Reservatórios do Sul voltam a encher com chuvas de dezembro

Foz do Areia, a maior usina da Copel, está perto de atingir 100% de preenchimento
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09/01/2004 - 00:00
Editoria
A abundância de chuvas nos últimos 60 dias sobre o Sul do país já conseguiu recolocar em patamares bastante satisfatórios os níveis de preenchimento dos reservatórios das usinas hidrelétricas da região. O fim da estiagem devolveu a tranqüilidade aos técnicos responsáveis pela operação do sistema interligado nacional. Na quarta-feira (07), o volume médio de armazenamento nas usinas dos três estados era de 90,28% – índice que andou abaixo de 30% durante o auge da estiagem, na segunda metade de outubro. No Rio Iguaçu, onde operam cinco grandes hidrelétricas que significam, no conjunto, 60% da capacidade de geração hidráulica da região, a média atual de acumulação é de 94%. No fim de outubro, os patamares eram inferiores a 15%. Caso bastante ilustrativo da rápida recuperação dos reservatórios é o da Usina governador Bento Munhoz da Rocha Neto (Foz do Areia), a maior das cinco centrais do Iguaçu e também a principal unidade de geração da Copel. No dia 24 de outubro, seu lago atingiu a cota de 708,40 metros em relação ao nível do mar, o mais baixo desde que foi formado, em 1980. Quando o reservatório está cheio, o espelho d’água chega à cota de 742 metros. A estiagem provocou uma queda de 33,60 metros nos níveis de acumulação – uma coluna d’água com altura equivalente à de um edifício de 11 andares. Na quarta-feira, faltavam apenas 65 centímetros para que a cota máxima de operação fosse alcançada. Risco superado – A ausência de chuva e o conseqüente esvaziamento dos reservatórios em razão de sete meses consecutivos de baixas vazões (de abril a outubro) causaram bastante apreensão na época, motivando as empresas elétricas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul a sugerir, em setembro, providências do ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico com vistas a garantir o abastecimento do mercado consumidor. Entre as medidas que foram adotadas – e que se revelaram extremamente eficazes não só para atender ao consumo mas, também, para apressar a recomposição dos estoques de água – estavam a maximização dos recebimentos de energia produzida pelo sistema elétrico do Sudeste brasileiro e a plena utilização da capacidade de geração em usinas térmicas no Sul (a região dispõe de 2,2 mil megawatts de potência instalada em usinas a carvão mineral). “Em dezembro, as vazões médias do Rio Iguaçu foram elevadas a quase o dobro das medições observadas nos últimos 70 anos, superamos o ambiente de risco à normalidade do abastecimento”, afirma o presidente da Copel, Paulo Pimentel. “A recuperação dos nossos reservatórios veio num momento muito importante, pois agora é o sistema elétrico do Nordeste que está precisando de socorro”, diz. Com efeito, a situação naquela região é crítica e levou o ONS a autorizar o acionamento de usinas térmicas emergenciais, aquelas cujo aluguel motivou a instituição e a cobrança do chamado seguro-apagão, cujo propósito é custear uma reserva de potência com a finalidade de evitar cortes e racionamento.