A retomada da técnica do plantio direto com qualidade no Paraná, já anunciada no início deste ano pela Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), conta agora com a adesão de novas instituições que representam os produtores, cooperativas e técnicos. Em reunião realizada esta semana na Seab, entidades como a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Sanepar e associações de engenheiros agrônomos e de técnicos agrícolas, se comprometeram em contribuir com a promoção da retomada do sistema de plantio direto com qualidade no Estado.
“Todo esse trabalho de retomada da técnica do plantio direto necessita de suporte técnico-científico”, explicou o engenheiro agrônomo Antonio Ricardo Lorenzon, do grupo de qualificação do sistema de plantio direto da Seab. Para isso, ficou decidido que o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) vai avaliar o sistema de plantio direto praticado em cerca de 100 propriedades paranaenses. O objetivo é avaliar cientificamente como está ocorrendo atualmente a pratica desse sistema no Estado e corrigir métodos que foram “esquecidos” do sistema original, implantado no Estado desde o início da década de 70.
A partir dessa avaliação, a instituição vai editar uma circulação técnica para orientação e manutenção do processo de formação continuada para técnicos da assistência técnica privada e oficial. A técnica do plantio direto é recomendada quando adotada em conjunto com outras técnicas, como a cobertura permanente do solo, rotação de culturas e a conservação dos solos com murunduns e terraceamento.
No início do ano, a Seab já contava com o apoio de parcerias importantes para implementar esse programa como a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, da Itaipu Binacional, da Embrapa/Soja em Londrina, Instituto Agronômico do Paraná, Instituto Emater de Extensão Rural e do Departamento de Desenvolvimento Agropecuário.
Abandono - A Seab constatou uma deterioração na prática do plantio direto do Estado e um certo abandono ao conjunto de práticas recomendas para conservação dos solos por parte do produtor. Com isso, aumentou o volume de sedimentos que vão em direção os rios paranaenses levando parte da fertilidade solo. Somente o rio Paraná, que forma o reservatório de Itaipu, recebe mais de seis milhões de toneladas se sedimentos por ano em nutrientes como adubos, fertilizantes, agrotóxicos, resíduos industriais e dejetos humanos, de animais e de indústrias, informou a Itaipu Binacional.
Diante da constatação de que os produtores abandonaram as práticas de conservar o solo, causando inclusive problemas ambientais, a Seab decidiu retomar esse programa, envolvendo entidades e comunidades, justificou Lorenzon. Outro problema encontrado é que os produtores que dizem que fazer o plantio direto, fazem apenas a semeadura direta, sem se preocupar com o terraceamento, uma das técnicas recomendadas pelo sistema de plantio direto com qualidade nem com a cobertura do solo com a palha e a rotação de culturas, explicou o técnico.
A preocupação é que todo o esforço com conservação de solos que foi feito na década de 80, quando se difundiu a técnica do plantio direto com rotação de culturas, práticas de terraceamento deixou de ser feita. “Hoje a gente vê a incidência de compactação do solo e dificuldade no controle de ervas daninhas, em função de sua resistência a aplicação de agrotóxicos”, disse o técnico. Outro problema encontrado é que esses agrotóxicos voltaram a contaminar os rios, situação que havia sido revertida há cerca de duas décadas.
Retomada do plantio direto no Paraná conta com adesão de produtores, cooperativas e técnicos
A falta de conservação de solo aumentou o volume de sedimentos que vão em direção os rios paranaenses levando parte da fertilidade solo
Publicação
23/07/2009 - 17:10
23/07/2009 - 17:10
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