O governador Roberto Requião vai assinar nesta terça-feira (27) um documento a ser encaminhado ao Conselho de Administração da Copel propondo a criação de uma diretoria de Meio Ambiente na empresa. A iniciativa, inédita no setor elétrico brasileiro, vai ser apreciada pelo colegiado em reunião convocada para o próximo dia 10 de fevereiro e, em seguida, submetida à avaliação da Assembléia de Acionistas, que vai deliberar sobre a proposta, pois envolve alteração na constituição da diretoria Executiva da Companhia.
Essa medida colocará a Copel em posição de vanguarda na sua área de atuação, promovendo as questões ambientais a assunto de primeiro escalão. “Trata-se de importante avanço não só para a Copel, que busca ser uma empresa sustentável, mas para o Estado”, argumenta João Bonifácio Cabral Júnior, presidente do Conselho de Administração da estatal. Foi dele a sugestão de criação da nova diretoria. “A idéia foi imediatamente acolhida e aceita com enorme entusiasmo pelo governador”, diz.
Cabral entende que as atividades relacionadas à produção, transporte e distribuição de eletricidade “geram inevitáveis impactos ambientais”, mas que a iniciativa de delegar o status de diretoria ao tema na maior empresa do Paraná “é uma demonstração de coerência” do governador. “Requião sempre defendeu que, embora fosse essencial assegurar ao Estado todas as condições necessárias ao seu desenvolvimento, disso não poderia resultar o comprometimento ou degradação dos recursos naturais nem a deterioração da qualidade de vida da população, seja agora ou no futuro”, afirma. “A criação da diretoria de Meio Ambiente da Copel é um passo decisivo nesse sentido”.
Historicamente, as questões ambientais sempre foram encaradas como um desafio ou mesmo um obstáculo pelos agentes do setor elétrico, na opinião do presidente do Conselho de Administração da Copel. No entanto, o enfoque hoje é outro: “A sociedade está cada vez mais atenta e crítica à atuação das empresas, exigindo delas ações e projetos que sejam sustentáveis não só em relação à natureza, mas principalmente com o elemento humano, o principal componente do meio ambiente.”
“Ao cobrar mais responsabilidade das empresas, a sociedade espera que em vez de competir com o meio ambiente ou dar-lhe um tratamento suficiente apenas ao cumprimento de exigências legais, elas procurem formas de interagir com todos os elementos envolvidos, antecipando-se aos impactos que possam provocar e dando-lhes a devida solução”, diz Cabral. Dentro dessa visão, a criação de uma diretoria de Meio Ambiente na Copel “será um salto importantíssimo para o futuro da empresa, consolidando seus compromissos com a sustentabilidade e encaminhando o aperfeiçoamento de suas práticas”.
Na visão do presidente da Copel, Rubens Ghilardi, a constituição de uma diretoria voltada especificamente às questões ambientais dotará a empresa de uma estrutura institucionalmente forte e tecnicamente capaz de atender a uma área de grande relevância. “Os rigores da legislação ambiental e os reflexos de cada obra ou empreendimento sobre as comunidades e o meio em que a Copel está inserida merecem atenção especial. A criação de uma diretoria de Meio Ambiente nos permitirá agir com mais conhecimento e agilidade em favor da sustentabilidade”, afirma.
Ao longo de seus 54 anos de existência, a Copel sempre se esmerou nos cuidados com o meio ambiente, empenhando-se em estabelecer com a natureza e com a sociedade uma relação de parceria. “Sabemos que nossa atividade depende da manutenção do equilíbrio ambiental”, reconhece Ghilardi. “Por essa razão, adotamos como princípio procurar fazer com que nossas ações sejam sempre mais que projetos de engenharia civil ou elétrica, mas, fundamentalmente, de engenharia social e ambiental”, afirma. Para ele, o grande papel da diretoria de Meio Ambiente será assegurar que esse princípio seja obedecido e observado sempre.
Do histórico de iniciativas ambientais da Companhia, o presidente Ghilardi lembra de algumas que destacaram a empresa dentro e fora do Brasil. “O primeiro Relatório de Impactos Ambientais no País para uma usina hidrelétrica foi feito em 1987 pela Copel, para a Usina de Segredo”, conta o presidente. “Esse trabalho nos rendeu a experiência necessária para fazer da Usina de Salto Caxias, construída dez anos mais tarde, uma obra que é referência internacional em razão dos programas sociais e ambientais desenvolvidos na região de influência”, completa.
O presidente da Copel destaca os cuidados que envolveram a construção das usinas de Santa Clara e Fundão, ambas no rio Jordão, região central do Paraná, inauguradas em 2005 e 2006, que foram qualificados como “exemplares” pelo Instituto Ambiental do Paraná. “Nosso respeito à natureza foi oficialmente reconhecido pela ONU, que autorizou a Elejor – empresa controlada pela Copel que construiu e opera as hidrelétricas – a emitir e comercializar certificados de crédito de carbono”, informa Rubens Ghilardi. “São títulos valiosos no mercado e que só podem ser emitidos por empreendimentos ecologicamente corretos e comprovadamente sustentáveis”. As usinas de Santa Clara e Fundão foram as primeiras no Brasil a conseguir autorização da ONU para comercializar os certificados.
Outras passagens marcantes da atuação da Copel em favor do equilíbrio ambiental foram o trabalho de pesquisa para a reprodução em laboratório do surubim do Iguaçu, espécie típica da maior porte do rio Iguaçu e que estava sob ameaça de extinção, e as adaptações feitas no projeto original de construção de uma linha de transmissão – que incluíram desvio de traçado e adoção de torres de sustentação mais elevadas – para preservar uma área remanescente de Mata Atlântica nas cercanias do município de Castro, onde vivia um grupo de monos-carvoeiros, espécie também sob risco de desaparecimento.