida pelo conjunto da sociedade: governos, parlamentares, empresários, produtores e trabalhadores da região”. Além de atualizar os participantes sobre o andamento da constituição da nova empresa, Gomes lembrou aos representantes da Força Sindical que a decisão de criar a Ferrosul foi tomada pelo Codesul – Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (PR, SC, RS e MS) na reunião de Campo Grande (MS), no dia 18 de novembro de 2009. “O avanço para consolidar a Ferrosul só foi possível com a unidade política da região em torno do projeto”, disse Gomes.
A Ferroeste, segundo decisão dos governadores, passará a ser uma empresa de propriedade dos quatro Estados da Codesul (PR, SC, RS e MS), mudando sua denominação para Ferrosul. A gestão da empresa será realizada conjuntamente pelos quatro estados e terá como objetivo planejar, construir e operar ferrovias e sistemas logísticos no território dos quatro estados. Para isso, o governo do Paraná alterará a lei de criação da Ferroeste e os demais estados aprovarão leis autorizativas de sua participação na empresa.
Samuel Gomes complementou que a criação da Ferrosul visa impulsionar um conjunto de projetos ferroviários que já se encontra em andamento. Um deles é a ligação do Mato Grosso do Sul e do Paraguai ao Porto de Paranaguá, a ferrovia da integração que conectará o interior de Santa Catarina ao porto de Itajaí, a ferrovia litorânea catarinense e nova ligação com o Porto do Rio Grande. Gomes defende que todas essas linhas sejam construídas em bitola mista - larga e métrica – e articuladas entre si e também à ferrovia Norte-Sul.
“Os projetos de integração nacional do Brasil por ferrovia”, sublinha Gomes, “somente se completarão quando a ferrovia Norte-Sul se interligar com a Ferrosul, que, diferente dos monopólios privados herdados do governo FHC, terá gestão pública moderna, eficiente, lucrativa e aberta à participação privada”.
As diretrizes de traçado a partir dos projetos da Ferroeste e as de novas estradas de ferro que serão incorporados à Ferrosul permitirão integrar a ferrovia aos modais rodoviários, hidroviários e aeroportuários de vários Estados e também aos portos da região.