Estatização do crédito, aumento dos salários e manutenção dos empregos, investimentos públicos maciços em infraestrutura, controle do câmbio e uma moeda própria para as trocas comerciais entre os países do Mercosul. Essas propostas para o enfrentamento da crise, que vêm sendo apresentadas pelo governador Roberto Requião e foram extraídas do seminário “Crise – rumos e verdades”, ocorrido em dezembro, em Curitiba, poderão ser aprofundadas no seminário “Crise – desafios e soluções na América do Sul”. Foi o que sugeriu o próprio governador, que fez a abertura do evento, na tarde desta quarta-feira (25).
O seminário está sendo realizado no Espaço das Américas, no encontro das águas dos rios Iguaçu e Paraná, exatamente nas fronteiras entre Brasil, Argentina e Paraguai. “Não sairemos dessa crise agindo de forma isolada. [A crise] tem que ser superada de forma conjunta entre os países do Cone Sul da América, a partir da integração. A desvinculação da América do Sul em relação ao dólar é uma dessas propostas que poderão ser discutidas neste seminário de Foz”, disse Requião.
O governador avalia que esse rompimento da dependência do dólar já foi iniciado por Brasil e Argentina, que recentemente firmaram acordo que permite que o comércio entre os dois países possa ser feito em real (moeda brasileira) ou em peso (argentina). Também no que se refere à valorização dos salários e aos investimentos em infraestrutura há medidas que sinalizam a tomada desse rumo, conforme citou Requião. O mesmo não está ocorrendo, porém, com a necessidade de ampliação da oferta de crédito e de estabilização do câmbio.
“A primeira proposta extraída do seminário de Curitiba é que não se aceite a redução dos salários. A valorização dos salários precisa ser uma política definitiva, e o presidente Lula foi no caminho certo nessa questão, ao recuperar o salário mínimo”, assinalou o governador.
CRÉDITO - A segunda proposta, enumerou Requião, é a estatização do crédito. Os recursos do compulsório dos bancos (quantias diárias que o Banco Central obriga que as instituições mantenham depositadas) foram flexibilizados, no entanto foram revertidos em aplicações em letras do tesouro, e não lançados no mercado para serem emprestados a pessoas físicas e empresas, como era o objetivo inicial. Para que isso ocorra, o governador defende que esse dinheiro seja apropriado pelos bancos públicos, que ficariam responsáveis pela oferta de crédito.
Fixar limites de variação do câmbio é a terceira proposta para o enfrentamento da crise, continuou Requião. “Não se trata de uma fixação estática do câmbio, mas apenas que ele seja flexibilizado, dentro de faixas, para que o empresariado de setores que dependem de insumos com preços em dólar possam se planejar.”
PAC - Quanto aos investimentos em infraestrutura, Requião lembrou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, tem feito com que o Estado fomente o desenvolvimento do país. “Neste momento precisamos de investimentos públicos maciços, para compensar a falta de investimentos da iniciativa privada, amedrontada com a crise. O presidente Lula está no caminho certo com o PAC e com o anúncio da construção de 1 milhão de casas populares em todo o Brasil. Isso mobiliza a construção civil, que depois da panificação é o setor que mais gera empregos”, assinalou.
Para o governador, entretanto, embora acertadas, as medidas do governo federal estão sendo tomadas de forma gradual, homeopática. “Precisamos de medidas duras. O governo brasileiro está tomando medidas certas, mas tratando uma pneumonia com aspirina, como se fosse um simples resfriado”, comparou.
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Em coletiva, Requião reitera importância da integração
Em entrevista coletiva depois da solenidade de abertura do seminário, o governador Roberto Requião reiterou a necessidade de se aprofundar a integração para que os países sul-americanos escapem de efeitos mais drásticos da crise.
Requião falou também que a participação da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, será uma boa oportunidade para que se conheça com mais profundidade as medidas tomadas e as planejadas pelo governo brasileiro.
Dilma faz conferência no seminário nesta quinta-feira (26), às 16 horas. “Nós já enviamos à ministra material com todas as palestras do seminário de Curitiba. Ela poderá nos expor o que o governo federal vem fazendo.”
Requião propõem aprofundar debate sobre as ideias para enfrentar crise
Estatização do crédito, valorização dos salários e manutenção dos empregos, investimentos públicos maciços em infraestrutura, controle do câmbio e uma moeda própria para as trocas comerciais entre os países do Mercosul. Essas são s propostas de Requião para o enfrentamento da crise
Publicação
25/03/2009 - 18:57
25/03/2009 - 18:57
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