Resíduos elevam em 69% emissão de gases do efeito estufa no Paraná

Inventário avaliou a emissão anual do gás metano no efeito estufa entre os anos de 1990 a 2005
Publicação
10/11/2010 - 12:00
Editoria

Confira o áudio desta notícia

O crescimento populacional e o consequente aumento na geração de resíduos, bem como a forma de tratamento e disposição dos resíduos está aumentando cada vez mais a emissão de gases de efeito estufa. Entre 1990 e 2005, foi constatado acréscimo de 69% no volume de gases emitidos pelos resíduos no Paraná. Os dados estão no primeiro “Inventário de Gases de Efeito Estufa/GEE de Resíduos do estado do Paraná” apresentado nesta quarta-feira (10), em Curitiba, pela coordenadoria de Mudanças Climáticas e Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema).
O inventário avaliou a emissão anual do gás metano no efeito estufa entre os anos de 1990 a 2005, considerando os setores de resíduos sólidos (lixo), esgoto doméstico, esgoto comercial e os efluentes industriais.
Em um intervalo de 15 anos os três setores emitiram 1.542,39 gigagramas (Gg) de gás metano (CH4), sendo que, em 1990, a emissão era de 93,55 Gg e em 2005 aumentou para 129,11 Gg.
O setor que mais emite metano no Paraná é o de resíduos sólidos com 61,7% do total. O esgoto doméstico e comercial é responsável por 28% das emissões e os efluentes industriais emitem 10,3% do total. Estes índices se devem à disposição final dos resíduos - em aterros sanitários - e aos processos de tratamento de esgotos domésticos serem, predominantemente, sistemas anaeróbios, ou seja, sem a presença de ar.
O QUE É – Os inventários traçam o perfil de emissão dos setores, territórios, empresas ou instituições, baseado nos quais se podem formular cenários futuros de emissão e identificar atividades com maior potencial de redução de emissão. É o primeiro passo para reduzir e controlar as emissões, bem como implementar ações para monitoramento do carbono.
“É muito importante saber da iniciativa do Paraná de estar preocupado com a mudança do clima e de saber que estão trabalhando no sentindo de entender suas emissões com um inventário bem feito e bem organizado, para poder pensar políticas públicas que sejam efetivas.”, informa o engenheiro Mauro Meirelles de Oliveira Santos, que é revisor dos Inventários de Emissões de Gases de Efeito-Estufa dos países Anexo I da Convenção-Quatro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC).
Ele esteve em Curitiba para a apresentação do inventário paranaense que integra o 2.o Inventário Nacional de Emissões de GEE. “O grande desafio do Brasil hoje é criar caminhos alternativos para não alterar tanto a atmosfera e, para isso, é necessário quantificar o volume de gases gerado pelos diversos setores da sociedade”, disse Meirelles que também integra a equipe responsável pelo Inventário Brasileiro de Gases de Efeito Estufa.
METODOLOGIA – A metodologia usada para calcular as emissões do setor de resíduos é mesma do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC). As informações coletadas para o cálculo das emissões foram quantitativas e qualitativas, com foco nas operações de aterros sanitários, tratamento de esgotos domésticos e efluentes industriais. A publicação apresenta ainda as metodologias de cálculo de sua evolução por subsetores no período estudado, além da indicação de ações que contribuiriam para melhorar a situação das emissões no setor.
De acordo como secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Jorge Augusto Callado Afonso, além de controlar a emissão de gases, o objetivo do inventário é criar políticas e medidas que visem combater a geração de efeitos futuros. “O inventário também surge como uma medida preventiva para os próximos anos, com a função de auxiliar no controle do lançamento de resíduos que causam o aquecimento global”, declara.
Entre os critérios avaliados na metodologia estão empregos de dados da população, geração de resíduos, qualidade de alocação dos locais de armazenamento de resíduos, tecnologia aplicada para o tratamento de resíduos e tudo que envolve a gestão de resíduos no local.
O apoio técnico para elaboração do inventário foi da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB. “A Cetesb poderia usar dados do IBGE ou outros estudos, mas os dados locais sempre terão melhor qualidade e serão mais precisos. Por isso, o trabalho do Paraná tem esta importância e o estudo de autoria do estado fará parte do inventário nacional”, afirmou o gerente da divisão de Questões Globais da Cetesb, João Wagner Silva Alves.
A coordenadora do Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas da Secretaria, Manyu Chang, diz que os estados devem mapear e monitorar as suas áreas de vulnerabilidade no clima para prever ações de mitigação. Segundo ele, o inventário paranaense é apenas uma das ações do Governo do Paraná. “Trabalhamos para capacitar os municípios paranaenses para que elaborem os seus inventários de emissão de gases e proponham ações locais. Além disso, a sensibilização e educação da sociedade também tem papel fundamental na elaboração da política estadual de mudanças climáticas”, disse. Ao todo, nove municípios do estado promovem ações na párea de mudanças climáticas, sendo que o projeto piloto foi implantado na Lapa.
O Inventário das Emissões foi feito pela Secretaria do Meio Ambiente e suas autarquias (IAP, Suderhsa e ITCG), em parceria com a Sanepar, Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Conresol) e Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR). A articulação institucional foi do Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas Globais e o apoio metodológico da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e da Rede Nacional de Inventários de Gases de Efeito Estufa de Resíduos.
Através do site http://www.forumclima.pr.gov.br/ é possível obter mais informações sobre o Fórum e sobre o tema Mudanças Climáticas.

Compare, na tabela no arquivo anexo, as taxas de emissão de gases do efeito estufa

GALERIA DE IMAGENS