Requião reafirma compromisso pelos mais pobres em discurso na Assembleia

Governador abriu os trabalhos legislativos em 2010 com um discurso em que apresenta um resumo de seus sete anos de governo
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02/02/2010 - 18:10
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O governador Roberto Requião abriu nesta terça-feira (2) os trabalhos da Assembleia Legislativa em 2010 com um discurso em que apresenta um resumo de seus sete anos de governo e reforça o compromisso de governar pelos mais pobres. “Resolvemos tudo? Claro que não. Mas avançamos. Na verdade, progredimos bem além do que considerávamos possível, diante de uma realidade tão dura”, disse. “A política que combina redução da pobreza, criação de empregos e aumento da produção, que entende desenvolvimento como sinônimo de distribuição de rendas e de oportunidades, de diminuição das desigualdades, não pode acabar”, lembrou o governador em seu pronunciamento a deputados estaduais e autoridades dos poderes Executivo e Judiciário. Requião apresentou números sobre a geração de empregos e a redução da pobreza no Paraná. “De 1995 a 2002, nos oito anos do governo que nos antecedeu, foram criados no Paraná somente 37.882 empregos com carteira assinada. Pois bem, apenas no ano passado, um ano de crise intensa, de contração das atividades econômicas em todo os setores, o Paraná criou mais empregos com carteira assinada que naqueles oito anos”, explicou. “Como revela um estudo da Fundação Getúlio Vargas, o Paraná foi o estado brasileiro que mais reduziu os níveis de pobreza. Aquela mancha sombria no mapa do Paraná, cobrindo a região central do Estado, revelando quase uma centena de municípios com Índice de Desenvolvimento Humano abaixo da média nacional, sofreu um recuo extraordinário. Poucas coisas orgulham-me tanto, quanto ter contribuído para fazer a pobreza retroceder no Centro Expandido”, argumentou o governador. No pronunciamento, que teve cerca de uma hora de duração, Requião também tratou de educação, saúde, segurança pública, agricultura familiar, políticas de desenvolvimento, resgate do patrimônio público, cultura e da economia em meio à crise global. Leia os principais trechos do discurso do governador. O compromisso “Na campanha de 2002, fizemos uma proposta de Governo muito clara, sem espaços a interpretações ou dúvidas: o pacto da opção preferencial pelos mais pobres, pelos trabalhadores, pelos pequenos, pelos que são a maioria dos paranaenses. E assim foi feito. Embora o espaço de sete anos seja um breve tempo para corrigir distorções de há tanto acumuladas, avançamos. Resolvemos tudo? Claro que não. Mas avançamos. Na verdade, progredimos bem além do que considerávamos possível, diante de uma realidade tão dura, como a que se via a partir das janelas do Palácio Iguaçu, no dia lº de janeiro de 2003. “Estamos no caminho certo. Os avanços todos, a política que combina redução da pobreza, criação de empregos e aumento da produção, que entende desenvolvimento como sinônimo de distribuição de rendas e de oportunidades, de diminuição das desigualdades, não pode acabar. “Jamais retroceder. Todos os sacrifícios, todos os investimentos desses últimos anos não podem ser pulverizados por aqueles que já deram provas suficientes de que, fundamentalmente, não gostam dos pobres.” O resgate do Estado e do patrimônio público “Passado o tropel neoliberal, temos o Estado destruído, desmontado, e não apenas diminuído. As ações do Estado não foram tolhidas somente na área econômica. Ele resignou, abandonou a primazia das políticas públicas. Todos aqueles pressupostos que remetiam à formação do Estado, tão longinquamente, foram estilhaçados. “O Estado distancia-se de responsabilidades na educação, saúde, saneamento, infra-estrutura, habitação, segurança, proteção à infância, à juventude, aos idosos, aos desvalidos. Assim, tínhamos no Paraná a entrega da empresa de saneamento ao sócio privado e minoritário, que não perde tempo em definir a busca do lucro como meta máxima. Contêm-se os investimentos considerados de baixo retorno financeiro, castigando-se os pequenos municípios, a área rural e os bairros pobres das grandes e médias cidades. Extingue-se a tarifa social da água. “Em conseqüência, recrudescem-se as doenças infecto-contagiosas. E, suprema vergonha, reaparece a cólera. Talvez nada mais simbólico dessa “modernidade”, desses “tempos venturosos” que o ressurgimento de uma doença medieval. (Desde 2003), “O Paraná recuperou a sua capacidade de planejar, de pensar, de formular, de executar. Recompomos os quadros próprios, voltamos a fazer concursos públicos, estabelecemos uma política de recuperação salarial e de promoção dos funcionários. “Recompusemos as finanças, cortamos os desperdícios, cancelamos contratos lesivos ao interesse público, como os incríveis e milionários contratos de informática, disciplinamos as concorrências, estabelecemos o registro de preços, acabamos com a farra das terceirizações, das locações. “Informatizamos o Estado. Processos e serviços são agora mais rápidos e acessíveis, como a confecção de documentos, guias para pagamentos, marcação de consultas, e até mesmo vaga de emprego pelo celular. “A informática e a internet são ainda instrumentos para se impor a absoluta, total transparência da administração, com o Portal do Dinheiro Público, o Pregão Eletrônico, os salários dos servidores. Nada se esconde, tudo se revela. “As nossas estatais, como a Copel e a Sanepar, foram transformadas em empresas sólidas, eficientes. Não bastava impedir que fossem privatizadas, era preciso fazer delas empresas modelos para as próprias empresas privadas. E elas o são.” Geração de empregos “De 1995 a 2002, nos oito anos do governo que nos antecedeu, foram criados no Paraná somente 37.882 empregos com carteira assinada. Pois bem, apenas no ano passado, um ano de crise intensa, de contração das atividades econômicas em todo os setores, o Paraná criou mais empregos com carteira assinada que naqueles oito anos. “E nos sete anos de nossa administração foram criados 17 vezes mais empregos formais que nos tempos do deslumbramento com as montadoras. O Paraná consolidou-se como líder na geração de empregos formais, com carteira assinada. São mais de 646 mil e 138 novas vagas abertas. “Afinal o que é o emprego se não o passaporte para a cidadania, para a vida, para o pleno desfrute da condição humana? O que é o homem sem emprego, sem salário? A que ele se reduz? “Um pequeno intervalo para uma recordação, afinal, dizem, recordar é viver. Relembro-me de uma propaganda do Governo anterior, aquela propaganda repetida à exaustão, que dizia que as montadoras iriam criar 480 mil empregos no Paraná. Como foi possível que uma trapaça tão rasgada tenha ido ao ar?” A opção pelo desenvolvimento (No governo neoliberal de 1995 a 2002), “Suspende-se a política de isenção ou diminuição de imposto para as micros e pequenas empresas, enquanto se premiam prodigamente os investimentos multinacionais, notadamente as montadoras de automóveis, o que levou um dos papas da globalização, Lester Turow, a indignar-se com tamanha desfaçatez. “Segundo ele, qualquer primeiroanista de economia, vendo o mapa do mundo, perceberia que o caminho da sobrevivência das montadoras era o Sul do planeta, e que aqui elas se instalariam, sem que fosse necessário tirar o pão da boca dos mais pobres para atraí-las. Ou alguém acha que os tantos bilhões que as montadoras receberam de benefícios não fizeram, não fazem falta aos paranaenses? (Em nosso governo), “O que houve foi a criação de um ambiente propício à produção e ao trabalho. Zeramos o imposto das micros empresas e reduzimos fortemente o imposto das pequenas. Hoje, 78 por cento das empresas paranaenses estão neste programa, e elas respondem por 83 por cento dos empregos em nosso Estado.” A redução da pobreza “Como revela um estudo da Fundação Getúlio Vargas, o Paraná foi o estado brasileiro que mais reduziu os níveis de pobreza. Segundo a Fundação, com base na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, a PNAD, em 2003, no primeiro ano de nosso período de Governo, havia aqui 1 milhão e seiscentas mil pessoas vivendo abaixo do nível de pobreza. Em 2008, esse número havia caído pela metade, mesmo com o acréscimo de mais um milhão de pessoas no total de habitantes. “A redução da pobreza deu-se em todas as regiões do Estado. No interior, ela recuou de l6,8 por cento para 8,46 por cento. Em Curitiba, caiu de 10,5 para 3,92 por cento. Na Região Metropolitana, caiu de l8,7 por cento para 9,09 por cento. “Segundo ainda o IBGE, o rendimento médio dos paranaenses saltou de 321 reais, em l998, para 810 reais, em 2008. Descontada a inflação do período, um aumento real de 57 por cento. “Em uma entrevista à Gazeta do Povo, o economista Marcelo Néri, coordenador do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, declarou que o Paraná “está 25 anos na frente do Brasil na redução da pobreza”. “Por que? Porque saímos do mero assistencialismo para ações consistentes de promoção humana, de formação. E combinamos essas iniciativas com a criação de empregos, com uma política fiscal que estimula a produção, com o apoio à agricultura, especialmente à pequena propriedade rural, com fortes investimentos em saúde e educação. “O Índice Ipardes de Desempenho Municipal, levando em conta os mesmos indicadores, também constata uma melhora sensível das condições de vida no chamado Centro Expandido, região paranaense menos desenvolvida, de menor IDH. Pela primeira vez em décadas, vêem-se aí avanços na escolaridade, na nutrição, na diminuição da mortalidade materno-infantil, no emprego e na renda. “Aquela mancha sombria no mapa do Paraná, cobrindo a região central do Estado, revelando quase uma centena de municípios com Índice de Desenvolvimento Humano abaixo da média nacional, sofreu um recuo extraordinário. Poucas coisas orgulham-me tanto, quanto ter contribuído para fazer a pobreza retroceder no Centro Expandido.” A revitalização da agricultura familiar “Em 2008, pela primeira vez em décadas, o Paraná deixou de perder pequenas propriedades e viu aumentar o número delas. Sob o modo de governar neoliberal, assim como os pobres, também a pequena propriedade rural era invisível, ainda que delas viesse quase tudo o que se põe à nossa mesa, diariamente. “Invertemos a equação. A prioridade passou a ser a agricultura familiar. Afinal, das 374 mil propriedades rurais no Paraná, 340 mil são pequenas propriedades, abrigando mais de um milhão de pessoas. “Com assistência técnica, crédito, mecanização, custeio de safras, sementes, obras de infra-estrutura, boas estradas e mercado para os seus produtos, a pequena agricultura paranaense vive um magnífico período de desenvolvimento.” Educação “Acredito que o Paraná seja o único estado brasileiro que destine 30 por cento de seu orçamento à educação. Todas as duas mil escolas da rede pública têm laboratórios de informática e estão conectadas à internet. As 22 mil salas de aulas estão equipadas com televisão multimídia, possibilitando avanços incríveis na transmissão de conteúdo. “Para que nenhuma criança ficasse fora da sala de aula, construímos 58 novas escolas, reformamos e ampliamos milhares de salas de aulas, abrindo l50 mil novas vagas. Criamos o Livro Didático Público e já distribuímos, gratuitamente, mais de oito milhões de volumes. “Através de concursos públicos, dobramos o quadro próprio do magistério. Instituímos o Plano de Cargos e Salários e, desde 2003, demos aumentos salariais diferenciados para os professores. “Retomamos o ensino profissionalizante. São quase 80 mil alunos matriculados em 40 cursos técnicos. Reativamos 12 Colégios Agrícolas e criamos outros sete. Recuperamos as Casas Familiares Rurais. São mais de cinco mil jovens filhos de agricultores aprendendo lidar com a terra, absorvendo novas tecnologias. “Esse conjunto de investimentos e iniciativas faz da escola pública paranaense uma das melhores do país. A qualidade do ensino é comprovada pelas notas que os nossos alunos obtém no Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, e no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb. No Enem estamos entre os cinco primeiros lugares do Brasil. No Ideb, obtivemos o melhor índice do país nas séries iniciais do ensino fundamental. “Registre-se ainda que mais de 60 por cento dos aprovados nos exames vestibulares da Universidade Federal do Paraná e nas universidades estaduais são originários da escola pública.” Ciência e Tecnologia “O Paraná é hoje o estado que mais investe no ensino público superior. São seis universidades, sete faculdades, 85 mil alunos, mais de sete mil professores e nove mil técnicos. O Universidade sem Fronteiras é o maior programa de extensão universitária do país. Reunindo milhares de bolsistas, alunos, profissionais recém-formados, professores e técnicos, desenvolve projetos nas áreas da agricultura familiar, tecnologia, pecuária leiteira, agroecologia. O programa está presente em 280 municípios paranaenses, com atenção especial aos municípios de menor IDH.” Saúde e saneamento básico “No primeiro discurso nesta Assembléia, em 2003, dizia que o melhor hospital à época era a ambulância que transportava os doentes para serem atendidos na capital. Hoje, a regionalização do atendimento à saúde é realidade. São 44 hospitais, reformados, ampliados ou construídos Em todo o Paraná. “Um bom exemplo do sucesso da regionalização da saúde está aqui: desde o início da “Operação Verão”, dos 40 mil atendimentos que o Hospital Regional do Litoral deu, somente 50 pacientes foram encaminhados para outros hospitais, assim mesmo por opção deles, por causa de seus planos de saúde. Para oferecer às mães e aos seus filhos o cuidado que precisam, estamos instalando em todo o Paraná 347 Centros de Saúde da Mulher e da Criança. “Nunca se investiu tanto em saneamento básico no Paraná como nesses últimos sete anos. São mais de 3 bilhões e 400 milhões de reais, em mil obras de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos. Mais 300 obras estão em andamento, em processo de licitação ou recebendo ordem de serviço. São mais 1 bilhão e 360 milhões de reais. Assim, o Paraná deve se posicionar como o estado brasileiro com os melhores índices de tratamento de água e de esgoto.” Infraestrutura “Na Copel, saímos de um rombo de 320 milhões, em 2002, para um fantástico lucro de mais de 1 bilhão, em 2009. E, desde 2003, a empresa já investiu mais de 4 bilhões e 500 milhões de reais em novas usinas, linhas de transmissão, subestações, fibras óticas, modernização de equipamentos. “Com investimentos de 1 bilhão e 500 milhões de reais, recuperamos, pavimentamos e duplicamos mais de oito mil quilômetros de estradas. Sem pedágio. Estamos destinando agora mais 335 milhões de reais para obras de conservação dessas estradas. Para facilitar o escoamento da produção, o tráfego de veículos e dos ônibus escolares, criamos as Patrulhas Rodoviárias, que já recuperaram milhares de quilômetros de estradas municipais. “O Porto de Paranaguá é hoje o maior porto de granéis sólidos da América Latina. O segundo maior porto multicargas do Brasil, também o segundo na movimentação de contêineres e veículos. E o primeiro na exportação de congelados. No ano que passou, a participação do porto no saldo da balança comercial brasileira pulou de 17,3 por cento para 24,9 por cento, o melhor desempenho entre os principais portos do país. A receita cambial, a receita com as exportações, chegou a 12 bilhões e 500 milhões de dólares, o dobro da receita apurada no último ano do governo que me antecedeu. “Nunca se investiu tanto em obras e ações de melhoria da vida nas cidades como agora. São perto de três bilhões de reais e cinco mil e seiscentas obras como creches, escolas, hospitais, ginásios de esportes, terminais rodoviários e urbanos, parques, praças, postos de saúde, quadras cobertas, recuperação de ruas, viadutos, passarelas, barracões industriais. Além de quinhentas ações como a elaboração de planos diretores para os municípios paranaenses. Na área da Secretaria de Obras são outras seis mil obras, sendo cinco mil e quinhentas já entregues e setecentas em andamento. “Em Curitiba e Região Metropolitana, para garantir rapidez e segurança aos usuários do transporte coletivo, estamos ampliando e prolongando ruas, duplicando rodovias e avenidas, construindo viadutos, trincheiras, terminais de ônibus. É a maior intervenção que se fez até hoje na região para melhorar o transporte público e a circulação viária.” Segurança pública “Fizemos um um trabalho duro de reorganização, reequipamento e revalorização das polícias Civil e Militar. Investimos em novas tecnologias e em inteligência, como o geoprocessamento do crime, renovamos a frota, compramos armas mais modernas, contratamos mais policiais, melhoramos os salários. “Criamos a Patrulha Escolar, o Projeto Povo, a Patrulha Rural, a Força Samurai, para combater o tráfico de drogas, a Força Alfa, para garantir a segurança em nossas fronteiras. O número de cidades atendidas pelo Corpo de Bombeiros triplicou, com a criação do Bombeiro Comunitário.” Cultura “De um lado, as Bibliotecas Cidadãs distribuindo livros e acesso à internet a 300 municípios. A distribuição de livros, às mancheias, é a certeza de uma sociedade mais sábia, livre, mais desenvolvida. De outro lado, o Museu Oscar Niemeyer, que fechou o ano passado com mais de um milhão de visitantes. Hoje, o MON é uma referência em museu, tanto no país como no exterior. Ele não apenas rompeu com a dualidade Rio-São Paulo como se incluiu no roteiro internacional das grandes exposições.” A crise e o futuro da economia global “Ao contrário de muita gente que solta rojões comemorando o fim da crise, não sou tão otimista. Afinal, as raízes da crise não foram removidas. Em um primeiro momento, sob o impacto da quebradeira mundial, falou-se em por freios no capital financeiro, esse capital vadio que percorre a terra à busca de ganhos fáceis e instantâneos. Mas, logo a seguir, vimos desapertarem o cerco sobre os especuladores, sobre a banca. “Pior ainda. Agora em Davos, no Fórum Econômico Mundial, representantes da jogatina financeira alertaram, com indisfarçável tom de ameaça, os governantes para que deixem de lado a regulação do mercado. Segundo eles, as sanções vão dificultar a saída da recessão. Essa parece ser a posição vencedora. Nada de controle e, caso haja, que seja frouxa. “Como então ser otimista se a especulação vai continuar sobrepondo à produção? Como ser otimista se o Banco Central do Brasil, o Brasil por conseqüência, insiste em manter a nossa economia atrelada à especulação?”

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