Requião ressalta importância de visão alternativa sobre crise


Governador abriu seminário com balanço da crise do capitalismo financeiro e dos dois debates sobre o assunto realizados pelo Governo do Paraná
Publicação
05/06/2009 - 15:30
Editoria
O governador Roberto Requião abriu nesta sexta-feira (5) o seminário “Crise – Desafios e Estratégias” com um balanço da crise do capitalismo financeiro e dos dois debates sobre o assunto realizados pelo Governo do Paraná desde dezembro de 2008. “Esta é a terceira fase dos seminários de acompanhamento da crise que realizamos, sob a perspectiva de criar uma alternativa aos debates oficiais, em que teóricos do neoliberalismo deitam falação para tentar consertar o estrago que eles mesmos causaram”, disse, no Canal da Música, em Curitiba. “Já na primeira edição do seminário, dizíamos não querer uma solução lampedusiana, aquele em que muda-se alguma coisa para se deixar tudo como está”, disse o governador a uma plateia de 250 pessoas. Participam do evento os economistas Carlos Lessa, Reinaldo Gonçalves e César Benjamin, e o presidente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Joanir Zonta. “Nos seminários anteriores, ouvimos a proposta de reduzir os juros, ainda muito altos no Brasil – no Japão, hoje a taxa de juros é zero. Ouvimos que é preciso fomentar o financiamento à economia, aumentar a geração de empregos e de salários, com investimentos. O Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) sinaliza isso, mas ainda é uma medida modesta”, afirmou Requião. “Aprendemos que é preciso desvincular nosso comércio das moedas fortes, do dólar, da libra, do euro, e criar a moeda sul-americana. O governo federal já sinalizou nesse sentido, criando moeda gráfica com a Argentina”, disse. “A grande imprensa já não fala mais na crise. Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que País vive recessão técnica, pois nossa economia registrou decréscimo da produção por três meses consecutivos”, alertou o governador. “A crise atual nasce em Bretton Woods, na conferência pós-Segunda Guerra, que tornou o dólar a moeda padrão da economia mundial. Em seguida, extinguiu-se a vinculação dólar-ouro, ao mesmo tempo em que os EUA se apropriaram do conhecimento científico e tecnológico mundial, consolidado em patentes, fazendo com que suas empresas crescessem de forma extraordinária”, lembrou Requião. “Com isso, o dólar sem lastro passou a comprar empresas, bancos e investimentos em todo o mundo. Os EUA acumulam capitais fantásticos, mas sem aumentar igualmente os salários dos seus trabalhadores. Assim, criaram-se empecilhos ao funcionamento da economia – sem consumo, a produção não avança. Assim, surgem os empréstimos aos trabalhadores, que dão origem ao subprime, com juros altos e prazos longos”, explicou. “E a economia seguiu a girar, até que trabalhador viu que não teria mais como pagar os empréstimos que tomou. Essa inadimplência provocou o desabamento de um castelo de cartas. Se pudéssemos calcular hoje o que circula em dólares sem lastros e em títulos derivativos no mundo, veríamos 30 ou 40 vezes mais dinheiro que o PIB de todo o planeta”, disse o governador.

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